sexta-feira, 25 de março de 2011

Pseudo-entrevista: Catarina Coelho

E cá está a anunciada segunda pseudo-entrevista, desta vez feita à simpática Catarina Coelho, autora d'"A fantástica aventura dos anões da Luz - Em busca de Sulti" e de "John Lennon nunca morreu e outros contos fantásticos", do qual já sorteámos um exemplar, aqui no blog.

"Catarina Coelho nasceu em Lisboa, em 1984, e vive no Montijo. Desde sempre leitora compulsiva, revelou, logo em criança, um enorme gosto por livros e por contar histórias. Quando aprendeu a escrever, começou rapidamente a passar para o papel pequenas histórias, onde tentava dar vida e corpo às ideias e personagens que lhe povoavam a imaginação. Em 2002, iniciou a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, variante de estudos Portugueses e Ingleses, na Universidade Nova de Lisboa, tendo sido, em grande parte, a sua paixão pela literatura o que a levou a escolher essa área de estudos. Aos vinte anos, escreveu A Fantástica Aventura dos Anões da Luz – Em Busca de Sulti. Para além do romance referido, é também autora de vários contos de fantasia destinados a um público infantil. Após concluir a licenciatura, começou a leccionar Inglês no 1º Ciclo do Ensino Básico, actividade que continua a exercer. Encontra-se actualmente a escrever um novo romance, o qual procura combinar o género de fantasia com o típico romance inglês do séc. XIX."

As perguntas são as mesmas da entrevista anterior, algo disparatadas e sem qualquer tipo de sequência lógica, portanto já sabem o que vos espera... Acho que está na altura de dar a palavra à entrevistada.

1. Se pudesses entrar na mente de um qualquer escritor, qual seria e porquê? 
R.: Essa é uma boa pergunta e a resposta não é simples, sobretudo porque me é muito difícil escolher apenas um escritor. A minha resposta tem de incluir pelo menos Charlotte Brontë, Juliet Marillier, Jane Austen e Daphne Du Maurier. Isto porque escreveram livros que me fascinaram imenso e parte de mim questiona-se como foram capazes de criar tais enredos e de escolher tão bem as palavras que usaram. Entrar nas suas mentes seria uma oportunidade única de tentar satisfazer a minha curiosidade!

2. Trocavas a tua vida para viveres as histórias que escreves?
R.: Esta resposta é capaz de não ser particularmente interessante, mas não. Há coisas na minha vida de que gosto demasiado para isso. Mas, se não tivesse de trocar a minha vida e pudesse visitar as minhas histórias e voltar, gostaria sem dúvida de ir até aos mundos que eu própria invento e conhecer algumas das personagens.

3. Quando escreves, qual é o teu maior medo?
R.: Penso que é não conseguir pôr em palavras (ou com as palavras certas) as situações e personagens que me povoam a cabeça. Do momento em que se imagina um mundo, com determinadas situações e personagens, à concretização disso no papel vai um grande passo.

4. Como é que te dás com a revisão dos teus próprios textos?
R.: Não costuma ser um processo complicado. Mudo pouco ou nada da história quando faço a revisão. As mudanças, no meu caso, vão acontecendo à medida que escrevo. Quanto a mudar palavras ou frases, isso faço, claro, mas, de um modo geral, as mudanças surgem-me naturalmente, como opções melhores que não vi à primeira. Só se torna menos fácil quando vejo que, numa determinada frase, há uma expressão de que gosto muito (e que, por isso, não quero modificar), mas que, no entanto, deve ser mudada, porque não fica muito bem com o que vem a seguir. Porém, mesmo nesses casos, é sempre possível encontrar soluções de compromisso.

5. Se alguém fizesse um filme baseado num livro teu, que personagem achas que serias capaz de encarnar?
R.: Não tenho jeito nenhum para representar, mas, tratando-se daquilo que escrevo, é sempre mais fácil imaginar-me a representar uma personagem. Creio que conseguiria encarnar a Stella, do conto “A Troca”, bem como a Elizabeth, do conto “Espelhos”, porque ambas, de diferentes formas, defendem causas que a mim também me dizem muito. Para além disso, sendo eu fã dos Beatles, seria igualmente capaz de encarnar o James, que é o protagonista do conto “John Lennon Nunca Morreu”, embora aí o argumentista tivesse provavelmente de transformar o James numa Jane ou algo do género! Isto em relação ao livro John Lennon Nunca Morreu e Outros Contos Fantásticos, acabado de publicar. Mas creio que também seria interessante encarnar a protagonista do romance que estou a escrever e que é passado em parte na Inglaterra do séc. XIX (época que me fascina), em parte num mundo fantástico. Mas, neste caso, receio que não me convenha muito dizer mais, já que o romance ainda está a ser escrito.

6. Qual o bocadinho de ti que mais deixas no que escreves?
R.: Vários sentimentos e sensações, do presente e do passado, positivos e negativos. Acho que isso é provavelmente o que mais deixo de mim no que escrevo.

7. Qual foi a decisão mais difícil que já tiveste que tomar relativamente a uma personagem?
R.: Esta pergunta fez-me lembrar uma personagem deste novo livro que agora foi publicado. Não vou nomear a personagem nem o conto, para não estragar a leitura a ninguém, mas lembro-me que foi bastante difícil decidir como é que essa personagem iria acabar, como/se iria resolver os conflitos que a atormentavam e que, ainda por cima, não estavam fora, mas dentro dela, o que, por vezes, é pior.

8. Quais são as tuas principais inspirações (sejam livros, autores, músicas, situações…)?
R.: Bem, são várias!... Estão preparados para uma lista? No que toca a autores, creio que as minhas grandes inspirações vêm dos seguintes escritores: Juliet Marillier, Charlotte Brontë (e as outras irmãs Brontë também), Tolkien, Daphne Du Maurier, Jane Austen e Alexandre Dumas (com o seu Os Três Mosqueteiros – as mensagens e ideais de justiça, amizade e lealdade nele presentes sempre foram uma inspiração para mim). A música também me inspira bastante. Antes de mais, tenho de referir os Beatles (e os membros deste grupo nas suas carreiras a solo, sobretudo Paul McCartney e John Lennon, embora também George Harrison), o que não espantará ninguém, dado o conto que dá o título a este novo livro. Mas não só. Também me inspiram bastante Loreena McKennitt (e outros cantores de inspiração celta ou semelhante, como Enya, por exemplo), Leonard Cohen, Bob Dylan, Elvis, os Queen e música clássica, sobretudo a de compositores como Tchaikovsky, Mozart, Strauss, ­­­Beethoven e Vivaldi. Há filmes e séries que também são fonte de inspiração para mim: as séries de época da BBC, como “Orgulho e preconceito”, “Jane Eyre” ou “North and South”, a série americana “Twilight Zone” (a original), os filmes de Alfred Hitchcock (“Vertigo”, “Marnie”, ”Os Pássaros” ou “Rebecca” – adaptação do clássico de Daphne Du Maurier - são apenas alguns exemplos), a série “Uma Casa na Pradaria”, os filmes da trilogia “O Senhor dos Anéis”, “O Clube dos Poetas Mortos” e alguns clássicos do terror. E também animação. Por muito que isto espante os leitores, sou apreciadora e defensora da boa animação. Há filmes e séries de animação que me inspiraram, como “A Bela Adormecida”, de Walt Disney, os filmes de Hayao Miyazaki e de outros realizadores do estúdio que ele fundou, os Estúdios Ghibli, e as séries “Os Três Mosqueteiros”/”Anime Sanjushi” e “Ana dos Cabelos Ruivos”.

9. Qual foi a coisa mais disparatada que já escreveste?
R.: Provavelmente, as coisas que escrevi na adolescência.

10. Quem é a primeira pessoa a ler os teus manuscritos?
R.: O meu namorado. Estamos juntos há nove anos e ele tem tido sempre paciência para ler o que escrevo. Agradeço-lhe por isso.

11. O que achas do Novo Acordo Ortográfico?
R.: Como diz Bartleby, uma personagem de Herman Melville, “I would prefer not to.”! Preferiria sem dúvida que as coisas tivessem sido deixadas como estavam. Para além de adorar a nossa língua e ter a sensação de que, com o novo Acordo Ortográfico, o Português se afasta demasiado daquilo que era até agora, não me parece que nós, os brasileiros e os outros falantes do Português tivéssemos assim tantos problemas em compreendermo-nos.

segunda-feira, 21 de março de 2011

E já lá vão 2 anos sem que a estante caia...

Quando há 2 anos uma rapariga me desafiou a criar um blog de livros em conjunto com ela, achei que era uma ideia engraçada. Criámos este nosso cantinho, e partimos na desportiva, escrevendo umas opiniõezitas não muito elaboradas. Algumas até são mais resumos do que outra coisa... Mas lá fomos, escrevendo.

O tempo passou, e essas tretas todas, começámos a escrever melhor, a ser mais picuinhas com a apresentação, a debitar umas opiniões mais sérias e bem formadas, e quando demos por ela tínhamos 100 e tal visitantes por dia, 100 seguidores e comentários todos os dias. No espaço de 4 ou 5 meses ficámos com 130 seguidores, vários comentários por dia, uma média de 120 e tal seguidores por dia, com espantosos picos de 200 e tal (!!) com as vizinhanças desses dias a rondarem os 160/180, passámos a oferecer livros (já oferecemos 1, vá), a fazer entrevistas (2, com uma já publicada e outra a fazer suspense), a ter umas crónicas bem sucedidas, e eu fui convidado a escrever na Estante de Livros, um dos chamados blogs topo de gama da blogosfera literária.

Acho que posso dizer, sem falsas modéstias, que tivemos algum sucesso. Não somos um dos grandes, mas ocupamos aqui o nosso nicho, onde estamos felizes e contentes, a ganhar seguidores e visitas a um ritmo estável e seguro. Evoluímos bastante ao longo destes 2 anos, e esperamos poder continuar a evoluir, tornando-nos cada vez melhores e conseguindo fazer chegar as nossas opiniões a mais pessoas, não em nome de sermos conhecidos ou importantes, mas sim numa tentativa de ajudar quem nos lê, seja a incentivar à leitura, seja a ajudar a escolher o próximo livro a ler, seja o que for!

Para finalizar, vamos lá ter um momento à là Oscars, no qual agradeço a quem nos lê, que são uma parte importante deste blog, e também a quem lemos, tanto outros blogs, como aos livros que temos nas estantes. Tal como há 2 anos atrás, boas leituras, e que a estante NÃO nos caia em cima.

domingo, 20 de março de 2011

Da literatura


Se há coisa que eu aprendi ao longo dos meus anos de escola e de máquina enfardadeira de livros, é que se há pergunta que deixa um professor de português (ou alguém que se ache entendido na matéria) quase de imediato de pé atrás é: "O que é a literatura?".

Como é óbvio, já ouvi várias vezes a pergunta, e já a fiz umas poucas, e a resposta varia de aluno para aluno e ainda mais de professor para professor. A resposta que ouvi dar mais vezes foi: "Então, são os clássicos e aqueles livros que nos fazem pensar.".

Pois bem, esta definição facilmente é deitada abaixo. Acredito piamente, e aposto com quem quiser, que qualquer que seja o fã de Fantástico (isto engloba ficção científica, terror, enfim, todos esses géneros que toda a gente sabe quais são) que se preze é capaz de dizer uns 10 livros que são verdadeiros clássicos, mas que são de imediato classificados como "livros inferiores", pelas mesmas pessoas que deram aquela definição. Ou seja, primeiro temos "os clássicos são literatura" e depois temos "nem todos os clássicos são literatura". Pronto.

Depois, quando aos livros que nos fazem pensar... Bem, eu uma vez vi um livro sobre sexualidade, dirigido a crianças, cuja capa representava um rapazito de 7 ou 8 anos de costas, nu, em cima de uma rapariga da mesma idade, igualmente de costas e igualmente nua. Ora bem, esse livro pôs-me a pensar, só pela capa. Perguntei-me se era boa ideia retratar crianças de 7 ou 8 anos, nuas, na capa de um livro; perguntei-me porque raio é que crianças tão novas precisavam de um livro sobre sexualidade; e perguntei-me ainda quem é que seriam os pais que comprariam aquele livro para os seus filhos... Mas considera-se este livro literatura? Nem pensar nisso.

Eu sei quando dizem "livros que nos fazem pensar", se referem a coisas profundas e sérias, com longas reflexões filosóficas sobre a vida e a morte, a condição humana, a complexidade da vida e sociedade humana, com divagações sem um propósito bem definido, com um fim em aberto, que deixe montes de perguntas em aberto, e então se for uma feita logo no início do livro e trabalhada ao longo de 300 páginas ainda melhor... Mas a sério, só esses livros é que são literatura?

De onde é que vem este preconceito de que a Fantasia não pode ser literatura? De que a poesia é a forma suprema da literatura? De que só livros que demorem 3 meses a ler e a perceber o que o autor diz é que são literatura? Não é "O Senhor dos Anéis" uma das maiores obras de literatura da Humanidade? Não são "As Crónicas de Nárnia" absolutamente mágicas, com uma escrita maravilhosa? Não há livros de Fantasia com muito mais substância que muitos dos livros intelectualóides que os críticos metem em pedestais?

Mas isto levanta outra questão. Quem é que define o que é a literatura? Os críticos? Intelectuais em universidades? A minha opinião quanto aos críticos é que a maior parte não passa de um bando de pretensiosos, cujas críticas tem um único objectivo, que é demonstrar a quantidade de referências literárias que conseguiram apanhar num qualquer livro, mascarando a sua verdadeira opinião numa intricada retórica sofista, com palavras grandes e análises metafóricas de metáforas que só eles é que vêem... O mesmo se passa com os intelectuais em universidades, parece que nunca saíram da escola e que vivem numa constante aula de português, em que têm que analisar todas as frases de um livro até à exaustão.

No entanto, não deve a literatura ser analisada como um todo? É um daqueles casos em que o todo pode ser maior que a soma das partes. Ora bem, e quem é que faz isso? Nós, leitores! Nós, para os quais ler não é um meio de subsistência nem nada que se pareça, mas sim um fim. Ler é o objectivo. Queremos lá saber se ficamos mais inteligentes, ou se ficamos melhor preparados para enfrentar e compreender seja lá o que for. Isso são efeitos secundários, que não negamos nem recusamos, mas nada mais que isso. Nós é que definimos o que é a literatura.

Afinal de contas, a literatura é uma arte, e apesar da minha posição bastante crítica no que toca à arte, uma coisa admito: há poucas coisas tão livres. A arte, seja ela qual for, é um dos expoentes máximos da liberdade de expressão e da liberdade em geral, e a literatura não foge à regra. Aliás, é isso mesmo uma das coisas que nela me atrai (como acontece de certeza com muito mais gente, embora talvez nunca tenham pensado nisso), o facto de quando eu pego num livro, poder estar a pegar em qualquer coisa. Pode ser um livro intelectual; pode ser um livro de horror, cheio de sangue e vísceras a espirrar por todo o lado; pode ser um tratado filosófico com 1500 anos; pode ser uma epopeia grandiosa; pode ser um policial cheio de mistério; pode ser algo que se leia em duas horas; pode ser algo que se leia em 4 meses; pode ser algo absolutamente intragável; pode ser tudo!

E a definição que normalmente se dá de literatura estraga tudo isso. Prender a literatura em cânones muitas vezes ultrapassados é algo que vai contra tudo isso, que em vez de encontrar aquilo que é literatura, prende umas correntes intelectuais à volta de meia dúzia de conceitos e não deixa entrar nada de novo, nem sair nada ultrapassado, desprezando grandes obras. E isso aborrece-me. Deixemos as politiquices e as intelectualidades de lado, percamos os preconceitos e aprendamos a olhar e a ler realmente um livro, ignorando esses ideais pré-formados e pré-formatados. Querem uma definição de literatura? Pois bem, deixem-se de coisas e LEIAM!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Divina Comédia: Inferno


Foram 34 cantos da mais dolorosa agonia. A dos condenados, claro, que eu não sofri nadinha, antes pelo contrário!

A viagem pelos 9 círculos do Inferno, com Virgílio (o autor da Eneida) como guia, é um verdadeiro desfilar de atrocidades e das mais imaginativas condenações, sempre estranhamente apropriadas ao tipo de pecador.

Uma vez que esta parte corresponde a aproximadamente um terço do livro, já me acho no direito de fazer algumas considerações. Para começar, o trabalho do tradutor, o Professor Marques Braga, é excelente. O facto de a língua original ser o italiano também facilita a coisa, uma vez que o português é suficientemente parecido, mas conseguir fazê-lo sem perder o tom épico é algo de extraordinário.

O maior defeito que encontrei foram mesmo as notas. Nunca vi umas notas ao texto tão exaustivas. Tornam-se chatas e ligeiramente ridículas. Por exemplo, a certa altura, quando se se d'"O Poeta", lá vem uma nota a explicar que "O Poeta" é Virgílio. Ou seja, não só explicam pormenores históricos, e de contexto, como explicam (demasiadas) coisas a nível de interpretação, o que para algumas pessoas menos habituadas a ler é capaz de ser porreiro, mas acho que pessoas assim não se põem a ler a "Divina Comédia", não é?

Mas bem, tirando esse pequeno pormenor (mas que me fez arrastar a leitura mais do que era suposto), até agora posso dizer que estou a gostar bastante desta leitura, que me vai servir para finalizar esta Temporada Épica. Prevejo que a leitura ainda dure mais um mês, se calhar... Isto tem que ser ler com muita calma, e eu cá não tenho pressa, embora já ande com saudades de ler uma prosazita convencional...

quarta-feira, 16 de março de 2011

Pseudo-entrevista: Diana Tavares

E agora uma surpresa que não tinha sido anunciada: entrevistas! Pseudo-entrevistas, vá, que isto é assim uma espécie de híbrido entre uma entrevista e um inquérito, que ainda por cima, e para não variar, conta com o toque pessoal deste blog (perguntas meio estranhas e absolutamente despropositadas).

A primeira foi feita a Diana Tavares, jovem autora de "Donzela Sagrada - O Segredo de Thunderland", que teve a simpatia de responder às nossas perguntas (com excepção da primeira, por não ter resposta para ela).

"Diana Tavares nasceu a 9 de Junho de 1992, em Almada. Vive com os pais e o irmão, desde que nasceu. Estuda na Universidade Lusófona, em Lisboa. DONZELA SAGRADA é a sua primeira série de livros, que contará com dois volumes."

Portanto, cá vai a "pseudo-entrevista". Ah, e considerem-se avisados, já temos pelo menos mais uma no forno...

1. Se pudesses entrar na mente de um qualquer escritor, qual seria e porquê?
R.:

2. Trocavas a tua vida para viveres as histórias que escreves?
R.: Sim.

3. Quando escreves, qual é o teu maior medo?
R.: De ter um bloqueio criativo.

4. Como é que te dás com a revisão dos teus próprios textos?
R.: A revisão dos meus textos tem duas fases. A primeira, é a revisão da história, que é feita por mim, uma hora por dia, depois do jantar, onde apago, acrescento e edito a história conforme acho que é necessário. A segunda parte, é a revisão ortográfica, que primeiro é feita por outra pessoa, e depois corrigida por mim, também uma hora por dia.

5. Se alguém fizesse um filme baseado num livro teu, que personagem achas que serias capaz de encarnar?
R.: Em DONZELA SAGRADA, se fizessem um filme ou uma série, adorava interpretar o papel de Dana.

6. Qual o bocadinho de ti que mais deixas no que escreves?
R.: Todas as personagens têm “um pedaço” da minha atitude, dos meus pontos de vista e conflitos interiores. Algumas das discussões que escrevo entre elas são discussões que já tive na minha cabeça, sobre assuntos éticos ou filosofias. É uma forma saudável de pensar nesses assuntos, e crescer com eles.

7. Qual foi a decisão mais difícil que já tiveste que tomar relativamente a uma personagem?
R.: Na segunda parte de DONZELA SAGRADA, tive de ferir uma personagem de forma irreversível, e isso custou-me muito, mas era necessário para que a história e as personagens evoluíssem. Mas foi triste… senti-me mal ao fazê-lo.

8. Quais são as tuas principais inspirações (sejam livros, autores, músicas, situações…)?
R.: Tudo o que vejo, vivo, oiço, sinto ou leio pode dar origem a uma ideia para o meu trabalho. No caso de DONZELA SAGRADA, a história é baseada no mito grego das Horae e nas várias mitologias do mundo, juntas. Por isso esta história em particular tem muitas bases nas mitologias das nossas civilizações antigas – Gregas, Celtas, Vampíricas, Chinesas e Nórdicas. Mas geralmente, a minha maior inspiração é a música, tanto as letras como as melodias. Within Temptation em particular é uma grande inspiração para mim, assim como Nightwish e Evanescence. Música Japonesa também é óptima para inspiração, como Yuki Kajiura. No que toca a situações, geralmente inspiro-me em eventos históricos, ou mesmo acontecimentos do meu dia-a-dia. Definitivamente, as minhas inspirações são a música e a História.

9. Qual foi a coisa mais disparatada que já escreveste?
R.: Quando tento escrever poesia, o resultado é sempre desastroso. Não sou uma poetisa, por muito que tente.

10. Quem é a primeira pessoa a ler os teus manuscritos?
R.: A minha mãe, ou uma amiga.

11. O que achas do Novo Acordo Ortográfico?
R.: Do acordo ortográfico em si, acho que é uma actualização necessária, para acompanhar a evolução da nossa língua. Senão ainda falaríamos “à moda dos antigos”. Quanto a este acordo ortográfico, sou a favor de algumas coisas, como o retirar das letras duplas, e retirar o “feira” dos dias da semana. Mas quanto à maioria dos acentos retirados e outros aspectos, acho mal. Para além de ser desnecessário, pode até vir a ser uma dificuldade e não uma ajuda para a nova geração, quando esta aprender a ler e a escrever.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Leitor Convidado no Estante de Livros

Bem, hoje tenho um texto publicado no Estante de Livros, para onde fui convidado a escrever para uma rubrica relativamente recente que por lá há: "Leitor Convidado".

Pois é, sou o leitor convidado deste mês, e podem ver aqui o meu textozito sobre Leituras Obrigatórias, que me deu bastante gozo a escrever.

Espero que gostem!

domingo, 13 de março de 2011

Brave New World


Título: Brave New World
Autor: Aldous Huxley

Sinopse: Far in the future, the World Controllers have created the ideal society. Through clever use of genetic engineering, brainwashing and recreational sex and drugs all its members are happy consumers. Bernard Marx seems alone harbouring an ill-defined longing to break free. A visit to one of the few remaining Savage Reservations where the old, imperfect life still continues, may be the cure for his distress…

Opinião: Um livro absolutamente hipnotizante, inquietante e provocador, faz esta obra memorável de Aldous Huxley.

A história passada por volta do ano de 2500, centra-se na globalização massificada em que se torna a sociedade mundial, desde o desenvolvimento do trabalho em massa levado a cabo por Henry Ford com o primeiro modelo T.

Neste novo admirável mundo novo, não há espaço para emoções ou sentimentos de qualquer tipo, do amor ao ódio. As pessoas nascem e são fecundadas em laboratórios, onde se realiza colonagem em massa, bem como os fetos são preparados para as suas funções futuras já previamente definidas.

Esta nova sociedade, profundamente hierarquizada e conformada desde a nascença com a sua classe social, encontra a felicidade no trabalho, na droga imposta pelo estado e em orgias sexuais, também estas estimuladas. A monogamia é profundamente reprovada, bem como a paixão.

Quando o inconformado Bernard Marx visita uma Reserva Selvagem no sul da América onde ainda permanece uma civilização velha e imperfeita, conhece um Selvagem cujo interesse profundo no mundo civilizado leva Bernard a levá-lo de volta com ele, mostrando-lhe toda a magnificência do novo mundo. Porém, nem tudo parece perfeito aos olhos do Selvagem. Esplêndido, é tudo o que posso comentar desta obra sublime. De lugar obrigatório em qualquer estante.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Vencedor do passatempo "John Lennon e outros contos fantásticos"


E a vencedora do passatempo é:

Sofia Santos, de Lisboa

Os nossos parabéns à vencedora e a todos os outros participantes!

terça-feira, 8 de março de 2011

Fausto: Opinião

Título: Fausto
Autor: Johann Wolfgang von Goethe
Tradutor: Agostinho d'Ornellas


Opinião: Fausto é, sem dúvida, um livro grandioso. Apesar dos percalços que me "atrapalharam" a leitura da segunda parte desta obra, consegui reconhecer a substância sublime que a compõe.

E caso tivesse dúvidas, aquilo que li na primeira parte foi prova mais do que suficiente de que tinha nas mãos uma das grandes obras da literatura mundial, um verdadeiro épico, ainda que, dos 4 que escolhi para esta temporada, seja aquele que mais foge aos cânones deste género épico.

Não apresenta qualquer tipo de regularidade, intercalando versos soltos (e não é culpa da tradução, que nas notas vem referenciado que era isso que o autor utilizava) com passagens rimadas, versos longos com versos curtos, introduzindo até alguma prosa. As estrofes, todas sendo, sem excepção - que me lembre - falas das personagens, variam entre 1 e várias dezenas de versos.

Além disso tem um tom alegórico muito mais marcado, muito mais visível. Enquanto que n'Os Lusíadas se retratam acontecimentos históricos, mais ou menos romanceados e em Beowulf aparecem várias representações metafóricas, este Fausto é muito mais rico em autênticas fábulas inseridas dentro da narrativa, dominando-a por completo. Como tal, pareceu-me ter uma linha de acção muito mais confusa e repartida em momentos do que os livros anteriores.

O que mais adorei foram mesmo as personagens, nomeadamente as principais, cada uma com as suas particularidades e funções específicas: Fausto, o cientista desiludido, que na sua eterna busca pelo conhecimento descurou aspectos que percebe serem importantes, como o amor e o apaziguamento da sua própria alma; Mefistófeles, sempre educado e lisonjeiro, que oferece a Fausto aquilo que lhe falta, em troca da sua alma; e até Helena, de certa forma, a representação da beleza inatingível, por quem Fausto se apaixona.

O ponto forte são os monólogos, cada um mais fascinante que o outro, embora nada consiga ultrapassar o inicial, de Fausto, em que ele dá conta daquilo que sabe e de como tem noção do quanto não sabe, como sente a falta de coisas que o conhecimento por si só não lhe consegue dar, no fundo, como eu já disse várias vezes, um cientista desiludido, com incursões por todo o lado, da Medicina à Teologia, da Alquimia à Magia e tudo o mais!

É curioso de ver que foi esta história de Fausto, que não nasceu com Goethe, mas que com ele teve um forte impulso, que deu origem a todas as histórias de pactos com o Diabo, todas elas ligeiramente desvirtuadas daquilo que este pacto original é, uma troca vista como justa, com um Mefistófeles nada traiçoeiro nem enganador e um final deveras... surpreendente.

Resumindo, um bom livro, que acredito só não ter achado melhor devido à falta de tempo que me interrompeu e estendeu a leitura por mais tempo do que aquilo que ela merecia.

domingo, 6 de março de 2011

Frankenstein


Título: Frankenstein
Autor: Mary Shelley

Sinopse: Fran­kens­tein conta a his­tó­ria de Vic­tor Fran­kens­tein, um jovem estu­dante, que a par­tir de cor­pos de seres huma­nos que obti­nha em cemi­té­rios e hos­pi­tais con­se­gue dar vida a um mons­tro que se revolta con­tra a sua triste con­di­ção e per­se­gue o seu cri­a­dor até à morte.
Fran­kens­tein foi adap­tado inú­me­ras vezes ao cinema, mas a mais memo­rá­vel ima­gem do mons­tro foi encar­nada pelo actor Boris Kar­loff, em 1931, fazendo ainda hoje parte da cul­tura popular.

Opinião: Certos personagens ou termos incontornáveis que já fazem parte do nosso vocábulo cultural, tais como "utopia" ou "elementar meu caro Watson", mesmo que nunca tenhamos aprofundado o seu conhecimento, estão permanentemente presentes nos nossos discursos.

Frankenstein é disso exemplo. Um clássico da literatura de terror que faz já parte do nosso imaginário colectivo.

É por issso, uma grande obra, escrita por Mary Shelley com apenas dezanove anos, advendo de um desafio entre alguns dos seus amigos mais próximos para escrever um conto de terror.

É sem dúvida uma obra hipnotizante, estimulante, diria.

Ao acompanhar a ritmada história de Frankenstein, um jovem cientista que descobre como criar vida, deparamos com uma profunda consciencialização da inércia humana perante a sua própria inteligência.

O jovem, é assim, guiado pela ambição ciêntifica que o embarca numa experiência avassaladora, criando um ser práticamente indestrutível, dotado de inteligência e sentimentos humanos, porém, de uma fisionomia arrebatadora.

Apavorado com a sua própria criação, Frankenstein abandona o monstro que criou, deixando-o lidar sozinho com a inadaptação social e a intolerância relativas ao seu aspecto. Tais reprovações por parte do ser humano, levam a criatura, inicialmente boa e pura, a odiar a sociedade, virando-se para o ódio para com o ser criador, espalhando o crime e a desolação.

Uma obra esplêndida e de um carácter moral incontornável. Um clássico de lugar indispensável em qualquer estante.

Fausto: Desconexo


Pode-se dizer que este livro escolheu uma má altura para ser lido, tantas são as coisas que tenho para fazer, entre trabalhos e estudar para testes. Não tenho tido muito tempo para ler e nem sequer me apetece ler à noite (pecado!), o que tem feito arrastar-se a leitura por mais tempo do que seria normal, se eu tivesse com tempo e disposição.

Como tal, talvez seja fruto desse problema que não estou a achar tanta piada à segunda parte deste livro. A primeira, como referi no outro post, é absolutamente grandiosa, mas esta... Enfim, parece-me que se perde um bocado em divagações sem sentidos, praticamente desligadas umas das outras, sem terem propriamente um fio condutor que me permita seguir a história e deixar-me agarrado.

Não me interpretem mal, continua com o seu quê de grandioso, com os devidos parabéns ao excelente trabalho do tradutor, Agostinho d'Ornellas, mas pronto as situações como que bailam à frente dos meus olhos, com personagens novas constantemente a entrar e a sair. Acredito que sejam o pano de fundo das mais variadas e brilhantes alegorias, e talvez seja eu que não esteja a conseguir captar tudo, em virtude da situação, mas o que é que eu posso fazer, os livros acabam por ser vítimas da altura em que são lidos.

Com isto dito, estou a gostar, embora talvez não tanto como gostei da primeira parte do livro, as primeiras 220 páginas, mais coisa menos coisa. Já quase que me arrasto por algumas passagens, que me soam demasiado elaboradas e demasiado artificiais, e já praticamente não retenho nenhuma imagem na memória, da forma como reti o monólogo de um Fausto ambicioso e desiludido com tudo o que sabe.

Como nota positiva, a mitologia, que aparece em força nesta parte, embora por vezes seja usada de forma exagerada e extenuante, acabando por me cansar de tanto ser mitológico a ser usado para dizer 2 ou 3 falas e depois desaparecer de vista.

Mas bem, já só me faltam umas cento e pouco páginas, pode ser que lhe recupere o gosto entretanto.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Passatempo - John Lennon nunca morreu e outros contos fantásticos

É verdade, o "Que a Estante nos Caia em Cima" tem, para oferecer, um exemplar autografado do último livro da Catarina Coelho, "John Lennon nunca morreu e outros contos fantásticos"!

Para se habilitarem a ganhá-lo, só têm que responder correctamente às seguintes perguntas:

1. Qual a escritora mencionada na dedicatória deste livro?
2. Quantos contos contém a obra?
3. Quais os contos pertencentes ao livro?

Cujas respostas podem facilmente ser encontradas no blog do livro, John Lennon nunca morreu.

É só responder e enviar as respostas, juntamente com o nome completo e a morada, para o nosso e-mail, queaestantenoscaiaemcima@gmail.com.

Atenção que só serão válidas as participações que contenham todos os dados pedidos, bem como todas as respostas certas (a não ser que ninguém as acerte todas...). O vencedor, ou vencedora, será sorteado/a aleatoriamente.


O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 8 de Março.

Boa sorte!