domingo, 26 de maio de 2013

V for Vendetta

Título: V for Vendetta
Argumento: Alan Moore
Arte: David Lloyd

Sinopse: A frightening and powerful story of the loss of freedom and identity in a totalitarian world, V FOR VENDETTA is the chronicle of a world of despair and oppressive tyranny.

A work of startling clarity and intelligence, V FOR VENDETTA is everything comics weren't supposed to be.

England prevails.

Opinião: Há alguns livros que já sabemos à partida que vamos gostar. Ou que pelo menos temos uns 99% de certeza de que isso vai acontecer. É assim quando pego num Saramago, e já é assim quando pego num Alan Moore.

O meu primeiro contacto com o autor foi quando li o brilhante Watchmen, ao qual me rendi de forma incondicional. Quando depois de pesquisar descobri que também tinha escrito este livro, sobre vingança (obviamente) e anarquia, a única coisa que fiz foi andar sempre à procura de uma oportunidade para agarrar nele.

Graças às abençoadas BLX, essa oportunidade chegou. Depois de também ter lido Saga of the Swamp Thing da mesma forma, requisitei e devorei V for Vendetta. E agora o que é que querem que diga? Conheço poucos livros tão perfeitamente concebidos para me agradarem: num futuro distópico, a sociedade oprimida é forçada a ver a luz da verdadeira liberdade graças a um misterioso homem com uma máscara de Guy Fawkes, um anárquico que espalha o caos por Londres, muitas vezes sob a forma de explosões, sem nunca perder um pingo que seja da sua teatralidade.

Culto, misterioso, ameaçador e carismático, V, o terrorista com um fascínio pela letra V e uma paixão assolapada pela liberdade, rouba completamente todo o protagonismo do livro para si próprio. Quando aparece, é difícil ver outra coisa que não ele, quando não aparece é fácil sentir-lhe a falta. Mas não fiquem a pensar que V é a única coisa interessante no livro. Nada disso. Todo o ambiente está muito bem construído, a Evey, o Leader e o próprio computador que tudo comanda, o Fate, são personagens interessantíssimas, mesmo que o último seja apenas um computador muito poderoso.

As relações entre as personagens são outro dos pontos fortes. A ligação entre V e Evey é intensa e uma das mais bem exploradas ao longo das quase 300 páginas do livro. Há até um momento, que me foi parcialmente estragado por já ter visto o filme, que é simplesmente chocante, e que só adensa e aumenta o estreitamento entre as personagens.

Mas, e como todos os grandes livros, V for Vendetta consegue a proeza de fazer passar uma mensagem forte através da sua história contada através de um enredo sólido e interessante. A mensagem neste caso é uma muito querida ao autor, simpatizante dos ideais anárquicos: a sociedade oprimida tem que se libertar das grilhetas da autoridade e viver livre. A forma escolhida para a fazer passar é este futuro distópico, decadente, governado em parte por uma máquina, com um regime que V, o terrorista de serviço, tenta deitar abaixo, de forma magistral e impressionante.

A escrita de Alan Moore é muito boa, e nota-se que neste caso há mais da personalidade do autor nas palavras das personagens do que nos outros dois livros que já li. Talvez Alan Moore gostasse de ser V, talvez gostasse de conhecer um V, mas este livro é claramente muito pessoal, em termos ideológicos, o que só lhe acrescenta qualidade. Por outras palavras, aconselho vivamente a leitura deste livro, mas quer dizer, quem é que não quer ler um livro cujo protagonista se apresenta assim:

"Me? I'm the King of the twentieth century. I'm the boogeyman. The villain... The black sheep of the family."

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