segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Memorial do Convento


Título: Memorial do Convento
Autor: José Saramago


Sinopse: Era uma vez um rei que fez a promessa de levantar um Convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse Convento. Era uma vez um Soldado Maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez.


Opinião: O início da minha leitura de uma das grandes obras portuguesas e de leitura obrigatória no 12º ano, deixou-me um pouco receosa de uma leitura maçuda perante aquele livro denso.

Tanto que as primeiras páginas deram-me mesmo algum sono, mas já Pessoa dizia que "primeiro estranha-se, depois entranha-se", frase bem aplicada ao meu caso e confesso que foi tal e qual o que me aconteceu. À medida que fui passando as páginas deste livro, a história conquistou-me e as personagens renderam-me aos seus encantos.

A história passa-se no séc. XVIII, estávamos perante um país ainda pouco desenvolvido, alimentado de superstições e da fé cristã, no tempo em que quem fosse estranho aos olhos dos "ditos normais" acabava no calor da fogueira.

Reinava D. João V, jovem rei, casado com a rainha D. Maria Ana Josefa de Áustria, e o desejo de ter um filho era alimentado pelo desgosto de não o conseguirem conceber.

Mas "a fé move montanhas" e é pela imensa vontade de dar um herdeiro ao país que D. João V promete que se se realizasse tão intrínseco desejo, faria levantar um grandioso convento em Mafra.

O desenrolar do romance é protagonizado por duas personagens, absolutamente fabulosas, ele um soldado, que perdeu a mão esquerda na guerra, ela uma jovem mulher, com o poder de ver o que não era visível.

O nome dele é Baltazar Mateus, apelidado de Sete Sóis, ela chama-se Blimunda, apelidada posteriormente de Sete-Luas. O amor que os une, prevalece em toda a obra, e a este casal inseparável junta-se um padre, cujo sonho, era voar.

Estas três personagens envolvem-se na construção de uma máquina que lhes permitisse subir aos céus, cujas peripécias de que são alvo e a construção do projecto, dão um toque caricato a toda a obra.

Anos passam, e a construção do convento é acompanhada pelo envelhecer dos protagonistas. A um dado momento do livro, Saramago, apresenta-nos um rol de personagens que trabalham na construção do convento, cada uma com a sua história breve, que se apresenta ao leitor como se de um diálogo se tratasse.

O romance termina com um fim subjectivo em relação ao casal protagonista, livre das interpretações que cada um faz.

Este foi o primeiro livro que li de José Saramago, e devo dizer que gostei muito. Saramago tem uma escrita que à primeira vista pode ser complexa, mas que não me assombrou por aí além. Uma escrita diferente da que estou acostumada, com falta de pontuação, ou uma pontuação diferente do habitual, mas nada que com alguma atenção à leitura não se resolva.


Numa linguagem irónica, crítica e frontal, o autor deixa-se de rodeios para descrever aquilo que normalmente com muitas palavras se escreve, ou se fala. A esta capacidade, junta-se uma outra, a de criar personagens fabulosas, místicas do real e do imaginário, que me deliciaram por completo...

2 comentários:

Viajante disse...

Sou grande fã de Saramago! Este será o quinto livro que leio do autor! As expectativas são grandes mas o facto de ser obrigatório faz com que o receio também o seja... Mas pronto, apesar da pressão até porque o prazo se está a aproximar, espero conseguir lê-lo o mais abertamente possivelmente xD

Ainda bem que gostaste! É mesmo um grande autor português de que nos podemos orgulhar!

M. à conversa disse...

Estrela da Noite: Para aguçar a curiosidade que tinha sobre a escrita do Saramago e o receio que me invadi-o quando comecei a ler o Memorial, foi as diversas criticas a este livro.
Ora eram criticas muito boas, em que diziam que a história era muito engraçada; ora muito más em que afirmavam que a escrita de Saramago era uma confusão e o livro uma enorme seca, maçudo e pesado!
Bem como podes ver a minha critica é que para além de não ter achado a escrita de Saramago assim tão complicada, como muitas pessoas o dizem, achei a história muito gira e cheia de imaginação.
A minha experiencia com livros "obrigatórios" deixa-me sempre muito receosa no inicio e confesso que sem grande interesse mas depois apaixono-me e devoro literalmente o livro, exactamente como nos Maias!

Boas leituras e espero que gostes, ler um calhamaço obrigatório, ainda por cima que não nos conquista deve ser uma tarefa muito difícil... ;D