sábado, 31 de outubro de 2009

O Talentoso Mr. Ripley


"O Talentoso Mr. Ripley", é o livro que dá início à Riplíada, como lhe chama a autora, e, apesar das suas poucas 200 páginas, demorei o que me pareceu uma pequena eternidade a lê-lo, não porque não tenha gostado, mas porque não tive tempo.

O livro contra a história de Tom Ripley, um jovem que ganha a vida com pequenos actos de vigarice, e que é contactado pelo Sr. Greenleaf, um respeitável milionário, cujo filho, Dickie Greenleaf, fugiu às suas responsabilidades para com a empresa da família, e foi viver para Itália, onde persegue o sonho de ser pintor.

O Sr. Greenleaf pede a Tom, que era amigo de Dickie, para ir ter com ele a Itália, e o convencer a voltar. Tom vê neste pedido uma oportunidade para viver à grande e à francesa, e aceita, planeando nunca convencer Dickie a voltar.

Com o passar do tempo, Dickie e Tom tornam-se grandes amigos, e Tom está a conseguir cumprir o seu objectivo. Está a viver à custa dos Greenleaf, sem fazer absolutamente nada de especial. Tudo corre na perfeição.

Até que surgem problemas, na consequência dos quais, Tom acaba por matar Dickie, num acto impulsivo. A partir desse dia, faz-se passar por Dickie, como forma de encobrir o seu crime, e também para poder usar o seu dinheiro e estatuto. Como se torna evidente ao longo de todo o livro, o fim não é o fim habitual de um criminoso.

Achei simplesmente magistral a forma como a autora, Patricia Highsmith, combina a mente do criminoso semi-acidental, semi-destinado, que é Tom Ripley, com tudo aquilo que se passa à sua volta. Os medos de Tom, quer o de ser descoberto, como o simples medo de não aguentar manter a farsa por muito tempo. A autora tem um tipo de escrita que varia entre uma certa leveza na história, e uma forte componente psicológica, o que parece uma estranha mistura, que está muito bem conseguida neste livro!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Morte no Nilo


Este foi o livro usado para a 5ª leitura conjunta do fórum Estante de Livros, na qual participei, e devo dizer que adorei a experiência!

Quanto ao livro, é aquilo a que a rainha do suspense já nos habituou, se bem que com um importante pormenor muito diferente daquilo que é normal: o primeiro crime dá-se praticamente a meio do livro, e temos, até lá, uma forte importância dada à história das personagens e aos relacionamentos entre elas.

Poirot, como não podia deixar de ser, está presente, e é espectacular a forma como ele parece já conhecer toda a história, antes sequer do crime ocorrer. É algo que sempre me fascina nesta personagem.

Bem, a história gira em volta de Linnet Ridgeway, uma jovem rica, que casa com o noivo da melhor amiga. Partem os dois num cruzeiro pelo Nilo, e a eles juntam-se-lhes todo um rol de personagens, que conseguem estar praticamente todas ligadas a Linnet.

Durante os primeiros capítulos, a grande dúvida que aparece na mente do leitor, não é propriamente quem é que vai matar, mas sim quem morre, resposta que só obtemos tendo já avançado um belo número de capítulos.

É interessante, a forma como a autora relaciona todas as personagens, como nos faz imaginar o crime até ao último momento e, como nos dá indícios para imaginarmos, quase um por um, que todas as pessoas no barco são o assassino. É também de realçar, a forma magistral como a autora combina a história de todas as personagens, o seu percurso, e as suas acções na altura do crime.

Um livro a ler, para quem gosta de policiais, especialmente porque "inova" dentro do género, e porque é um livro da Agatha Christie!

P.S. - não posso deixar de agradecer aos membros do fórum que participaram na leitura conjunta, foi realmente uma experiência muito agradável!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Luna Clara & Apolo Onze


Sem dúvida, um dos livros mais imprevisiveis que já me passou pelas mãos desde Alice no País das Maravilhas. Porém, na minha opinião, Luna Clara & Apolo Onze, de Adriana Falcão já best-seller no Brasil não lhe fica nada atrás.

A história é sobre duas vidas paralelas. De um lado, em Desatino do Norte, vive Luna Clara, uma menina de doze anos que mora com a mãe e que nunca conheceu o pai, devido ao angustioso desencontro dos seus pais logo após o casamento e nunca mais se encontraram. Luna passa os seus dias esperando à beira da estrada, o tão esperado regresso do seu pai, que traria de novo a chuva a Desatino do Norte.
Em contra-partida, do outro lado, em Desatino do Sul, está Apolo Onze, filho de Apolo Dez. A cidade de Apolo Onze está em festa há treze anos, desde o dia do seu nascimento. Todos na cidade se revezam entre o trabalho (afinal não é nada fácil organizar uma festa dessas), o descanso e as brincadeiras da festa. Apolo tem desejos de desejos, nunca descobriu nada no mundo que desejasse, mas quer descobrir.
Ao longo da história, ao cabo de inúmeras coincidências, as vidas dessas duas cidades e tal como as de Luna Clara e Apolo Onze vão-se cruzando e gerando inúmeros desencadeamentos acontecimentos.

Luna Clara e Apolo Onze, um livro inteligente, interessante, cheio de vida, de sonhos. Adriana Falcão reinventa a forma de contar uma história, reinventa a linguagem, reinventa a realidade. Este é um bom exemplo do tipo de livros que nos surpreendem, emocionam. Numa única palavra se descreve esta obra: “encontro”, uma vez que Luna Clara e Apolo Onze nos levam ao interior de nós mesmos, ou melhor, nos leva a um lugar de nós mesmos que ainda não conhecíamos. Um livro para o público juvenil, mas capaz de tocar qualquer pessoa. Uma boa escolha para quem procura uma leitura diferente e sensível.

domingo, 11 de outubro de 2009

A Malinche


Este livro chamou-me a atenção por retratar a mesma altura, a mesma história, e as mesmas personagens que os grandes livros (nos dois sentidos): Orgulho Asteca/Sangue Asteca.

A grande diferença, é que a personagem principal, Malinalli, é retratada de duas maneiras completamente diferentes. Nos livros Asteca, é descrita como uma traidora do seu povo, alguém com mau carácter, que alterava as traduções que tinha que fazer, a seu bel-prazer, para satisfazer os seus propósitos, e que tudo o que queria era poder.

Já neste, é retratada como uma criança que é abandonada, se sente traída pela própria mãe, e que nunca gostou dos sacrifícios que o seu povo praticava. Daí ter-se juntado aos espanhóis, tudo o que queria era ajudar o seu povo. Vemos também como era uma mulher bondosa, embora perturbada pelo seu passado.

Ou seja, "A Malinche" é uma versão mais romanceada da história de Malinalli. Isso tirou-me logo algum prazer à leitura, pois esta Malinalli não corresponde em nada, à Malinalli dos livros Asteca, que simplesmente adorei. Mas tenho que admitir que o livro tem os seus méritos.

A autora tem uma escrita muito lírica, e nota-se, por alguns pormenores, que fez um bocado de investigação antes de escrever. A história é uma nova perspectiva a esta situação. Há aquela que todos conhecemos, que é a versão dos espanhóis, a versão dos Mexíca, através do livro de Gary Jennings, e agora, a versão de Malinalli, aquela "uniu" os dois povos, ao servir de tradutora, e ao ter tido filhos com espanhóis, e que ao mesmo tempo se manteve à parte de ambas.

Um pequeno e bom livro, aconselhado àqueles que tenham o seu interesse pela cultura Asteca!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Guia Prático Para Cuidar de Demónios


Quando li "Comédia de Terror", fiquei instantaneamente apaixonado por este livro. Combina um dos meus géneros literários favoritos, o terror, com algo que também gosto muito, a comédia. E já tinha lido várias opiniões positivas.

Conclusão, tive que o comprar e ler.

E não me arrependi. Hilariante do princípio ao fim, consegue contar uma história (exagerada, e, bem analisada, ridícula) de forma descontraída, e interessante. A história gira em volta de Travis, um homem de quase 100 anos, que se mantém com a aparência e o vigor dos 20 anos, e Catch, um demónio antigo, que gosta de comer todas as pessoas que encontra.

Sem que Catch saiba, Travis anda há vários anos à procura de uma maneira de se ver livre do demónio, e encontra finalmente essa oportunidade em Pine Cove, uma pequena localidade. Claro que nem tudo vai correr bem, Travis vai perder algum do controlo que mantém sobre Catch, e este vai criar os seus próprios planos para se ver livre de Travis.

Uma (quase quase) épica batalha final depois, dizemos adeus ao demónio, olá a um Travis com a sua aparência real, e a pequenas reviravoltas interessantes.

A escrita do autor, é, acima de tudo, cómica. Pode-se tornar algo confusa, devido à quantidade de personagens e histórias paralelas que se desenrolam, mas acaba por estar tudo ligado, sendo, por isso, fácil de desemaranhar os novelos de confusão que se possam formar.

Foi um livro para rir do princípio ao fim, com algumas coisas que me agradaram imenso, como a referência a Howard Phillips Lovecraft, um dos melhores escritores de terror de sempre, através de uma personagem chamada Howard Phillips, que embora seja americano, gosta de falar com o sotaque britânico e acredita nos Antigos (os Deuses utilizados em muitas das histórias de Lovecraft).

Um livro a ler, não para quem procura uma trama profunda com uma escrita extraordinária, mas sim para quem procura passar um bom bocado, talvez descomprimir, ou até mesmo para incentivar a ler aqueles que não gostam!