quinta-feira, 21 de julho de 2011

A Certeza Absoluta e Outras Ficções

Título: A Certeza Absoluta e Outras Ficções
Autor: Pere Grima
Tradutor: João Pedro Piroto Pereira Duarte

Sinopse: A estatística é normalmente descrita como a prática de "torturar os dados até estes confessarem". Tanta desconfiança talvez se deva ao facto de a estatística partir da convicção de que "certo" pouco mais significa do que "altamente provável". Contudo, é sem dúvida o ramo mais importante da matemática aplicada, e constitui o nosso melhor guia para tomar decisões correctas quando enfrentamos a incerteza - isto é, quase sempre.

Opinião: Eu sei que a capa está em castelhano. E sei que a qualidade está má. Mas não se encontra a capa da versão em português, e não me apeteceu tirar foto, já que a preguiça é muita! Enfim, também não é importante.

O importante é falar sobre este ramo da matemática, a estatística, a que eu tão carinhosamente chamo "a ovelha negra da ciência mais exacta de todas". E acho que até já falei disto algures, vá-se lá saber porquê: imaginem que estão duas pessoas numa sala, e que todos os dias se leva um frango para essa sala. Uma das pessoas come-o todo, logo, a outra não come nada. Estatisticamente falando, em média ambos comem meio frango, mas na realidade uma passa fome e a outra enche o bandulho! E há mais, é um autêntico festim!

No entanto, confesso, depois de ler o livro olho para a estatística com outros olhos. Para começar tem umas fórmulas bem lixadas (metem sempre medo e inspiram respeito, mesmo que não sirvam para nada ficamos a pensar "ui, que coisa difícil" e pronto, enfim), e depois o autor explica muitíssimo bem como é que tudo funciona, como é que tudo se faz como deve ser e isso tudo. Dá montes de exemplos, alguns um bocado estrambólicos, como "os mortos por coices de cavalo no exército prussiano", e uns mais mundanos e simpáticos, como "os golos da primeira liga de futebol". Já agora, ambos os exemplos seguem a distribuição de Poisson, que significa peixe, embora não tenha nada a ver, era o nome do senhor, e contudo, mais à frente, aparecem peixes, apesar de, lá está, não ter nada a ver.

E o facto mais curioso? Algo que não tem absolutamente nada a ver coma estatística: a Lei de Stigler dos Epónimos, que diz, de forma bastante simplificada, segundo as palavras que vêm no livro "nenhuma descoberta científica tem o nome de quem realmente a fez". Isto é absolutamente genial! Vou citar alguns exemplos que aqui aparecem: a doença de Alzheimer foi relatada por meia dúzia de médicos antes de Alois Alzheimer; a famosa constante de Euler, e = 2,718281828..., foi descoberta por Jacob Bernoulli; o último teorema de Fermat foi apenas conjecturado por Fermat, já que o teorema foi demonstrado por Andrew Wiles em 1995; até o cometa Halley já era conhecido dos Antigos, muito antes de Edmond Halley; e a distribuição normal, ou sino de Gauss, foi descrita pela primeira vez pelo matemático francês Abraham de Moivre, quase 80 anos antes de Gauss. Fascinante, hã?

Resumindo, vejo a estatística com novos olhos. Não é propriamente um ramo obscuro, é apenas o mais facilmente manipulável, porque depende do ponto de vista, das comparações que se fazem e de uma miríade de factores intermináveis... Concluo ainda que foi dos livros desta colecção que mais prazer me deu ler, apesar de ser exactamente sobre um tema que não me agrada por aí além, e que não me inspirava muita confiança, ou seja, definitivamente aconselhado a TODA a gente!

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