terça-feira, 1 de maio de 2012

Cemitério de Lunáticos

Título: Cemitério de Lunáticos
Autor: Ray Bradbury
Tradutor: António Porto

Sinopse: Uma obra de Ray Bradbury é sempre um acontecimento. O seu "Cemitério de Lunáticos" é a Hollywood da década de 50, olhando como Janus tanto para o passado como para o futuro. O seu herói (que o não é) é um argumentista e um adorador de estrelas. Em 1954, Na Noite das Bruxas, uma mensagem anónima convida-o a ir ao Cemitério de Green Glades, onde irá encontrar "uma grande revelação". A revelação é um cadáver, ou antes, uma reprodução perfeita de J. C. Arbuthnot, o antigo e poderoso senhor do grande e glorioso estúdio Maximus Films, que morreu vinte anos antes. Ou não? O leitor, o herói (?) e o seu amigo Roy Holdstrom, inventor de cenários e artifícios para os filmes de ficção científica, lança-se numa viagem pelo passado e pela verdade. Mas qual verdade?

Opinião: Só depois de ter lido esta primeira parte é que descobri que o "Cemitério de Lunáticos" é o segundo livro duma trilogia deste autor, iniciada com "Death Is A Lonely Business" e terminada com "Let's All Kill Constance". Mas felizmente acho que não há grande continuidade, é mais o aproveitar de temas, como o mistério, o suspense e o bizarro, e o reutilizar personagens ligadas entre si.

É claro que isso não me vai impedir de tentar ler os outros livros, num futuro próximo, mas pelo menos deixa-me relativamente apaziguado quanto a começar uma trilogia a meio. E pensando no que li, realmente há alguns pormenores que só devem fazer sentido depois de ler o primeiro, mas a verdade é que parece-me que não perdi nada de especial, em termos de história.

Quer dizer, se calhar até perdi, mas não por causa do motivo acima mencionado. Se deixei escapar alguma coisa, foi apenas graças ao ritmo frenético e acelerado da narrativa. Tendo em conta que o único outro livro que li deste autor foi o Fahrenheit 451, um livro calmo e em certa medida etéreo, a pressa e constante movimento deste livro foi como ser atropelado pela mente do autor. Talvez o estilo de escrita do autor flutue assim tanto entre livros, ou talvez tenha sido a evolução natural de Bradbury enquanto escritor, mas este "Cemitério de Lunáticos" é um choque literário a alta-velocidade, que mal nos deixa respirar enquanto tentamos absorver tudo aquilo que está a acontecer.

O narrador sem nome, que é normalmente identificado com o próprio Bradbury, diz a Internet, pareceu-me tão perdido e atónito a viver a sua história, como eu a lê-la. Mantendo-se com dificuldade à tona dos acontecimentos, o narrador envolve-se numa trama misteriosa sem dar por ela, para a qual é também arrastada o seu melhor amigo, Roy Holdstrom, criador de monstros e cenários para filmes de stop motion, enquanto que o narrador escreve histórias com monstros, com o objectivo de um dia escrever algo digno de chegar ao grande ecrã.

É tudo demasiado rápido para relatar, de tal forma que até as personagens parecem constantemente irritadas com o rápido andamento de tudo o que se passa e despejam os seus humores para fora sobre a forma de diálogos zangados pontuados a palavrões, actos irreflectidos e repentinos e uma permanente pressa em tudo o que fazem.

Até agora está a ser uma leitura muito boa, mas opinarei melhor depois de ler a segunda metade da obra.

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