sábado, 5 de maio de 2012

Cemitério de Lunáticos - 2

Título: Cemitério de Lunáticos - 2
Autor: Ray Bradbury
Tradutor: António Porto

Sinopse: Uma obra de Ray Bradbury é sempre um acontecimento. O seu "Cemitério de Lunáticos" é a Hollywood da década de 50, olhando como Janus tanto para o passado como para o futuro. O seu herói (que o não é) é um argumentista e um adorador de estrelas. Em 1954, Na Noite das Bruxas, uma mensagem anónima convida-o a ir ao Cemitério de Green Glades, onde irá encontrar "uma grande revelação". A revelação é um cadáver, ou antes, uma reprodução perfeita de J. C. Arbuthnot, o antigo e poderoso senhor do grande e glorioso estúdio Maximus Films, que morreu vinte anos antes. Ou não? O leitor, o herói (?) e o seu amigo Roy Holdstrom, inventor de cenários e artifícios para os filmes de ficção científica, lança-se numa viagem pelo passado e pela verdade. Mas qual verdade?

Opinião: A divisão entre este livro e o anterior é meramente ilusória, pois são apenas um livro, dividido em dois para esta edição portuguesa, provavelmente por questões de tamanho. Isto significa que a opinião que vou dar, teoricamente sobre este segundo volume, é no fundo uma opinião geral sobre o livro no seu total.

Vou começar por repetir algo que já mencionei, que é o ritmo frenético e verdadeiramente avassalador da história. Pode até ter sido consequência do ritmo igualmente acelerador a que os li, ou então esse ritmo é consequência do ritmo da história, mas parece-me que a própria narrativa andaria a correr, se tivesse pernas.

Mal reparei no acumular de mortos que foi sucedendo. Volta e meia morria alguém, ou desaparecia alguém, ou havia algum acontecimento de relevo que tinha consequências inesperadas e que alteravam por completo o rumo da história, cheia de voltas e reviravoltas, algumas mais surpreendentes que outras, mas todas sempre bastante interessantes.

Afinal, quem é que levou o narrador ao cemitério, na Véspera de Finados? Quem é a Besta que tanto o hipnotizou, assim como ao seu amigo Roy? O que é que se passou exactamente há vinte anos, no dia do acidente que vitimou os Sloane e Arbuthnot, o autêntico imperador do estúdio Maximus Films? Perguntas sem resposta durante a maior parte da história, respondidas em catadupa mesmo no final, apesar de aparecerem várias soluções que parecem as correctas e que depois se revelam como falsas, ao melhor estilo de Agatha Christie.

O livro em si não tem nada de sobrenatural, ou de inacreditável, tem apenas alguns pormenores mais estranhos que apenas geram ainda mais interesse pela história, recheada de suspense e de mistério. Além da escrita, espectacular, e da história, super interessante, acho que são as personagens que mais marcam, neste livro. Todas têm as suas particularidades que as tornam inverosímeis, enquanto pessoas reais, mas que ao mesmo tempo lhes dão uma profundidade e um realismo dificilmente atingíveis.

E tudo isto por apenas 3 euros, que foi o que paguei por ambos os volumes. Este ressurgimento da colecção Argonauta foi das melhores coisas que aconteceu em termos literários nos últimos anos.

Sem comentários: