quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Ficções


Título: Ficções
Autor: Jorge Luís Borges
Tradutor: José Colaço Barreiros

Sinopse: Unanimemente considerado como um dos monumentos literários mais deslumbrantes do século XX, Ficções embrenha-se no universo labiríntico de Jorge Luís Borges como nenhuma outra obra do autor. Num diálogo constante entre ficção e realidade, entre ciência e fantasia, Borges obriga o leitor a assumir um papel activo, a enfrentar as suas próprias incógnitas, a reflectir sobre o seu papel. O leitor descobre rapidamente que, nessas "ficções", há algo mais do que uma diversão retórica ou um passatempo mental e, à medida que avança na leitura, começa a vislumbrar a trama complexa de uma metafísica inquietante.
Ficções é composto por dois livros que, num primeiro momento foram publicados em separado, O Jardim dos Caminhos Que Se Bifurcam e Artifícios, embora ambos girem à volta das mesmas imagens e dos mesmos temas: o infinito, os jogos de espelhos, a cabala, os enigmas de detectives, o destino, o tempo, o fascínio pela palavra... Em todos os contos se respira um espírito atemporal, de universalidade, no qual se pode encontrar uma biblioteca com todos os livros possíveis, um homem de memória infinita e outro capaz de dar vida a uma personagem sonhada.

Opinião: A conclusão mais imediata que retiro desta leitura é que Borges era um génio. A segunda conclusão mais imediata é que não é nada fácil ler Borges.

A escrita é óptima, sem ser demasiado intrincada. Mas os enredos, quando os há bem definidos, são terrivelmente complexos e cheios de simbolismo. Jorge Luís Borges tem uma metafísica muito própria, repleta de fascínio pelo infinito, pelo conceito de Tempo e pela leitura.

Tudo isto com um simbolismo extremo. Acho que às vezes é possível ler duas ou três páginas seguidas deste livro sem encontrar uma única palavra que não esteja envolvida num qualquer simbolismo obscuro.

E de uma certa forma, isso é uma grande parte daquilo que faz Jorge Luís Borges um génio, mas é igualmente a principal causa de ser tão complicado de ler. É que embora cada conto raramente ultrapasse as 10 ou 15 páginas, com a maior parte a ter 5 e 6, a densidade narrativa, ideológica e simbólica é absurdamente enorme.

Para não variar, nestas coisas, tenho que dizer que provavelmente passou-me muito simbolismo ao lado. No meio de tantos espelhos, homens sonhados que sonham homens, infinitos, bibliotecas enormes com todos os livros possíveis e tantas outras coisas, é-me bastante complicado apreender todos os pormenores que o escritor tenta fazer passar, e muito menos toda a simbologia que não duvido estar bastante concentrada em quase tudo.

Mas apesar disso, percebi perfeitamente o quão genial este escritor era. As histórias são acima de tudo bizarras, algumas parecem experiências mentais, e todas elas revelam uma imaginação virtualmente sem limites, bem como uma mestria na escrita e na forma como desenvolve as ideias.

Só por isso já valeu a pena ler o livro... Por isso e por ter ficado ainda mais curioso quanto a este autor. As pequenas ficções presentes neste Ficções vão do completamente absurdo ao quase plausível, e há frequentemente uma mistura e um confronto entre a ficção fantástica que é lida, a realidade que é lida, e a realidade que é vivida. O que faz deste um livro deveras estranho e magistral, embora não possa afirmar que tenha delirado com o livro, mas provavelmente só por causa das razões que mencionei ali em cima, nada de muito importante... Agora vão, e leiam Jorge Luís Borges!

1 comentário:

Anónimo disse...

Um escritor que sempre quis ler, mas lá vou eu adiando e adiando... espero um duia ler um livro seu...