sexta-feira, 25 de março de 2011

Pseudo-entrevista: Catarina Coelho

E cá está a anunciada segunda pseudo-entrevista, desta vez feita à simpática Catarina Coelho, autora d'"A fantástica aventura dos anões da Luz - Em busca de Sulti" e de "John Lennon nunca morreu e outros contos fantásticos", do qual já sorteámos um exemplar, aqui no blog.

"Catarina Coelho nasceu em Lisboa, em 1984, e vive no Montijo. Desde sempre leitora compulsiva, revelou, logo em criança, um enorme gosto por livros e por contar histórias. Quando aprendeu a escrever, começou rapidamente a passar para o papel pequenas histórias, onde tentava dar vida e corpo às ideias e personagens que lhe povoavam a imaginação. Em 2002, iniciou a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, variante de estudos Portugueses e Ingleses, na Universidade Nova de Lisboa, tendo sido, em grande parte, a sua paixão pela literatura o que a levou a escolher essa área de estudos. Aos vinte anos, escreveu A Fantástica Aventura dos Anões da Luz – Em Busca de Sulti. Para além do romance referido, é também autora de vários contos de fantasia destinados a um público infantil. Após concluir a licenciatura, começou a leccionar Inglês no 1º Ciclo do Ensino Básico, actividade que continua a exercer. Encontra-se actualmente a escrever um novo romance, o qual procura combinar o género de fantasia com o típico romance inglês do séc. XIX."

As perguntas são as mesmas da entrevista anterior, algo disparatadas e sem qualquer tipo de sequência lógica, portanto já sabem o que vos espera... Acho que está na altura de dar a palavra à entrevistada.

1. Se pudesses entrar na mente de um qualquer escritor, qual seria e porquê? 
R.: Essa é uma boa pergunta e a resposta não é simples, sobretudo porque me é muito difícil escolher apenas um escritor. A minha resposta tem de incluir pelo menos Charlotte Brontë, Juliet Marillier, Jane Austen e Daphne Du Maurier. Isto porque escreveram livros que me fascinaram imenso e parte de mim questiona-se como foram capazes de criar tais enredos e de escolher tão bem as palavras que usaram. Entrar nas suas mentes seria uma oportunidade única de tentar satisfazer a minha curiosidade!

2. Trocavas a tua vida para viveres as histórias que escreves?
R.: Esta resposta é capaz de não ser particularmente interessante, mas não. Há coisas na minha vida de que gosto demasiado para isso. Mas, se não tivesse de trocar a minha vida e pudesse visitar as minhas histórias e voltar, gostaria sem dúvida de ir até aos mundos que eu própria invento e conhecer algumas das personagens.

3. Quando escreves, qual é o teu maior medo?
R.: Penso que é não conseguir pôr em palavras (ou com as palavras certas) as situações e personagens que me povoam a cabeça. Do momento em que se imagina um mundo, com determinadas situações e personagens, à concretização disso no papel vai um grande passo.

4. Como é que te dás com a revisão dos teus próprios textos?
R.: Não costuma ser um processo complicado. Mudo pouco ou nada da história quando faço a revisão. As mudanças, no meu caso, vão acontecendo à medida que escrevo. Quanto a mudar palavras ou frases, isso faço, claro, mas, de um modo geral, as mudanças surgem-me naturalmente, como opções melhores que não vi à primeira. Só se torna menos fácil quando vejo que, numa determinada frase, há uma expressão de que gosto muito (e que, por isso, não quero modificar), mas que, no entanto, deve ser mudada, porque não fica muito bem com o que vem a seguir. Porém, mesmo nesses casos, é sempre possível encontrar soluções de compromisso.

5. Se alguém fizesse um filme baseado num livro teu, que personagem achas que serias capaz de encarnar?
R.: Não tenho jeito nenhum para representar, mas, tratando-se daquilo que escrevo, é sempre mais fácil imaginar-me a representar uma personagem. Creio que conseguiria encarnar a Stella, do conto “A Troca”, bem como a Elizabeth, do conto “Espelhos”, porque ambas, de diferentes formas, defendem causas que a mim também me dizem muito. Para além disso, sendo eu fã dos Beatles, seria igualmente capaz de encarnar o James, que é o protagonista do conto “John Lennon Nunca Morreu”, embora aí o argumentista tivesse provavelmente de transformar o James numa Jane ou algo do género! Isto em relação ao livro John Lennon Nunca Morreu e Outros Contos Fantásticos, acabado de publicar. Mas creio que também seria interessante encarnar a protagonista do romance que estou a escrever e que é passado em parte na Inglaterra do séc. XIX (época que me fascina), em parte num mundo fantástico. Mas, neste caso, receio que não me convenha muito dizer mais, já que o romance ainda está a ser escrito.

6. Qual o bocadinho de ti que mais deixas no que escreves?
R.: Vários sentimentos e sensações, do presente e do passado, positivos e negativos. Acho que isso é provavelmente o que mais deixo de mim no que escrevo.

7. Qual foi a decisão mais difícil que já tiveste que tomar relativamente a uma personagem?
R.: Esta pergunta fez-me lembrar uma personagem deste novo livro que agora foi publicado. Não vou nomear a personagem nem o conto, para não estragar a leitura a ninguém, mas lembro-me que foi bastante difícil decidir como é que essa personagem iria acabar, como/se iria resolver os conflitos que a atormentavam e que, ainda por cima, não estavam fora, mas dentro dela, o que, por vezes, é pior.

8. Quais são as tuas principais inspirações (sejam livros, autores, músicas, situações…)?
R.: Bem, são várias!... Estão preparados para uma lista? No que toca a autores, creio que as minhas grandes inspirações vêm dos seguintes escritores: Juliet Marillier, Charlotte Brontë (e as outras irmãs Brontë também), Tolkien, Daphne Du Maurier, Jane Austen e Alexandre Dumas (com o seu Os Três Mosqueteiros – as mensagens e ideais de justiça, amizade e lealdade nele presentes sempre foram uma inspiração para mim). A música também me inspira bastante. Antes de mais, tenho de referir os Beatles (e os membros deste grupo nas suas carreiras a solo, sobretudo Paul McCartney e John Lennon, embora também George Harrison), o que não espantará ninguém, dado o conto que dá o título a este novo livro. Mas não só. Também me inspiram bastante Loreena McKennitt (e outros cantores de inspiração celta ou semelhante, como Enya, por exemplo), Leonard Cohen, Bob Dylan, Elvis, os Queen e música clássica, sobretudo a de compositores como Tchaikovsky, Mozart, Strauss, ­­­Beethoven e Vivaldi. Há filmes e séries que também são fonte de inspiração para mim: as séries de época da BBC, como “Orgulho e preconceito”, “Jane Eyre” ou “North and South”, a série americana “Twilight Zone” (a original), os filmes de Alfred Hitchcock (“Vertigo”, “Marnie”, ”Os Pássaros” ou “Rebecca” – adaptação do clássico de Daphne Du Maurier - são apenas alguns exemplos), a série “Uma Casa na Pradaria”, os filmes da trilogia “O Senhor dos Anéis”, “O Clube dos Poetas Mortos” e alguns clássicos do terror. E também animação. Por muito que isto espante os leitores, sou apreciadora e defensora da boa animação. Há filmes e séries de animação que me inspiraram, como “A Bela Adormecida”, de Walt Disney, os filmes de Hayao Miyazaki e de outros realizadores do estúdio que ele fundou, os Estúdios Ghibli, e as séries “Os Três Mosqueteiros”/”Anime Sanjushi” e “Ana dos Cabelos Ruivos”.

9. Qual foi a coisa mais disparatada que já escreveste?
R.: Provavelmente, as coisas que escrevi na adolescência.

10. Quem é a primeira pessoa a ler os teus manuscritos?
R.: O meu namorado. Estamos juntos há nove anos e ele tem tido sempre paciência para ler o que escrevo. Agradeço-lhe por isso.

11. O que achas do Novo Acordo Ortográfico?
R.: Como diz Bartleby, uma personagem de Herman Melville, “I would prefer not to.”! Preferiria sem dúvida que as coisas tivessem sido deixadas como estavam. Para além de adorar a nossa língua e ter a sensação de que, com o novo Acordo Ortográfico, o Português se afasta demasiado daquilo que era até agora, não me parece que nós, os brasileiros e os outros falantes do Português tivéssemos assim tantos problemas em compreendermo-nos.