terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pela Sombra Morrerão

Título: Pela Sombra Morrerão
Autora: Carla Ribeiro

Sinopse: Derek Sherbourne é o último vampiro. É também uma sombra atormentada pelo passado e pela forma cruel como passou de humano influente a criatura das trevas. Agora, a sua mente conserva uma única determinação: procurar vingança nos descendentes do ser que o transformou. E será, pois, desta forma que Elisa Northwood e a sua filha Christabel serão alvo da tenebrosa vontade do vampiro, caminhando na senda da vingança do imortal, à medida que ele próprio revive o seu passado.

Opinião: Vampiros, vampiros, vampiros. Como diria um amigo meu, isto de vampiros é uma coisa que já teve mais piada. Estejamos a falar de livros, televisão, cinema ou outra coisa qualquer, acho que é seguro afirmar que esse meio se encontra saturado de vampiros e criaturas sobrenaturais afins. Este, talvez lhe possamos chamar assim, excesso de visibilidade, juntamente com a nova... visão destes seres, levou à sua banalização.

Podem ver a coisa do prisma que muito bem vos entender, mas desde que há vampiros que brilham ao sol e que optaram por serem simpáticos e fofinhos em vez de criaturas sanguinárias, que o vampiro, enquanto personagem aterrorizadora, passou apenas a ser uma personagem. A parte do aterrorizadora fugiu, mas não de medo, de certeza.

Isto pode ser bom, pode ser mau, e podem ou não gostar da escrita e dos livros que retratam estes "vampiros modernos" (e não, não estou a falar só de Stephanie Meyer), mas eu pessoalmente abomino estas recém-descobertas virtudes. Os vampiros são criaturas sanguinárias, e grande parte da sua caracterização e do seu interesse vem precisamente do facto de terem apenas meros resquícios de Humanidade. Já foram pessoas, não o são. Façam-nos mais Humanos, e perdem metade da piada.

Eles até podem parecer bastante normais e ter bastante civilizado, normalmente mais do que o normal, mas o que eu acho interessante num vampiro é a forma como o seu lado Humano é reprimido e basicamente extinto, em prol de uma faceta mais primitiva e, de certa, forma, superior.

Mas bem, já muito me alonguei sobre este assunto, que mais vale deixar para outra altura. Esta conversa toda serve apenas para dizer que embora tenha achado este livro apenas razoável, a caracterização dos vampiros é um grande ponto a favor, pois vai exactamente de encontro à minha ideia do que eles são: monstros cruéis e sádicos, vingativos e sedentos de sangue. Tirando isso, a história é ligeiramente previsível, ainda que tenha que dar uma nota muito boa à construção das personagens. Se bem que há coisas que me foram fazendo confusão. Uma certa ingenuidade e falta de nexo nalgumas linhas de raciocínio, por exemplo: "Vou-me vingar em ti e em toda a tua famíla!", tem como consequência um "Preciso de fazer alguma coisa, não consigo sair de casa, preciso disto e daquilo... Já sei, vou pedir ao meu irmão que as traga cá.". Então... Tem a família toda em perigo, e vai pedir ajuda ao irmão, que *sarcasmo* de certeza que se salvou do vampiro sanguinário que quer chacinar a família toda *sarcasmo* ?

Não sei, não me fez muito sentido. Enfim, não posso afirmar que seja um bom livro. Tem uma história minimamente interessante, boas personagens, uma boa caracterização dos vampiros, e sangue e tripas. Mas tem diálogos pobres, uma escrita que se esforça demasiado por ser poética e um enredo a tender para o banal.

Ainda assim, confesso que sendo a autora portuguesa, fiquei curioso. Não é normal ver coisas destas escritas por portugueses, portanto não hesitarei em dar outra oportunidade a Carla Ribeiro.

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