sábado, 1 de dezembro de 2012

Brinca Comigo!

Título: Brinca Comigo!
Autores: David Soares, João Barreiros, João Ventura, Luís Filipe Silva

Sinopse: Divirta-se, viaje e surpreenda-se com estas estórias fantásticas, forjadas na imaginação de quatro dos mais conceituados e inventivos escritores do género em Portugal, e que tiveram como ponto de partida aquele que é talvez o mais fascinante de todos os objectos: o Brinquedo. Ou haja quem nunca tenha experimentado os mundos maravilhosos que irresistivelmente se nos abrem a seus pés!

Opinião: É sempre agradável encontrar um livro à venda que já se pensava impossível de encontrar. Foi o que aconteceu com esta (abençoada feira do livro da estação de metro do Oriente) pequena colectânea de 4 contos, que inclui 2 dos meus escritores favoritos: João Barreiros e David Soares.

Não quero desprezar os outros dois autores, atenção. Só que de João Ventura não conheço quase nada, e apenas recentemente tive noção de quem era o Luís Filipe Silva, co-autor do Terrarium, que ainda tenho que encontrar, juntamente com o João Barreiros, e de outras histórias de ficção científica, editor de antologias e tradutor, além de outras actividades dentro da literatura, especialmente da ficção científica.

Interessante, mas quer dizer, João Barreiros! David Soares! Alguém que acompanhe as minhas opiniões deve ter noção do fascínio que tenho por estes 2 escritores. Mas vou tentar não descair muito para o lado de fã excitadinho.

Ora bem, o primeiro conto é precisamente Brinca Comigo!, que dá o título à antologia. É um conto interessante que eu já tinha lido em Se Acordar antes de Morrer, sobre um futuro distópico em que os brinquedos se agregaram numa Horda em busca de um alvo final. O ambiente é negro, a história é negra e as personagens são brinquedos... Foi para mim o melhor conto destes 4, digam lá que não estão interessados?

Passando a David Soares, o que é que acham que se pode esperar de Um erro do Sol? Definitivamente o conto mais estranho, sangrento e perturbador. Este homem escreve Horror com H bem grande. Tudo começa de forma muito inofensiva, com um brinquedo estranho, e descamba de forma bastante.... à là Soares, ainda que ligeiramente previsível. Se isso significa que este conto classifica este livro como "de certeza não aconselhado para estômagos fracos"? Completamente.

Mas para descansar um pouco, aparece A Boneca, de João Ventura, o conto que achei mais fraquinho. É interessante e a escrita não é má, mas pareceu-me ligeiramente banal e confuso. Uma história de voodoo ao longo de um período de tempo bastante alargado, e que serve como motor de uma (não tão) ligeira crítica social e isso tudo, mas enfim. Nada de especial.

Por fim, Não é o que ignoras o motivo da tua queda mas o que pensas saber, de Luís Filipe Silva, foi das coisas mais curiosas que li nos últimos tempos. A história base não é propriamente nova, uma invasão de extraterrestres, a forma como se lida com isso é que me pareceu bastante diferente do habitual. Estes extraterrestres são muito sossegados, muito calminhos, mas completamente implacáveis e imparáveis. E é óbvio que são vencidos, de forma bastante curiosa. Ou não.

Resumindo, apesar de ser um livro pequeno, Brinca Comigo! é uma leitura bastante interessante, que tirando o conto do João Ventura, tem apenas contos de muita, muita, muita qualidade, de escritores com muita, muita, muita qualidade, que raramente desiludem ou que prometem muito: João Barreiros, David Soares e Luís Filipe Silva. Não é, no entanto, um livro que seja lá muito aconselhado a toda a gente... Tem David Soares, e é sempre preciso algum estômago para digerir algo que ele escreva, não é verdade? Considerem-se avisados.

P.S.: Este livro deve ter a capa mais perturbadora de sempre.

3 comentários:

Morrighan disse...

Quero muito ler este livro...

Anónimo disse...

E antes ainda de ser aí publicado já o Brinca Comigo! tinha saído numa ezine: http://pt.scribd.com/doc/27791827/Nova-Ezine-3

Rui Bastos disse...

Morrighan, devias ter a minha sorte a encontrar livros na feira do livro do Oriente!

Thanatos, não fazia ideia!