sábado, 11 de dezembro de 2010

Novas Crónicas da Boca do Inferno

O livro não passa de um conjunto de crónicas do Ricardo Araújo Pereira, nenhuma delas inédita (acho eu), retiradas da revista Visão. Não têm propriamente um fio condutor, a não ser a crítica, o que me fez, muitas vezes, andar a saltar de assunto em assunto, sem qualquer tipo de lógica. Ah, e acho que o livro só beneficiava se tivesse as datas de cada crónica.

Agora, será que me importei com isto? Muito pouco. Todas as crónicas são excepcionais, e alguma delas são mesmo absolutamente geniais!

O livro tem crónicas a malhar no primeiro-ministro e no governo em geral, crónicas a malhar na oposição, crónicas a malhar na gripe A, crónicas a malhar em quem malha... O que interessa mesmo, como já se deve ter percebido, é que são a malhar.

São poucos os que não conhecem este indivíduo de quase dois metros (e já está na altura de voltarem do fim-do-mundo), e quem o conhece, se ler este livro, não vai ter dúvidas que são textos dele. Se não me dissessem o autor, eu adivinhava, sem dificuldade. E aposto que praticamente qualquer pessoa faria o mesmo.

Ricardo Araújo Pereira domina completamente a língua portuguesa, como qualquer humorista que se preze (e provavelmente melhor que a maior parte), o que lhe permite entrar em toda uma série de brincadeiras e trocadilhos capazes de fazer sorrir qualquer um.

Mas o mais importante destas crónicas nem é o humor em si. É a capacidade que o autor tem para criticar. Eu gostava de conseguir fazê-lo como ele. Sem cair no ridículo, ou no insulto e muito menos em lugares-comuns, consegue dizer mal de tudo, com uma ironia tão requintada que chega a ser maléfica.

Fez-me lembrar Eça Queirós, se querem saber. Eu sei, é rebuscado, mas tem lá tudo: a acertada crítica social, a ironia, o gosto pelos diminutivos... E além disso, ainda demonstra uma das qualidades mais importantes de um bom humorista, o auto-gozo. São várias as crónicas em que goza consigo mesmo, de forma mais ou menos indirecta.

Destaco ainda a edição. É o primeiro livro que compro desta editora, a Tinta da China, e devo dizer que estou agradado. Acho que todas as capas de todos os livros deviam ter esta textura! E, é claro, as ilustrações de João Fazenda "encaixam" perfeitamente.

Falta dizer o que quanto me ri: MUITO!

3 comentários:

Anónimo disse...

Quando alguém se propõe a elaborar um projecto deve considerar vários aspectos, entre os quais, a "possibilidade efectiva de concretizar esse mesmo projecto".
Vem isto a prpósito do "vosso concurso".
Embora sem nada "prometer" no que a datas diz respeito, convenhamos que estou quase a dar razão ao "anónimo", que de vez em quando aqui vai postando: " Então e o concurso??!".
Eu sei: o tempo, as dificuldades de ser um grupo, etc...

P.S. - Para que não existam dúvidas, cumpre-me esclarecer que não concorri ao v/ "publicitado concurso".
Relativamente às "críticas literárias aqui explanadas", um dia destes vamos "trocar impressões".
Para finalizar, estou-me a recordar de quem diziz mais ou menso isto:
"Prometei aquilo que podeis dar e se tiverdes que dar, dai aquilo que não é vosso"!

Rui Bastos disse...

Quanto ao concurso, volto a pedir desculpas, e a dizer que trataremos disso tudo o mais rapidamente possível.

Quanto à "troca de impressões" relativas às "críticas literárias aqui explanadas", fico à espera.

Alice Matou-se disse...

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