quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A Demanda do Visionário

Para o fim desta grande trilogia (perdão, saga), tinha as expectativas em alta. Depois de um primeiro livro brutal, de um segundo que soube a pouco, de um terceiro que me encheu as medidas, e de um quarto que mesmo surpreendendo, soube a pouco, este quinto livro (segunda metade do terceiro, na versão original), só podia ser absolutamente espectacular. Não só podia, como tinha essa obrigação!

E quase que cumpriu a 100%. Não me interpretem mal (as vezes que eu digo isto, nas minhas críticas...), eu adorei o livro. Mal posso esperar por mais livros desta autora, especialmente se se passarem no mesmo mundo, com personagens em comum. A sério, li as primeiras páginas a um ritmo razoável, a ganhar balanço, e quando dei por mim, estava a ler sem parar, umas 200 páginas por dia!

Mas, há sempre um "mas", não atingiu o clímax que eu esperava, da forma que eu esperava. E o problema é este: para um livro tão grande, com quase 500 páginas, que é apenas a segunda metade de um livro que, no original, tem umas 900 páginas, a história desenvolve, desenvolve, desenvolve, e estende-se e espalha-se e estica-se, e depois, de repente, todas as conclusões são enfiadas em menos de 100 páginas, bem como todos os vários pequenos finais, em catadupa.

Hobb consegue fazê-lo de forma razoavelmente satisfatória, e não houve, que me lembre, nenhum momento no livro que me tenha deixado a pensar "huum, tanta palha...". Nada disso. Mas a verdade é que me pareceu demais. É que ainda que de leitura compulsiva, especialmente por querer saber o que raio ia acontecer, depois de tanta página lida, ao longo da trilogia (ups, saga), pareceu-me que para um livro tão grande, as conclusões podiam estar melhor distribuídas...

Aparte isso, é claro que está um livro do caraças. A explicação dos forjados pareceu-me um bocado forçada (como pareceu a grande parte das pessoas que leram, pelos vistos) e metida à pressão, como se a autora só se tivesse lembrado disso depois de escrever o livro todo, e então toca lá de acrescentar 3 ou 4 parágrafos a explicar isso. Já a parte dos Antigos, brutal. Não podia ter sido melhor. E foi bom voltar a ver o Bobo, com mais protagonismo do que nunca. Já não foi tão bom voltar a ver Kettricken, extremamente mudada, e não para melhor, se me perguntarem. Além de que tive saudades do Breu.

E ainda há a questão do Fitz. A sua interacção com Olhos-de-Noite é super interessante, a com o Bobo é absolutamente fascinante, especialmente graças ao Bobo, personagem que por si já é fascinante o suficiente, mas o Fitz em si... Não me agradou. Eu sei que a mudança entre o terceiro e o quarto livro tinha que ser absolutamente colossal, mas isto foi demais. De personagem interessante, por ser tão significativa no meio da sua insignificância, a personagem aborrecida, irritante, subitamente importantíssima, e negando essa importância a si mesmo, enquanto luta com sentimentos do mais puro egoísmo, e da mais feroz lealdade.

Ah, e não gostei do desenvolvimento da situação com o Castro e a Moli. A sério, não gostei. Que coisa mais... Nem sei, revoltante? E antes que me esqueça, Panela é uma personagem que me despertou o interesse desde o momento em que apareceu... E pronto, acho que é tudo, já chega, estou farto de escrever. Só vos digo, leiam, uma das melhores trilogias (outra vez? sagas!) que me passou pelas mãos, e que me deixou completamente arrebatado, no geral. Como já disse, mal posso esperar por mais livros desta autora!

4 comentários:

Elphaba disse...

Tenho o primeiro livro desta saga a espera de vez na estante… infelizmente todas as criticas que leio me deixa com uma sensação agridoce e acaba sempre por ser passado frente na fila de espera. Com a tua opinião acho que vai continuar aguardar mais um pouco.

Rui Bastos disse...

Oh, não faças isso :p Se tens o primeiro, lê à vontade! Depois tens que ler o segundo e o terceiro de rajada, bem como o quarto e o quinto, mas pronto xD

Viajante disse...

Eu também gostei imenso desta saga, e tal como tu quero muito ler mais livros desta autora.

No entanto, e como tu dizes há sempre um "mas"... houve algumas coisas de quem não gostei muito. Castro e Moli, epah, pois... Não!
Os Antigos também achei interessante e não apesar de tudo até nem me queixei muito sobre a explicação dos Forjados, mas senti isso sim, que foi assim despejada... e pronto, o Fitz... está diferente sim senhor, tinha de ser, como tu mesmo disseste... mas também não apreciei a mudança... (e gostava de ter sabido mais sobre a Manha e a relação dele com Olhos-de-Noite, quando foram passar algum tempo com o - não me lembro do nome do senhor, mas era o que estava vinculado à ursa)

Enfim, mas tal como tu, apesar destas queixas xD foi uma saga que me encheu as medidas e que li num instante... e foi daquelas que me fez ir comprar o livro seguinte para o poder começar imediatamente porque quero sempre saber mais =)

Boas leituras,
Estrela*

Nuno Chaves disse...

Foi com tristeza que cheguei ao fim e com um certo amargo na boca, visto que após tantas privações e dificuldades o final não foi feliz. (algo que não seria muito difícil de adivinhar) visto que que no início de cada capítulo existe sempre um narrador que relata o passado e o presente no reino dos Seis Ducados e rapidamente nos apercebemos que tais palavras vêm da boca de Fitz.

Após o cair do pano, penso que quem seguiu esta aventura fica a pensar nela e principalmente no destino que daria ao nosso heroi se tivesse escrito a história, acho que todos gostamos de finais felizes, onde os bons são recompensados e os maus castigados. de certa forma foi isso que aconteceu aos malvados. o destino reservado ao principe/rei Majestoso, foi um pouco apressado, na minha opinião teria claramente sido publicamente e severamente castigado por todas as maldades. não me convenceu a resolução sobre os Navios Vermelhos e os forjamentos.

A imagem de Fitz não foi limpa, o destino do Bobo, foi rapidamente apressado, mas o livro manteve sempre um ritmo e rumo coerente, se bem que este último volume tivesse sido em algumas partes um pouco extenso e maçador.(ou talvez porque estivesse ansioso para ler o final).

Em suma gostei bastante de ler esta trilogia que a editora Saída de Emergência decidiu transformar em pentalogia, embora me tenha desapontado este final, a minha opinião pessoal em relação aos cinco livros é muito positiva, fazendo jus às critícas que lhe são atribuidas e que dizem que é uma das melhores sagas de fantasia jamais escritas. Fico à espera de novos livros desta autora que irei com certeza voltar a ler.