domingo, 5 de junho de 2011

Noite Sobre as Águas

Título: Noite Sobre as Águas
Autor: Ken Follet
Tradutor: Sofia Gomes

Sinopse: Em 1939, com a guerra recém-declarada, um grupo de elite embarca no mais luxuoso avião de sempre, o Clipper da Pan American, com destino a Nova Iorque: um aristocrata britânico, um cientista alemão, um assassino e a sua escola, uma jovem em fuga do marido e um ladrão encantador, mas sem escrúpulos. Durante trinta horas, não há escapatória possível desse palácio voador. Sobre o Atlântico, a tensão vai crescendo até finalmente explodir num clímax dramático e perigoso.

Opinião: Quero deixar já bem claro que gostei do livro, mas que fiquei extremamente decepcionado, graças à citação que este traz na capa, da Publishers Weekly: "Follett tece um drama tenso e mortificante no equivalente aéreo do Expresso do Oriente.".

Isto não se faz. Este livro pouco ou nada tem a ver com o brilhante Expresso do Oriente, e embora a maior parte do que eu me lembro seja de ter visto o filme (várias vezes), a verdade é que fiquei à espera de algo tão misterioso, com um final tão chocante com tantas reviravoltas... E afinal não é nada disso.

Não é que seja mau... Este livro é bom. Bastante bom, até. A escrita de Follett é simples, clara e concisa, e o autor vai directo ao assunto, sem devanear muito em reflexões prolongadas das personagens ou em descrições minuciosas dos cenários, limitando-se a dar uma ideia geral dos sítios onde a acção se passa, e introduzindo os pormenores há medida que deles vai precisando. E é realmente um drama tenso, que evolui de forma (relativamente) rápida, embora a parte do mortificante seja bastante mais discutível...

A parte que me aborrece, como já disse, é a citação dizer que este livro é o "equivalente aéreo do Expresso do Oriente". Porque não é. Não há propriamente um grande mistério e não um ambiente de suspense tão acentuado como no Expresso do Oriente, ou em qualquer outro livro de Agatha Christie. A única semelhança que encontro, é na fórmula utilizada, com ligeiras adaptações: uma longa introdução às personagens, e só depois é que começa realmente a história, precisamente ao estilo da rainha dos policiais. Mas as semelhanças acabam aí.

Se bem que, verdade seja dita, talvez a construção e a caracterização de algumas das personagens de Follett sejam melhores do que na generalidade das personagens de Agatha Christie. É óbvio que nenhuma das personagens deste livro chega sequer aos calcanhares de Poirot, e só com algum esforço encontramos alguma coisa ao nível de Hastings, mas estão bem construídas na generalidade, com especial destaque para Eddie Deakin, o engenheiro de voo, que se vê literalmente entre a espada e a parede; e Margaret Oxenford, que enfrenta os seus próprios dilemas existenciais. Estas duas foram claramente as minhas personagens favoritas, Eddie por conseguir agir de forma tão eficaz numa situação tão complicada, e Margaret por ter uma evolução tão demarcada e por ser, no fundo, um espírito revolucionário, que luta contra o pai (fascista!) e contra os obstáculos com uma força tremenda que nem ela sabe bem onde é que vai buscar.

Bem, resumindo, um bom livro, com boas personagens, e uma boa história. Leiam sem medo, mas não acreditem, nem por um segundo, na citação que vem na capa!

2 comentários:

Pedro disse...

Eu AMO PERDIDAMENTE "Os Pilares da Terra". "Um Mundo Sem Fim" também.

Entretanto li "Voo Final", com enormes expectativas, mas não as atingiu totalmente. Talvez, agora que me lembro dele, compreenda o ambiente, mas não teve nada a ver com a intensidade da sua obra-prima. Ou talvez porque a Segunda Guerra Mundial é um tema sobre o qual ele já escreveu TANTO que se tornou... Enfim, sem novidade. Nunca tinha lido nada dele sobre esse tema mas ainda assim consegui sentir isso na maneira como ele escreve.

Parece-me que esse livro é parecido. Não é que seja mau, tal como "Voo Final", é bom. Se calhar este tem um drama mais "tenso".

A conclusão a que chego é: este autor não consegue lidar com expectativas. Aconteceu comigo, aconteceu contigo com essa citação.

(Follett é um mestre na caracterização das personagens, sem nenhuma dúvida)

Rui Bastos disse...

Pois, já ouvi falar muito bem dessa saga de proporções épicas... Está na lista :D

Quanto ao resto não sei, mas fiquei com alguma curiosidade em ler mais livros deste autor, apesar de tudo...