domingo, 25 de julho de 2010

Aprendiz de Assassino


Este é um daqueles famosos casos de "primeiro estranha-se, depois entranha-se". A ver se me consigo explicar. Quando comecei a ler, não me senti minimamente interessado, durante as primeiras páginas. E ainda estive umas boas dezenas a ler sem qualquer interesse em especial. A história não me parecia suficientemente boa, as personagens pareciam-me demasiado superficiais, e o desenrolar da acção parecia-me demasiado lento e, à falta de melhor palavra, estúpido.

Mas então, como é que acabei a gostar tanto deste livro? Talvez se deva ao facto de a autora ter um ritmo a que eu não estou habituado, e que me fez gostar da história, das personagens e do desenrolar, de forma lenta e gradual, quase sem eu dar por ela.

Sem reparar, vi-me apegado a FitzCavalaria, a temer e respeitar Castro, a odiar Galeno, a sentir uma curiosidade desconfiada acerca de Breu, a admirar Veracidade, e a sentir nojo por Majestoso, entre muitas outras personagens. A verdade é que embora ao princípio tudo me tenha parecido algo fraco, era apenas mera aparência, pois todos os pequenos efeitos não passaram de meras distracções de aquilo que se passava na realidade e que importava, e que eu não notava conscientemente. A autora conseguiu transmitir-me a ideia, sem eu fazer a mais pálida ideia de que isso estava a acontecer.

E só nas últimas páginas é que comecei a ver o quanto gostei das personagens, e o quanto a história fazia sentido. Juntei as peças todas, vi a imagem geral pela primeira vez, e fiquei espantado, pois só aí me apercebi que estava a ler uma história com um enredo riquíssimo, e bem estruturado, que continha personagens que se tornaram quase reais para mim, fossem elas adoráveis ou simplesmente detestáveis.

A escrita é boa, sem ser excelente. Uma linguagem não muito complicada, e uma capa que engana, pois dá a ideia (pelo menos a mim deu) de um livro muito mais infantil do que aquilo que realmente é. E como em muitos bons autores, a autora pode não ter um grande poder de escrita, como têm os melhores escritores, mas a forma como usa aquilo que tem é excelente.

À primeira vista, apenas mais um romance de fantasia medieval. Mais a fundo, um dos melhores que li até agora, e que me fez ansiar pelo próximo. Venha ele!

2 comentários:

Snow disse...

Sim, já li, essa escritora é excelente.

N. Martins disse...

Tive a mesma sensação que tu no início. Não se passava nada, não havia mudanças de ritmo quando acontecia algo de importante. De tal forma, que não damos pela importância do que tinha acabado de acontecer. A verdade é que quando entras no ritmo da escritora, o livro revela-se uma viagem muito agradável e no fim fecha-se o livro com a sensação de que leste algo bom. :) Não me prendeu tanto como a ti, mas fiquei curiosa para ler os próximos porque acho que a história tem muito potencial. :)