segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A Burla dos Sentidos

Título: A Burla dos Sentidos
Autor: Francisco Martín Casalderrey

Sinopse: A relação entre a arte e a matemática foi muito mais profunda e fecunda do que possa parecer à primeira vista. Os conceitos matemáticos e a arte, enquanto produtos humanos, tiveram ao longo da história desenvolvimentos paralelos. Os conceitos de tempo, espaço e medida, objectos de estudo na matemática, estão também na base da criação artística. Olhar para a arte com olhos matemáticos constitui para o espectador um valor acrescentado, permitindo-lhe perceber de outra maneira o que está a ver.

Opinião: Nem tudo o que parece é. E nem tudo é como parece. Perdoem-me este início tão espirituoso, mas gostei bastante de ler este livro, que não é nada mais do que um dos muitos argumentos que apoiam a teoria: tudo é matemática.

Desta vez ataca-se (no bom sentido), a arte. Quantos de vós, oh sapientes leitores, sabíeis que uma das grandes revoluções na história da arte foi puramente matemática? pois é, pois é, a perspectiva, que é, no fundo, a técnico que nos permite projectar a terceira dimensão num plano bidimensional, é uma invenção matemática que surge através da sua aplicação na arte, especialmente na pintura.

O livro fala principalmente do séc. XV, época em que surgiu esta técnica, que levou à proliferação de matemáticos artistas e de artistas matemáticos. Neste altura, para se ser um bom artista, nomeadamente um bom pintor, para além de se ter que possuir a técnica e a habilidade artística, era essencial ser-se um bom geómetra e um matemático minimamente razoável. Os ensinamentos de Euclides tornaram-se tão essenciais como quaisquer ensinamentos puramente artísticos.

E a verdade é que tudo isto deu frutos. A perspectiva, como tudo o que é novo, atraiu a atenção das mais variadas personagens, pelas possibilidades que apresentava: pinturas mais realistas e a representação bidimensional de sólidos, para estudo matemático, entre outras coisas.

Só tive pena que o livro não fosse mais abrangente. Eu sei que o objectivo era falar da perspectiva enquanto técnica revolucionária, mas porque não falar do seu uso nos dias de hoje? Há tantos exemplos interessantíssimos e assombrosos, que é de facto uma pena que tenham ficado ausentes deste livro.

No entanto, e apesar disso, é um óptimo livro, que se lê bem, com uma forte componente histórica, para não variar, com esta colecção, e que com uma escrita clara e simples, deixando as maravilhas matemáticas ao alcance de qualquer um.

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