domingo, 29 de julho de 2012

Férias e isso tudo

E parece que estou de férias, longe de Olisipo, o que significa menos tempo no computador.

Como tal irei ler mais, mas não irei publicar mais nada aqui até voltar. Eu até tenho uma série de ideias para escrever umas crónicas, mas prefiro tirar este tempinho e publicar quando voltar. É-me mais fácil e ainda aproveito para passar menos tempo às voltas nas internetes e mais em redor dos livros.

Para ajudar à festa, esperam-se mudanças aqui no sítio. Eu durante o ano, entre estudar e afins, não tive muito tempo para me dedicar como gostaria, ao blog. Mas a verdade é que já ando de férias há mais de um mês, e ainda só me limitei a publicar umas opiniões dos livros que tenho lido.

Já podia ter aproveitado para dar um novo fôlego à coisa, não já? Podia, mas achei que talvez fosse melhor esperar um pouco, especialmente tendo em conta que vou agora interromper durante sensivelmente um mês. Já para não falar das tais mudanças que anunciei ali em cima.

A mais relevante é a seguinte: a Alice, co-autora, co-fundadora e a pessoa que teve originalmente a ideia de criar este blog, vai deixá-lo. Tem os seus motivos e eventualmente irá escrever um texto de despedida. É com muita pena que digo isto, e mais tarde digo mais qualquer coisa sobre o assunto.

Para terminar, têm ali aquela pilha de livros, que deve ser mais ou menos do tamanho daquela que tenciono ler até regressar. Ah, e mais uma coisa. Aconselho a arranjarem a próxima revista da Saída de Emergência, a BANG!. E procurem bem na zona das críticas!

E pronto, divirtam-se, leiam que nem tresloucados, que tenciono fazer exactamente isso...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

2001 - Odisseia no Espaço

Título: 2001 - Odisseia no Espaço
Autor: Arthur C. Clarke
Tradutor: Maria Nóvoa

Sinopse: A Discovery movimenta-se no espaço a cento e cinquenta mil quilómetros por hora. É o primeiro ano do século XXI. A bordo da nave espacial encontram-se dois navegadores e três astronautas deitados em câmaras de congelação. E HAL.
Hal é um computador muito extrovertido que vigia incessantemente o rumo da nave e o dia-a-dia de bordo. A missão da Discovery deve-se à descoberta de um estranho monólito encontrado na cratera Clavius, na Lua.
Trata-se de um cartão de visita deliberadamente enterrado há milhões de anos por uma inteligência extraterrestre.
É preciso encontrá-la. Seja onde for. Seja quem for.

Opinião: Quem nunca ouviu falar neste título, 2001 - Odisseia no Espaço, tem vivido num bunker anti-nuclear em Marte, nas últimas décadas. Filme e livro foram feitos em simultâneo, o primeiro pela mão de Stanley Kubrick, que escreveu o guião em conjunto com Arthur C. Clarke, que por sua vez escreveu também o livro.

O filme é só um dos mais conhecidos de Kubrick, e o livro um dos mais conhecidos de Clarke. Este duplo sucesso catapultou ambas as obras para os píncaros da ficção científica cinematográfica e literária.

Quanto ao filme pouco ou nada posso dizer, que ainda não vi, embora não falte muito. Mas relativamente ao livro, podia resumir toda esta opinião dizendo apenas que é genial. Como em qualquer bom livro de ficção científico, os temas são relativamente pesados e abordados com mestria. Tudo começa verdadeiramente quando se descobre um monólito profundamente preto e claramente artificial plantado na Lua, e que as provas científicas datam como anteriores à existência da espécie humana. O monólito torna-se assim numa prova da existência de vida para além do nosso planeta.

As consequências que tal revelação pode trazer são faladas no livro de forma clara e interessante, embora não se tornem propriamente o foco principal da obra, mais centrada na história em si. As personagens não me pareceram propriamente desenvolvidas e a mais interessante talvez tenha mesmo sido HAL 9000, uma marca icónica do filme, um supercomputador que controla a nave que tem como objectivo descobrir civilizações extraterrestres. HAL é tão tecnologicamente avançado que tem algo parecido a uma consciência e uma personalidade humanóide completamente formada, que o leva a cometer certos actos que pareciam impensáveis, para uma máquina.

Além da história, mais do que interessante, e dos temas abordados (coisas como a solidão, a nossa pequenez e insignificância relativamente ao Universo), há ainda algo neste livro que me deixou profundamente fascinado: as descrições. Com a história quase totalmente passada algures no espaço, os momentos em que Clarke descreve as estrelas, os planetas e afins corpos celestes são simplesmente divinais. E o mais espantoso de tudo é a consistência científica, prova do cuidado que o autor teve, ao escrever o livro. Tendo em conta a altura em que foi escrito, as descrições de formações estelares, planetas e seus respectivos satélites naturais estão muito bem feitas e apelativas.

Ou seja, 2001 - Odisseia no Espaço é um marco na ficção científica que merece (deve!) ser lido e, muito provavelmente, visto.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A Varanda do Frangipani

Título: A Varanda do Frangipani
Autor: Mia Couto

Opinião: Os adjectivos que talvez fossem mais justos para descrever este livro são adjectivos que eu não costumo usar, e os conceitos que preciso para justificar o quanto gostei dele, são conceitos que me fazem alguma comichão.

Passo a explicar. Palavras como "belo", "lindo" e "maravilhoso", apesar de correctos, não ficam bem. São termos pouco do meu agrado, pelas palavras em si, embora talvez fossem a melhor forma de descrever o livro, de forma a que toda a gente perceba o que eu quero dizer. Mas vou tentar fazer à minha maneira.

Pois bem, gostava que prestassem muita atenção a esta opinião, pois vou apelidar este livro de poético e dizer que gostei bastante de o ler por isso mesmo. A minha ligeira aversão à poesia, que é matéria para outras conversas, é bastante conhecida e não tão ligeira quanto isso. Por isso pode ser um pouco inesperado, e acreditem que o mais surpreendido sou eu, o facto de eu gostar tanto de um livro com passagens que tanto se aproximam da poesia.

Pelo menos foi esse o meu primeiro pensamento. Depois percebi que fazia todo o sentido. Isto é o mais parecido com poesia que eu sou capaz de apreciar: prosa bem escrita, lírica e... E novamente me faltam palavras. Acho que o melhor é dizer que a melhor parte deste livro é exactamente a beleza da escrita.

Mia Couto, moçambicano, escreve um português com uma gramática diferente daquilo a que eu estou habituado, inundado de termos africanos de culturas em grande parte desconhecidas dos portugueses, e fala bastante de tradições e costumes parcialmente esquecidos.

Tudo isto enquanto conta uma história que avança a um ritmo muito próprio e que serve, mas não só, como forma de transmitir a poesia inerente à sua escrita. Os termos africanos, como maka, para conflito, ou ximpoco, para fantasma, dão um tom bastante especial a toda a narrativa, ajudando bastante a criar o ambiente certo para esta história.

No fim disto tudo, o meu último conselho é para que leiam, pelo menos este livro. Só não aconselho vivamente a lerem mais coisas de Mia Couto porque eu próprio ainda não o fiz, mas uma escrita destas de certeza que não é coisa que só aconteça para um livro.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A Demanda de D. Fuas Bragatela

Título: A Demanda de D. Fuas Bragatela
Autor: Paulo Moreiras

Sinopse: Nascido em Trancoso no dia em que D. Dinis dava os últimos suspiros, D. Fuas Bragatela estava destinado a ser alfaiate, mas nele outros sonhos fervilhavam. Saiu, por isso, de casa muito novo, serviu a vários amos (com quem nada aprendeu senão os rigores da vida) e, depois de muitas peripécias, acabou a combater na batalha do Salado, donde não trouxe honra nem glória, apenas uma fome dos diabos. Arribou seguidamente a Salamanca, fazendo-se passar por licenciado em Medicina, e regressou à pátria com o cheiro da peste colado às narinas. Mas foi então que descobriu a demanda da sua vida: um dos maiores tesouros da Cristandade.
Num romance que constitui um retrato notável do Portugal medieval - e no qual não faltam alcoviteiras que fabricam hímenes, clérigos que vendem pedaços de céu, meirinhos corruptos, estalajadeiros manhosos, donzelas a transbordar de carnes e rapagões esfomeados -, Paulo Moreiras oferece-nos as irresistíveis aventuras de uma personagem quixotesca, na qual existe um pouco de todos nós, portuguesinhos à beira-mar plantados.

Opinião: A história de como decidi comprar este livro não é muito grande, e é de certeza uma história de 99% dos leitores vão achar familiar. Passou-se da seguinte forma: vi o livro, não reconheci o título, mas achei-lhe piada, não reconheci o autor e achei que tinha uma capa espectacular e, por isso, comprei-o. Fim.

Pois é, isto às vezes acontece. O livro até nem é propriamente recente, e a capa que tanta atenção me chamou é um quadro de Pieter Bruegel, o Velho, o primeiro de uma família de pintores flamengos. Esta edição é que é recente, uma espécie de edição comemorativa dos 10 anos do lançamento do livro.

Mas pronto, a moral da história é que bastou uma capa porreira e um título engraçado para eu ficar com uma vontade imensa de comprar e ler o livro. Como disse, de certeza que a maior parte das pessoas que tenha a leitura como costume vai perceber isto.

Adiante, que estou a escrever muito e a dizer pouco. Este livro é escrito na primeira pessoa, pela voz de Fuas Bragatela, que veio a ser Dom, sem saber bem como. D. Fuas decidiu escrever as suas memórias, para que o seu filho soubesse quem ele era e como tinha vivido. Estas memórias estão cheias de peripécias, situações hilariantes e personagens memoráveis.

No entanto, e apesar da narrativa em si ser simplesmente genial e hilariante, a melhor parte deste livro é a escrita. O autor usa uma linguagem que parece mesmo saída de um Portugal medieval, cheia de arcaísmos e palavras... não direi estranhas, mas curiosas. Entre canadas de vinho, gorgomilo, gusano, velhos barbaçanas e outras coisas que tais, a única reacção possível foi ficar deliciado.

Eu que tanto aprecio a língua portuguesa, especialmente quando mete palavras curiosas e expressões engraçadas, tive praticamente 300 páginas de um português divinal, de tom medieval, recheado de expressões e palavras antigas e caídas em desuso... A minha opinião final é que vale a pena ler este livro, nem que seja pela escrita e pela linguagem utilizada.

No que toca a mensagens mais profundas, a sinopse tem razão, D. Fuas é não só português, como Portugal. Aquele espírito de quem quer ir mais longe, mas da forma mais rápida possível, com tanto desenrascanço envolvido e misturado ora com doses brutais de azar ora com quantidades descomunais de sorte... O indivíduo português, de uma forma geral, é assim, um D. Fuas do século XXI. Quer tudo, sem fazer nada, tem sempre esperança que cheguem dias melhores, e vai vivendo, dia após dias, na base do desenrascanço, umas vezes propositado, outras vezes inevitável... No fim disto tudo, espero ter deixado a ideia de que é um óptimo livro que merece ser lido!

domingo, 15 de julho de 2012

So Long, and thanks for All the Fish

Título: So Long, and Thanks for All the Fish
Autor: Douglas Adams

Sinopse: Back on Earth with nothing more to show for his long, strange trip through time and space than a ratty towel and a plastic shopping bag, Arthur Dent is ready to believe that the past eight years were all just a figment of his stressed-out imagination. But a gift-wrapped fishbowl with a cryptic inscription, the mysterious disappearance of Earth's dolphins, and the discovery of his battered copy of The Hitchhiker's Guide to the Galaxy all conspire to give Arthur the sneaking suspicion that something otherworldly is indeed going on. . . .
God only knows what it all means. And fortunately, He left behind a Final Message of explanation. But since it's light-years away from Earth, on a star surrounded by souvenir booths, finding out what it is will mean hitching a ride to the far reaches of space aboard a UFO with a giant robot. But what else is new?

Opinião: E assim chego ao fim de uma saga, da Trilogy of Four do Hitchhiker's Guide to the Galaxy. Mas não com a melhor das conclusões, diga-se. Este quarto livro é mais sério, mais focado numa história que se vai desenvolvendo lentamente e que tenta atar todas as pontas deixadas soltas nos livros anteriores, mostrando até uma clara preocupação com esse assunto.

Mais sério e, portanto, menos virado para a comédia, o que significa que nem parece um livro da mesma saga que nos primeiros 3 livros apresenta verdadeiras pérolas de comédia geek. Este, vá, é engraçado, mas nada de extraordinário. Ainda por cima a melhor personagem dos 4 livros mantém-se ausente durante a maior parte dos acontecimentos: Marvin. O paranoid android, agora 37 vezes mais velho que o próprio Universo, graças às tarefas que lhe são designadas e aos frequentes saltos temporais, sempre extremamente deprimido e desiludido com tudo o que o rodeia e consigo mesmo, é sem dúvida a melhor parte de tudo isto.

Ainda por cima o fim deixa muito a desejar. Uma grande demanda, tanta coisa que passaram, durante tempo tempo, tanta peripécia mais ou menos perigosa e depois... Enfim, fraquinho, mesmo.

Aquilo que ainda posso dizer é que fiquei desapontado com este último livro. Acho que a trilogia tinha ficado muito bem como trilogia normal. Este livro, e possivelmente os outros dois que o continuam, parecem-me ser desnecessários

De qualquer forma é uma óptima saga. Não correspondeu às minhas expectativas, esperava muito, muito melhor, especialmente para o primeiro livro, mas reconheço que é um marco na ficção científica e uma das suas obras mais importantes, ao fugir ao estereótipo de seriedade e se atrever a ser pura ficção científica e uma comédia ao mesmo tempo.

Vale também a pena reparar em todos os pormenores e em todas as situações saídas da imaginação de Douglas Adams que vieram a ter um grande impacto cultural, especialmente no universo geek. Qualquer pessoa remotamente ligada a esse universo, ao ler os livros pela primeira vez, vai de certeza descobrir coisas que lhe são familiares. Isso é também sinal da importância desta obra que merece, apesar de tudo, ser lida.

sábado, 14 de julho de 2012

Life, the Universe and Everything

Título: Life, the Universe and Everything
Autor: Douglas Adams

Sinopse: Join Arthur Dent, earthling, "jerk", kneebiter and time-traveler; sexy space cadet Trillian; mad alien Ford Prefect; unflappable Slartibartfast; two-headed, three-armed ex-head Honcho of the Universe Zaphod Beeblebrox... and learn to fly. Is it the end? With Douglas Adams it's always up in the air!

Opinião: A capa aqui é claramente diferente da capa que esteve ali ao lado, a dizer o que é que eu andava a ler. A explicação é simples: a capa que ali estava era a errada. Não era a capa de nenhuma edição deste livro, mas sim de um outro livro de um outro autor, sobre este Universo de Douglas Adams.

Esta confusão só aconteceu porque eu estou a ler esta saga numa edição que tem os quatro juntos, com o nome The Trilogy of Four, e que, portanto, só tem uma capa. Aquilo que eu tenho feito é arranjar as capas dos livros individuais, para as opiniões aqui no blog, e ao procurar pela capa deste encontrei aquela, que me pareceu ser a melhor, mas que não reparei que não era a capa do livro.

Com este pequeno pormenor explicado, passemos à opinião. Este terceiro livro é bem melhor que os outros dois, com um propósito claramente definido e um enredo mais direccionado para uma história com princípio, meio e fim. O segundo já tinha sido bastante melhor que o primeiro, mas este ainda o consegue superar, o que espero que signifique que o próximo ainda será melhor.

Mas bem, depois de no primeiro terem descoberto a resposta para a Questão Suprema sobre a Vida, o Universo e Tudo, a busca agora é pela pergunta. Já se sabe a resposta, não se sabe exactamente qual é a Questão Suprema. A partir desta ideia tão original e tão simples, tudo o resto se desenrola de forma absolutamente hilariante.

Introduzem-se mais meia dúzia de noções espectaculares, como um computador que é basicamente um restaurante italiano, e que faz os seus cálculos usando o movimento dos convivas robóticas, daquilo que é pedido e daquilo que acontece à mesa; ou um mundo há muito prisioneiro de um envelope temporal que não permite aos seus habitantes saírem do planeta, e faz com que o tempo passe mais devagar dentro do envelope.

Enfim, continua-se a acompanhar as aventuras de Arthur, Zaphod, Ford e Trillian, desta vez numa autêntica missão para salvarem o Universo, juntamente com Slartibartfast, o homem que, espantem-se, desenhou e criou os fiordes do Norte da Europa.

Em tudo um livro que vem dar continuação à saga do Hitchhiker's Guide to the Galaxy de forma hilariante, que demonstra uma contínua evolução da história e até da escrita, mais trabalhada e menos aleatória, e que prova que esta saga tende a melhorar, com cada livro, o que faz dela uma autêntica leitura obrigatória não só para qualquer geek que se preze, mas também para qualquer pessoa em geral.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

The Restaurant at the End of the Universe

Título: The Restaurant at the End of the Universe
Autor: Douglas Adams

Opinião: Muito mais interessante que o anterior! Um livro com uma história mais estruturada, "The Restaurant at the End of the Universe" começa exactamente onde o outro acaba, e tem uma colecção de conceitos que a mim me pareceram infinitamente mais interessantes que os do primeiro livro.

O próprio Restaurante no Fim do Universo é uma ideia simplesmente fascinante. Neste mundo criado por Douglas Adams, as viagens no tempo são uma coisa relativamente banal e, como tal, alguém se lembrou de criar um restaurante em que o importante não é a localização espacial, mas a localização temporal. Não onde, mas quando.

Esse quando é exactamente no Fim do Universo. Este restaurante foi construído no futuro, e serve refeições durante as últimas horas do nosso Universo moribundo, permitindo a pessoas de todos os cantos do Universo e de todas as épocas, comerem enquanto assistem ao Fim do Universo, voltando depois às suas épocas e lugares respectivos.

Nesse restaurante, o grupo de viajantes composto por Ford, Trillian, Arthur e Zaphod, encontraram um antigo amigo do primeiro, Hotblack Desiato, que infelizmente não se encontra em, vá, condições de comunicar. Este Desiato é membro de uma banda de rock, conhecida em todo o Universo como a mais barulhenta. Achei a descrição dos concertos bastante interessante, já que o livro diz que o melhor sítio para ouvir o concerto é num bunker subterrâneo, a alguns quilómetros de distância do palco, e que os próprios músicos tocam os instrumentos à distância, numa nave em órbita à volta do planeta em questão.

Outra coisa genial é o Total Perspective Vortex, uma máquina que permite ao utilizador ter um vislumbre do infinito que é o Universo, com um pontinho microscópico dentro de um pontinho microscópico, a assinalar a pessoa em causa. Esta máquina é usada como tortura e forma de execução de prisioneiros, ao pôr a insignificância da pessoa em perspectiva com a imensidão do Universo. Genial ou genial?

No meio disto tudo, Ford e Arthur vão parar a uma nave que se dirige a um planeta, para um colonizar, e que descobrem ser um planeta que conhecem bastante bem, só que num passado longínquo; e Zaphod e Trillian, juntamente com Marvin, que é de longe a personagem mais interessante, se vêem envolvidos na demanda pelo homem que realmente comanda o Universo (e que é a segunda personagem mais interessante).

E pronto, é isto, um livro muito melhor que o primeiro, na minha opinião, e que demonstra o alcance da imaginação de Douglas Adams, algo já visto no primeiro livro, mas que me pareceu mal aproveitado. Este ainda não é perfeito, mas continua a ser pura comédia geek, só que melhor. Se a tendência destes livros for para melhorar, mal posso esperar pelos próximos!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

The Hitchhiker's Guide to the Galaxy

Título: The Hitchhiker's Guide to the Galaxy
Autor: Douglas Adams


Sinopse: When Earth is destroyed to make way for a Hyperspatial express route, Arthur Dent discovers that space is big, as he is taken on a hair-raising tour of the Galaxy and its very strange inhabitants, by his friend Ford Perfect.


Opinião: A minha primeira reacção, depois de ter lido este livro é: meh. Ou seja, é um bom livro, um autêntico Santo Graal da comédia geek, recheado de pormenores icónicos que qualquer fã deste género reconhece.

Quem é que nunca ouviu falar da resposta para a Vida, o Universo e Tudo, algo tão simples como 42? Tenho que dizer que adorei essa parte, e que gostei bastante de vários aspectos do livro, especialmente a comédia meio nonsense, meio crítica. Mas no geral não posso dizer que tenha adorado este livro.

É um bom livro, e isso tudo, mas não esteve à altura das minhas expectativas. Para um livro tão icónico e reverenciado pela cultura geek, não é nada de especial. Quer dizer, tem algumas ideias e noções deliciosas, como a nave Heart of Gold, guiado pelo Improbability Drive, que consegue fazer basicamente tudo, desde que se consiga calcular exactamente a improbabilidade de uma determinada coisa acontecer. Isso serve de explicação para uma série de encontros e situações improváveis que acontecem ao longo do livro. Bem vistas as coisas, foi algo que deu bastante jeito à narrativa, o autor pode simplesmente escrever e inventar o que lhe apeteceu, por mais improvável que fosse.

Tirando isso... Bem, as personagens são engraçadas, mas não têm uma profundidade por aí além. A história em si não tem um enredo que seja nada de particularmente especial. Eu cá acho que isto é culpa deste livro ter começado por ser uma série de episódios radiofónicos, mais tarde adaptados a livro. Essas coisas raramente funcionam excepcionalmente bem.

O segundo livro, que já comecei, também é uma adaptação dos episódios que passaram na rádio, mas tenho esperanças que seja melhor, e mais esperanças ainda tenho para os últimos dois livros. Por agora fica uma impressão mediana deste livro.

domingo, 8 de julho de 2012

A Conspiração dos Antepassados

Título: A Conspiração dos Antepassados
Autor: David Soares

Sinopse: Fernando Pessoa é convidado por Aleister Crowley, o famoso mágico inglês, a entrar numa aventura cheia de mistério para descobrir esse segredo que, afinal, talvez tenha a ver com D. Sebastião, e a verdadeira razão porque os portugueses foram derrotados em Alcácer-Quibir.
Do exotismo da Tunísia às ruelas húmidas de Londres, das mandíbulas da Boca do Inferno ao coração da Quinta da Regaleira, A Conspiração dos Antepassados é uma viagem inesquecível. Misturando verdade, lenda e magia, David Soares apresenta-nos algo nunca visto na literatura portuguesa: um romance cuja meticulosa pesquisa vai agradar aos estudiosos de Fernando Pessoa, e cuja energia vai encantar os fãs de uma grande aventura.

Opinião: Quem diria que eu, com toda a minha falta de apreço por Pessoa, iria um dia ler um livro sobre ele, de livre e espontânea vontade. A verdade é que acho que Pessoa, o homem e o escritor, foi uma figura interessante. São os escritos dele(s), nomeadamente a poesia, que não me convence.

Se bem que isso é completamente irrelevante para o caso. Aquilo que interessa é aquilo que vou tentar explicar a seguir: o quão bons são este livro e este escritor, uma tarefa que vai ser complicada. Primeiro porque estou tão fascinado com a obra, a escrita, a caracterização das personagens e a pesquisa exaustiva levada por David Soares, que corro o risco de parecer um fã demasiado excitado. E segundo porque não é uma obra para toda a gente, nem para todos os estômagos.

Não pretendo que as minhas opiniões sejam estritamente objectivas, ou deixariam de ser opiniões, mas também gosto de tentar evitar que caiam no completo subjectivismo. Não deixa de ser uma avaliação do livro, não é verdade?

Pois bem, tentemos. Para começar, é menos macabro e gráfico que o outro livro que li de Soares, Os Ossos do Arco-Íris, mas não deixa de o ser, de forma alguma. Aliás, eu não aconselho este livro de ânimo leve a qualquer pessoa. O capítulo que segue Aleister Crowley é particularmente explícito e todo o livro pode rapidamente ser classificado como "excessivamente gráfico" e "desnecessariamente violento". A certa altura há um ritual de iniciação que até à minha mente retorcida, habituada a ler e a ver de tudo, fez impressão. Bastante impressão.

Mas isto não é um livrinho cor-de-rosa, com uma bonita história de amor em que tudo acaba bem. Isto é literatura de horror no seu melhor, definitivamente o expoente máximo em Portugal, e capaz de rivalizar com grandes nomes a nível mundial. Na realidade, talvez o melhor seja categorizar este livro como dentro do género do fantástico. Como diz António Macedo no excelente prefácio, é um bocado impossível arranjar uma caixa em que este livro (e este autor) se encaixe, mas o fantástico talvez seja a melhor e mais compreensível aproximação, sem entrar em grandes detalhes de subgéneros de subgéneros.

Entre o cinzento dia-a-dia de Pessoa, com as suas depressões e angústias, e os rituais diários de magia sexual de Crowley, a diferença não podia ser maior. Homens diferentes em quase tudo, Fernando Pessoa, o poeta das mil faces, e Aleister Crowley, a Besta 666, encontram-se ligados por uma inteligência acima da média, incompreendida, e por uma forte sensibilidade a assuntos místicos e ao ocultismo. Ambos personagens centrais deste livro, estão igualmente bem caracterizados, assim como todas as personagens e todos os locais, o que revela a extensa e exaustiva pesquisa levada a cabo pelo escritor, que ainda escreveu, no fim, umas notas/comentários a cada capítulo e incluiu uma bibliografia.

A história dos dois une-se graças a uma demanda de Crowley, durante a qual tropeça no mito sebastianista. E qual a melhor ajuda, nesse campo, do que o poeta que tantos versos ocupou com as histórias do Rei Encoberto? A demanda toma caminhos inesperados, deixando Pessoa de boca aberta, exactamente a mesma reacção que eu tive. A trama é complexa, mas David Soares cria-a e desenvolve-a de forma brilhante, não deixando absolutamente nada ao acaso e revelando uma atenção quase doentia, no melhor sentido possível, ao detalhe, o que ajuda a dar uma ideia de realismo à história, mesmo nas partes mais estranhas.

Bem, não me vou alongar mais. Já devem ter percebido todo o meu fascínio pelo livro e pelo escritor que, acreditem, ganhou lugar cativo entre os meus escritores favoritos. Este livro é negro e angustiante, a escrita é trabalhada, detalhada e bastante gráfica, e nunca me vou cansar de dizer o quão bem caracterizadas estão as personagens. Não é uma obra para todos os gostos, e muito menos para todos os estômagos, como já disse, mas é, sem sombra de dúvida, um romance de excelência.

sábado, 7 de julho de 2012

As Mil Faces da Beleza Geométrica

Título: As Mil Faces da Beleza Geométrica
Autor: Claudi Alsina

Sinopse: No mundo dos corpos geométricos há um grupo de figuras que se destaca pelo seu particular glamour: os poliedros. Vivem entre nós e proporcionam-nos formas geométricas de grande beleza, mas também soluções funcionais extremamente úteis. Desde sempre interessaram aos geómetras mas também a cristalógrafos e arquitectos, pintores e escultores, a fabricantes de caixas e joalheiros... Vê-los é admirá-los.

Opinião: Para aqueles que acompanham o blog com regularidade, se ainda não repararam na minha paixão pela matemática, é porque andam aqui só a ver as imagens. Ainda por cima tendo em conta que já publiquei 20 e qualquer coisa opiniões de livros de matemática.

Esta pequena introdução para dizer, caso ainda não tivessem lá chegado, que aqui está mais um. Desta vez sobre um cantinho bastante interessante da geometria: os poliedros, que são, explicado de forma simples, sólidos geométricos constituídos unicamente por polígonos.

Este livro mostra como estas construções matemáticas nos rodeiam em todo o lado, seja na Natureza seja no que é fabricado por e para o Homem. As formas naturais podem ser aproximadas por poliedros, de forma mais ou menos grosseira; as casas, as caixas, enfim, praticamente todas as construções relativamente regulares da Humanidade são poliedros.

Se alguém duvida da beleza e da utilidade da matemática enquanto um todo, na vida e no dia-a-dia, aconselho vivamente a leitura deste livro, bem como de todos os outros da colecção.

Como sempre, um bocadinho de história (já referi que a história da matemática é absolutamente fascinante?), para situar o leitor, e um grande pedaço de praticamente tudo o que existe sobre o assunto em causa, neste caso os poliedros, desde as suas propriedades puramente matemáticas até às suas utilidades e utilizações práticas no mundo real. Deveras interessante.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

História do Mundo em Nove Guitarras

Título: História do Mundo em Nove Guitarras
Autor: Erik Orsenna
Tradutor: Telma Costa

Opinião: Um livro pequeno, este. Moderadamente interessante, também. Mas enfim, nada de especial.

Isto até que prometia, tem um título interessante, apesar de ser um autor que me é desconhecido. Quer dizer, em condições normais não teria olhado para ele duas vezes, acho, mas enfim, custava 1 euro. Olhei com mais atenção e descobri que metia Eric Clapton, Jimi Hendrix, Paganini, os Beatles e mais umas poucas figuras interessantes...

Uma vez comprado, leu-se rápido. 1 horita, pouco mais. E pronto, não me deixou grande impressão. A escrita não é má, mas não é nada por aí além. A história é interessante, e é talvez a melhor parte do livro, ainda que seja um pouco estranha.

Começa com Eric Clapton, no meio de África, a encontrar-se com um arqueólogo que procura as origens do Homem. Uns diálogos meio metafísicos depois, Clapton dorme e sonha com uma série de episódios passados em diferentes épocas, todos relacionados com a guitarra. Não digo que tenha sido uma má história, mas talvez uma má-execução. Fiquei com a sensação que a leitura teria sido muito mais interessante se o livro fosse maior e cada episódios tivesse mais algumas páginas, ou houvessem mais episódios.

Talvez assim se tornasse num livro seriamente interessante. Infelizmente, o autor optou por dedicar pouco tempo e pouco latim a cada parte, escrevendo aquilo que, na minha opinião, acabou por ser uma história algo confusa e aleatória.

Mas pronto, não se pode ter tudo. Não deixa de ser um livro que proporciona uma horita e pouco não-aborrecida. Suponho que talvez tenha mais interesse para quem goste mais de guitarras e instrumentos de cordas do que eu. 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A Morte de Lorde Edgware

Título: A Morte de Lorde Edgware
Autor: Agatha Christie
Tradutor: Tânia Ganho

Sinopse: A famosa actriz Carlotta Adams pede a Poirot que a ajude a obter o divórcio do marido, Lorde Edgware. O pedido é afinal desnecessário dado que, poucos dias depois, Lorde Edgware é assassinado com um canivete espetado na nuca. Novas mortes dificultam a investigação.

Opinião: Lido num par de dias, para não variar, "A Morte de Lorde Edgware" é mais um excelente livro de Agatha Christie, a Rainha indiscutível dos policiais.

Poirot é sem sombra de dúvida um dos detectives mais geniais que a literatura já viu, bem como uma das suas personagens mais interessantes.

É sempre com curiosidade que leio um livro em que apareça este brilhante detective belga. O simples acompanhar dos seus métodos e dos seus raciocínios ao longo de todo o livro, até chegar ao culpado... É absolutamente espectacular!

E como não podia deixar de ser, o livro não é única e exclusivamente sobre o Poirot, embora já fosse interessante o suficiente, se assim fosse. O enredo é também extremamente interessante, cheio de voltas e reviravoltas, a acusação a apontar numa direcção, e de repente noutra, nunca deixando que quem lê se situe e forme uma decisão definitiva, pois quando o pensa ter feito, aparece alguma coisa que iliba alguém, ou que incrimina alguém...

Enfim, nunca é uma aposta muita segura, qualquer que ela seja. Eu pessoalmente, enquanto lia esta história, mudei de opinião de espaço de 10 ou 15 páginas.

Mas bem, já não sei muito bem o que dizer, que em tanto livro lido, acabo sempre por dizer a mesma coisa... História espectacular, Poirot genial, o costume. Portanto, resumindo, mais um óptimo livro e um excelente policial!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Que as citações nos caiam em cima [16]

Como não podia deixar de ser, vim aqui deixar esta citação, uma das mais belas que já vi, e que acho que se aplica a basicamente tudo, como disse na opinião ao livro.

"O caos é uma ordem por decifrar."
José Saramago, "O Homem Duplicado"

O Homem Duplicado

Título: O Homem Duplicado
Autor: José Saramago

Sinopse: Tertuliano Máximo Afonso, professor de História, vive só, num bairro da cidade sem nome, só com a sua solidão. Um dia aluga um velho filme para ver em casa como repouso do cansaço que lhe deu a correcção dos trabalhos dos alunos. E acontece algo que lhe modificará a vida de solitário e pacato cidadão - um dos actores secundários do filme é exactamente igual a si próprio, é o seu duplo. Inquieto com a possibilidade de existir, eventualmente perto de si, na sua cidade, um outro que é ele próprio, lança-se numa investigação para encontrar esse outro, provocar um encontro, medir-se com ele. Com base neste ponto de partida, com uma intriga complexa conduzida com mão de mestre, José Saramago oferece-nos, com O Homem Duplicado, um dos seus mais belos romances.

Opinião: Saramago é daqueles escritores que acho que nunca me vai decepcionar, leia eu o que leia. Ainda só lhe li 4 obras, é certo, mas cada uma mais genial que a outra, nem sei bem por onde começar quando me perguntam de qual gostei mais.

E se até agora essa minha confusão pessoal já existia, só com 3 livros lidos, este "O Homem Duplicado" vem complicar ainda mais a coisa. Uma história soberba, personagens soberbas, um livro soberbo.

Acho que comprei escolhi comprar este livro, entre vários dele que tinha à escolha, por causa da citação que vem na contracapa:

"O caos é um ordem por decifrar."

Citação que vi pela primeira vez no documentário "José e Pilar", e que idolatrei de imediato, por ser uma frase tão simples e tão paradoxal, por conter nela não uma explicação, mas talvez um apaziguamento no que toca a tentar entender o que quer que seja, desde o acaso do dia-a-dia e das relações interpessoais até à matemática e à física. Genial, sem dúvida.

Pois bem, livro comprado, já nem sequer me lembro quando, e lido algum tempo depois. Não demorei mais do que 3 dias a devorar as 318 páginas da escrita compacta, ainda que não propriamente densa, daquele que é para mim, e para muitos, o melhor escritor português até à data.

Cada vez mais compreendo aquela história de "ou se ama ou se odeia", quando se fala de José, o homem e de Saramago, o escritor, mas quer se queira quer não, a forma como escreve e como expressa as suas ideias é bastante original, quebrou e continua a quebrar barreiras e, além disso, permitam-me aqui a subjectividade, é absolutamente genial. A torrente quase contínua de palavras, aqui aplicada à história de um homem que se vê duplicado noutro até ao mais ínfimo pormenor, é a forma perfeita de misturar uma narração bem feita e bastante pessoal com diálogos elaborados e interessantíssimos, tudo isto enquanto vai de facto contando uma história.

E não posso acabar de dizer que além de todos estes louvores que já fiz, ainda tenho que acrescentar que Saramago não descurava as personagens. A principal, Tertuliano Máximo Afonso, professor de História, está excelentemente caracterizada, da mesma forma que o seu duplo e Maria da Paz, sua amante. A história em si é uma trama complexa, como o diz desde logo a sinopse, e é de facto guiada com mão de mestre, pelo escritor, que consegue introduzir temas como o desespero pelo contacto real com os outros, o medo da perda da individualidade, a resignação ou a rebelião ao destino e a inutilidade de uma coisa e outra...

Enfim, acho que basta dizer que o Nobel não ficou mal entregue a José Saramago.

domingo, 1 de julho de 2012

Terrortório

Título: Terrortório
Autor: Vários

Opinião: Esta colectânea de contos prometia, com nomes como Poe, Asimov, Kafka e Lovecraft, por exemplo, ainda que apresentasse ali pelo meio uns nomes portugueses, a maior parte deles completamente desconhecidos para mim.

Ainda por cima começa bem, com um conto de Poe, simples e obviamente bem escrito, mas a partir daí, tirando os grandes nomes e algumas (poucas) surpresas nacionais, pouco se aproveitava.

Para começar, nem todos os contos são propriamente de terror, com o de Asimov e Creach a tender para o humorístico, enquanto que o de Luísa Costa Gomes é apenas uma nódoa, completamente banal e sem ponta por onde se lhe pegue.

Tirando esses defeitos e essas falhas na construção deste elenco que, volto a frisar, tem nomes excelentes que produziram contos excelentes, como seria de esperar. Imagino que o objectivo fosse como que lançar este género com tão pouca visibilidade em Portugal, e aproveitando para mostrar que a produção nacional se recomenda.

Bem, aquilo que posso dizer é que ainda bem que a sobrevivência deste género por terras lusas não dependeu deste livrito, já relativamente antigo. Se assim fosse, acho que eu ia ter muito mais dificuldades em ler Stephen King, Lovecraft, Bram Stoker, bem como em assistir à crescente popularidade de autores como David Soares.

Se isto era uma mostra do talento nacional num campo relativamente renegado da literatura, falhou redondamente. Lá está, tem contos interessantes, mas falha no geral.

Ou seja, se o tiverem por causa, não perdem nada em ler, mas não se preocupem muito em andar à procura dele.