sábado, 24 de novembro de 2012

Mensagens do Futuro [2]


Título: Mensagens do Futuro
Autores: Arthur C. Clarke, Brian Aldiss, Edmond Hamilton, Isaac Asimov, James Tiptree Jr., Kate Wilhelm, Mark Clifton, Robert Sheckley, Robert Silverberg, Ron Goulart
Tradutor: Eurico Fonseca

Opinião: Continuando onde acabei ontem: em Porquê?, de Robert Silverberg, a questão é tão simples quanto essa. Porquê? Porque é que insistimos em explorar, em sair da nossa zona de conforto e corremos riscos? Já morreram pessoas por causa das nossas ilusões de grandeza, o planeta inteiro tem actualmente problemas graves por sermos como somos. Mas não deixamos de ser curiosos, teimosos, de querer explorar tudo e conhecer tudo. Construímos as nossas naves e os nossos telescópios e tentamos perscrutar o Universo que nos rodeia, tentamos explorá-lo com objectivas potentes e naves massivas. E no fim do dia, fica a pergunta... Porquê? A resposta a que Silverberg chega é simples, e parece-me demasiado simples e óbvia para estar errada: porque podemos.


No conto seguinte, Ron Goulart mistura ficção científica e policial numa história que não achei nada de especial nem particularmente original. Que aconteceu ao Rosca-Moída? não passou, para mim, de um conto banal que tenta contar uma história bonita com características típicas da ficção científica.

Houston, Houston, estão a ouvir-me?, de James Tiptree Jr., que é afinal Alice Sheldon, desenvolve uma história sólida e algo assustadora, e é a prova escrita, como se tal ainda fosse preciso, de que a ficção científica e o terror são dois géneros quase siameses, tão facilmente se consegue oscilar entre um e outro, ou simplesmente misturar os dois numa história coerente. Eu pessoalmente já acreditava nisso, desde que li João Barreiros, mas este conto é mais uma evidência disso mesmo. E uma das que tem qualidade.

Essa sensação de quase simbiose entre FC e terror é continuada nesta penúltima história, Onde estiveste, Billy Boy, Billy Boy?, de Kate Wilhelm, um conto que o próprio Asimov descreve como "uma das histórias mais calmamente assustadoras que alguma vez foram lidas.". Eu compreendo o que ele quis dizer, há um certo tom de ameaça e de medo permanente ao virar de cada página, mas não me conseguiu convencer. Achei demasiado confuso e desconexo, especialmente tendo em conta o tamanho que tem. Talvez seja uma ideia que tivesse resultado melhor se tivesse sido contada num livro inteiro, mas falha o seu propósito ao apresentar-se como uma história tão curta.

E por fim, um conto do mestre em pessoa. Asimov presenteia-nos com A Pergunta Final, o único conto que não tem uma pergunta como título e que acaba por ser o mais alegórico de todos. No fundo não é bem um conto, li-o mais como um ensaio, parece um exercício literário e filosófico, que começa com uma premissa bastante simples de um mega computador que sabe responder a tudo, e que é desenvolvida passo a passo, à medida que o conto foi sendo escrito. Um conto/ensaio muito bom, a dar por terminada uma antologia muito boa de um género literário muitas vezes desprezado, e que aqui prova que consegue ser tão literário e filosoficamente activo como qualquer outro.

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