sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Vollüspa (Parte 2 de 2)

Título: Vollüspa
Autor: Vários

Opinião: Perdoai-me, caros poucos leitores que ainda visitam o blog com frequência e com razão. Não tenho tido mesmo tempo nenhum. Nem devia ter tido tempo para vir aqui escrever esta segunda parte da opinião, mas enfim, já me estava a fartar de me preocupar com a universidade, e perdido por cem, perdido por mil... Já sabia que estes dias não ia conseguir estudar grande coisa, portanto...

Mas pronto, avancemos. A encerrar a secção de Terror, aparece um conto de José Manuel Morais, A Vida é Sonho, um conto que não me agradou muito. Começa com uma premissa interessante, ainda que não seja nada de super-original: sonhos e afins. Mas todo o conto parece que passa a correr, e de repente já estamos no fim, sem interesse nenhum...

Depois a abrir a última secção, de Fantasia, aparece A Máquina, de Álvaro de Sousa Holstein, que dispensa apresentações de maior e que apresenta aqui um conto que classifico como um dos mais interessantes desta antologia, sobre o poder das memórias. O autor homenageia alguns dos grandes vultos da literatura portuguesa, sem grande alarido, mas de forma sentida.

Já em A Queda, de Carla Ribeiro, não encontrei uma história que me prendesse por aí além. Em termos de escrita devo dizer que até gostei, apesar de ser fã de uma escrita mais directa e menos floreada. Mas a história não me convence minimamente... Soa a mais do mesmo, para dizer a verdade... Com todo o respeito pela autora, com quem já contactei em fóruns e afins, mas daquilo que lhe conheço (que não é muita coisa, confesso), penso que seria capaz de fazer bem melhor!

A seguir aparece Joel Puga, com O Último, do qual gostei. Bem escrito, bem estruturado, para um conto tão pequeno, e interessante, apesar de ser mais uma retrospectiva, ou umas memórias, o que preferirem... Passa muito bem a ideia de solidão e a de resignação forçada de quem sabe que não tem saída, mas que sabe uma coisa de certeza: vai sair a lutar. Muito bom.

De seguida temos A Sala, de Marcelina Gama Leandro, que não é mau de todo, mas que podia estar melhor escrito. As coisas parece que acontecessem muito rapidamente e os diálogos estão um bocado repetitivos e extremamente pouco naturais, se bem que eu sei perfeitamente a dificuldade que é escrever um diálogo decente...

Quase a acabar vem Uma Questão de Lugar, de Pedro Ventura, que no meio de tanto conto pequenino, parece apenas grande demais. E tem de facto alguma ronha. A história é moderadamente interessante, e a escrita é agradável, não haja dúvida, mas estendeu-se demais. Ainda por cima no meio de tantos contos tão mais pequenos, em contraste, ainda parece maior do que é. E depois no fim... Nada de especial. Mas pronto, não é o pior conto...

O pior talvez seja este último, Vermelho, de Regina Catarino. O recontar de um episódio bíblico pelos olhos de um observador aleatório não me convenceu mesmo nada, apesar de achar que Fantasia é a palavra certa para descrever tal episódio. E a escrita nem é má de todo, mas perde-se no meio da história sensaborona.

E pronto, cá ficam todos os contos opinados (finalmente!). O balanço geral é positivo, apesar de alguns defeitos e de uma secção de Fantasia relativamente fraquinha, quando comparada com a de Ficção Científica, já para não falar da quase ausência do Terror... Mas não se fica a perder nada, penso eu, são no geral bons autores, com bons contos, que demonstram que existe um forte sector Fantástico em Portugal por descobrir, e é esse o papel mais importante desta "Vollüspa", o de dar a descobrir autores e o de fazer as pessoas descobrirem o Fantástico. Como tal, e uma vez que foi uma leitura agradável, que só pude ter graças ao trabalho do Roberto Mendes, que lutou por este projecto, e que parece ter acertado. Esperemos que dê frutos!

Sem comentários: