sexta-feira, 22 de junho de 2012

Gog

Título: Gog
Autor: Giovanni Papini
Tradutor: Erico Veríssimo

Sinopse: Considerada por uma boa parte da crítica literária europeia a obra mais importante de Giovanni Papini, Gog é uma sátira por ele publicada em 1931, na qual se retratam alguns dos aspectos mais negativos do homem contemporâneo.
O seu protagonista é um milionário americano que decide iniciar uma viagem para conhecer o mundo do seu tempo. Ao longo de sucessivos capítulos, ir-se-á então encontrar com personagens como Freud, Lenine, George Bernard Shaw ou Einstein, todos a seu modo campeões da modernidade.
E o que este livro faz é isso mesmo: confrontar o cidadão comum com os diversos mitos modernos, seja no terreno da arte, seja nos da filosofia, da moral, da ciência ou da política. Reler Gog, neste início do século XXI, não é um gesto inútil nem um acto de pura fruição literária. Os tempos podem ter mudado, a Itália e a Europa podem estar hoje muito diferentes daquilo que eram nos anos 30, mas a humanidade continua a confrontar-se com novos mitos que parecem, hoje como então, constituir o seu destino inelutável.
Este paradoxal diário de viagem é uma das obras-primas da literatura do século XX.

Opinião: Gog é um livro diferente. Ao início não sabia bem o que esperar, mas como me foi aconselhado (e emprestado) por alguém com um gosto literário quase decalcado do meu, digamos que tinha confiança que fosse bastante espectacular.

E não é que não fui enganado? O livro proporciona uma leitura de facto muito boa, com o seu estilo entre o diário, a colectânea de crónicas e o livro de contos, e ao ser, no seu todo, uma crítica fortíssima ao Homem. Os vários pequenos troços falam cada um de uma ou de várias características bastante negativas e que actualmente são comuns à maior parte da população.

O mais interessante é a forma como o faz. Apesar de cada pedaço do livro ser uma crítica bastante dura a um traço de personalidade em particular, a crítica é feita com humor, de forma mais ou menos disfarçada e alegórica, ou com recurso a metáforas que podem ou não ser bastante óbvias. Eu sei que parece que não sei muito bem como definir este livro, mas é porque é isso que acontece. O livro e as suas histórias são complicadas de definir, pois são relativamente díspares entre si. O traço em comum é a personagem principal, Gog, um homem rico, demasiado rico, para dizer a verdade, que decide gastar o seu dinheiro a satisfazer todos os seus caprichos e a perseguir todos os seus ideais.

Gog é uma personagem interessante, ligeiramente fria e cruel, por vezes, mas com um certo fundo de decência obstinada, embora raramente nas consequências reais de satisfazer alguns dos seus caprichos, e dando sempre a ideia de que tudo se pode comprar, desde uma sala cheia de corações a bater (o que ele compra mesmo), até pessoas, que tenta basicamente comprar por várias vezes, e que chega mesmo a comprar, ainda que nunca seja durante muito tempo.

Só para acabar, digo que é uma leitura bastante interessante e que imagino que não seja fácil de encontrar... E por isso, uma quantidade imensa de obrigados a quem mo recomendou e emprestou. Às pessoas em geral, só me resta dizer para o procurarem e lerem.

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