domingo, 30 de junho de 2013

O Regresso do Cavaleiro das Trevas #1


Título: O Regresso do Cavaleiro das Trevas #1

Argumento: Frank Miller
Desenho: Frank Miller
Arte-final: Klaus Janson
Cor: Lynn Varley
Tradutor: Paulo Moreira

Sinopse: Jurando vingar o assassinato dos seus pais, Bruce Wayne transforma-se em Batman, um justiceiro que luta contra o crime...

Mas há mais de dez anos que ele não aparece e que ninguém ouve falar nele...

Até hoje...

Estamos em Gotham, no futuro... Bruce Wayne abandonou o seu uniforme de Batman há uma década e refugiou-se na vida social de um milionário. Mas é arrancado do seu torpor pela aparição de um gang urbano, os Mutantes, contra os quais volta a vestir a farda de Batman. O Regresso do Cavaleiro das Trevas desperta o Joker do coma catatónico em que se encontrava no Asilo Arkham. Os acontecimentos precipitam-se numa série de confrontos épicos, que vão abalar a cidade de Gotham. Esta é uma das mais revolucionárias histórias de super-heróis de sempre, que mudou definitivamente a banda desenhada americana.

Opinião: Foi com algum receio que comecei a leitura deste livro. Depois de ler Batman: Ano Um, não me sentia muito confiante quanto a histórias do morcego escritas por Frank Miller.

Mas opiniões de confiança diziam-me que este livro era espectacular, e bem, mais histórias de Batman, menos história de Batman, não me vou queixar.

E a verdade é que ainda bem que dei ouvidos a essas opiniões, porque este livro é de facto tremendo! A visão de um Batman envelhecido e semi-derrotado pela sua própria mortalidade é assustadora.

Isto é algo que é muito frequente uma pessoa esquecer-se, relativamente a este super-herói em particular. Bruce Wayne não veio de um planeta distante, não tem super-poderes, não é nenhum deus. É uma pessoa, um humano, um quase-comum mortal. Quase-comum porque enfim, é o Batman.

Enquanto que o Super-Homem pode provavelmente viver durante séculos e séculos com o mesmo ar jovial, o Batman envelhece. E esta história começa precisamente numa altura em que o morcego pendurou as botas há já 10 anos.

O seu regresso forçado à acção é quase doloroso de observar. Com um corpo que já não obedece tão bem como antigamente, e uma resistência a pancadas bastante diminuída, o seu trabalho de enfrentar ameaças fica bastante mais complicado.

Mas fá-lo. Amargo, desiludido consigo próprio, com um enorme sentido de dever a pesar-lhe nos ombros, velho mas ainda assim resiliente, Bruce Wayne veste a capa e protege Gotham como antigamente.

Os desenhos e as cores sóbrias e escuras ajudam ao ambiente que se espera de uma história do Batman, negro e melancólico. Normalmente pausado e calmo, as ocasionais explosões de acção dão outra dimensão à história, não só aumentando o interesse mas também causando um forte contraste com as sequências mais calmas.

Resumindo, é um livro muito bom e muito interessante, fascinante por o protagonista, mais do que ter que enfrentar os Mutantes, um Harvey Dent enlouquecido, um Joker apático ou uma população desconfiada, tem que lutar com os anos que pesam no seu próprio corpo.

sábado, 29 de junho de 2013

De Viagem

Título: De Viagem
Autor: Guy de Maupassant

Opinião: Este conto é a minha primeira incursão na obra deste escritor francês, e que incursão!

Com uma escrita fantástica, só é pena que a história que Guy de Maupassant conta esteja de tal forma desactualizada que perde o seu efeito. O amor fugaz entre duas personagens que se encontram no comboio, em situações curiosas, não convence, até pelos moldes que depois toma, de total e absoluto secretismo, e até em certa medida escondido dos próprios amados.

Mas a escrita é fenomenal. Com um estilo algo clássico, típico da sua época, o autor tem também traços mais modernos, apresentando uma escrita mais económica, com menos floreados. Mais directa ao assunto, diga-se.

E mesmo assim consegue fazer transparecer toda a beleza da história que conta, por pouco credível que esta seja. De Viagem é um conto romântico que caso tivesse uma história mais actualizada me teria arrebatado por completo.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O Rouxinol e a Rosa


Título: O Rouxinol e a Rosa
Autor: Oscar Wilde

Opinião: Oscar Wilde é daqueles autores em que reconheço uma escrita sublime. Não lhe li muita coisa, mas foi mais do que suficiente para ter perfeita noção de que assim é.

Este pequeno conto dá força a essa ideia. Inserido num pequeno livro de contos românticos escritos por grandes vultos da literatura mundial, O Rouxinol e a Rosa é uma bonita história de amor em que se reflectem várias das facetas desse sentimento.

A começar pelo desespero do protagonista em encontrar uma rosa vermelha, condição imposta pela amada para que com ele dance, e a chegar à devoção cega e altruísta do rouxinol, que dá a vida e a alma por um amor que não é o seu.

Com contornos de fantasia e de fábula, esta história tem tudo. É triste e é bonita, mostra como o amor pode ser interesseiro, e como pode ser devoto, e como pode inspirar actos de loucura normalmente conhecidos por actos de amor.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

BD? Isso é para miúdos!


Queria aproveitar esta minha recente vaga de leituras bedéfilas para falar de mais uma discriminação que se faz com bastante frequência: BD é coisa de miúdos.

Quem diz isto? Toda a gente. Às vezes até leitores informados e cultos, e muito frequentemente aqueles leitores que só lêem autores modernos e profundos, ou os que só lêem clássicos com mais de 150 anos, porque entretanto se deixaram de fazer bons livros.

Ora isto não podia estar mais errado. Há BD para miúdos, mas nem toda a BD é para miúdos. A maior parte da BD não é para miúdos! E é preciso distinguir entre BD e livro para crianças. Uma coisa é um livro de banda desenhada, com vinhetas e essas coisas todas; outra coisa é um livro para crianças, um livro ilustrado.

Entre os primeiros encontram-se todos ou praticamente todos os sub-géneros da literatura que possam imaginar. Dizer que um livro é uma BD é como dizer que é um romance, um poema, ou uma peça de teatro: apenas diz alguma coisa sobre o formato em que o livro está escrito, deixando de fora toda e qualquer informação sobre o conteúdo do livro em si.

É muito importante ter isto em mente, até para não perderam algumas grandes obras que por aí andam e que rivalizam com muito livro dito "normal".

Falo de livros como 2001 Nights, os vários Sin City, os 2 volumes de A Fórmula da Felicidade, o fantástico O Pequeno Deus Cego, o primeiro volume de Saga of the Swamp Thing, o macabro A Última Grande Sala de Cinema, o magistral V for Vendetta, o genial Watchmen, os 2 volumes de O Regresso do Cavaleiro das Trevas que estou agora a ler, e tantos outros!

Reparem que estes são apenas aquelas que já li e achei completamente wooooow! E reparem ainda que disse 4 de autores portugueses. Há BD's que são livros excelentes, e há boa BD portuguesa! E há pessoas que perdem estes livros todos porque "BD é coisa de miúdos..."!

Eu nem sei. A única coisa que posso fazer é aconselhar-vos vivamente a lerem BD. Os exemplos que dei são poucos e são apenas uma pequena amostra do mundo da BD, no qual apenas recentemente comecei a navegar, mas valem a pena cada página lida.

Portanto não façam como os narizes-empinados e não neguem todo um ramo da literatura só porque sim. Leiam BD!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Star Wars: Clássicos 10

Título: Star Wars: Clássicos 10

Guiões: Linda Grant, Roy Richardson, Mary Jo Duffy, Randy Stradley, Ann Nocenti
Desenhos: Bob McLeod, David Mazzucchelli, Tom Palmer, Bret Blevins, Tony Salmons
Arte-final: Tom Palmer
Cores: Glynis Wein, Michael Higgins, J. Ferriter, Bob Sharen
Tradutores: Renato Neves e José Vala Roberto

Sinopse: Após a derrota do Império, a Aliança Rebelde tem agora de unir todos os planetas para garantir a paz futura. Como é óbvio, tal não será tarefa fácil. Regressam velhos amigos e antigos inimigos que põem os nossos heróis à prova. Lando Calrissian aceita regressar a Drogheda para ajudar a rainha Sarna, com quem no passado esteve prestes a casar-se. Entretanto, no seu papel de embaixadora da nova Aliança de Planetas Livres, a princesa Leia enfrenta os perigos da política, os quais por vezes se revelam... mortais.

Opinião: O décimo volume de uma colecção que já me começa a custar a ler até nem foi muito mau.

Tem umas histórias menos agradáveis, ou que na prática não têm história, mas aquilo que sinto é que com a história de fundo dos filmes terminada, fica pouca coisa para contar.

Ou melhor, fica muita coisa para contar, mas falta de jeitinho e oportunidade para a contar. É por isso que algumas das histórias deste livro parecem tão "secas" e chegam a tornar-se aborrecidas. Falta uma história geral como pano de fundo, falta a motivação.

Isso é de tal forma notório que a melhor história é mesmo quando flashbackam para uma altura anterior ao fim do Império. A história que contam é decente, tem personagens cativantes e um conflito ético e emocional bastante credível. Até gostei e tudo!

Mas isto foi uma história no meio de tanta história aleatória. Para ser honesto, até nem foi a única história interessante, mas foi a única em que acabei e pensei "epah, sim senhor!". Mas já lá vou.

Antes quero falar duma história que tem aquela personagem que vem na capa. Aquela que parece um Darth Vader com mamas. Essa mesmo. Eu não sei qual foi a parte dela parecer um Darth Vader com mamas que as outras personagens não perceberam, mas só suspeitam que ela talvez seja um bocado psicótica depois de ela se revelar como psicótica. Well, DUH!

E depois há uma história com contornos tão idiotas que até me doeu o históriatálamo. Logo para começar, o Luke chega ao pé de outra personagem e vira todo sensei Jedi: "Eu sinto a Força em ti, Kiro... Foi a Força que usaste...", ao que a outra personagem responde: "Sim! Treina-me na arte de ser Jedi!", como é óbvio, quem é que não diria o mesmo?

Parece a oportunidade perfeita. Luke é o último Jedi, e tem ali um amigo com potencial. O que é que ele responde? "Não.". E porquê? Por causa de motivos. Fuck you lógica.

Mas ainda há melhor! Metade dos heróis diz aos manda-chuvas que vai de férias, e a outra metade é um bocado atrasada por um ataque qualquer de alguém, mas o Conselho dos Planetas Livres realiza-se na mesma, completamente inflexível, e acaba com uma Presidenta, muito séria, a dizer: "Ao não comparecerem, os nossos heróis optaram por não nos ajudarem a governar!".

Vai-te. Lixar. Não é assim que as coisas funcionam. Mas pronto. Pelo menos a seguir há um planeta cheio de wookies, e mais uma história minimamente sólida, com um conflito interessante, em que até chegamos a ver o Chewbacca a apanhar porrada para que não lhe magoassem a família. É comovente ver o grandalhão nessa posição.

E assim se acaba o livro, nem foi mau de todo, apesar das coisas aleatórias e sem sentido que volta e meia dão um ar de sua graça. Está é na altura de fazer uma pausa nisto e agarrar noutras BD's, que já não posso com a fronha bondosa do Luke...

terça-feira, 25 de junho de 2013

O Último Adeus


Título: O Último Adeus
Autor: Honoré de Balzac
Tradutor: João Gaspar Simões

Sinopse: Por entre o fragor da guerra e a retirada das tropas napoleónicas, Philippe de Sucy consegue salvar a condessa Vandières pondo em risco a sua própria vida. Separados pelo desenrolar dos acontecimentos, o Sr. De Sucy não pára de se interrogar sobre o destino da bela condessa. Onde se encontra Stéphanie? Estará viva ou morta? E quem é a misteriosa Geneviève, que se passeia pelos bosques e que tanto se assemelha à condessa Vandières?

Opinião: Comprado a 25 cêntimos, este conto é a minha primeira incursão na obra de Balzac, e devo dizer que fiquei agradado.

O estilo realista do autor é bastante descritivo e típico dos escritores mais clássicos. No entanto fiquei espantado com o poder descritivo de Balzac. Especialmente no que toca àquilo que mais aparece ao longo do conto: a miséria.

A forma como Balzac descreve a miséria, o desespero, o pânico, o medo, a solidão... É muito bom. Fiquei seriamente impressionado.

Já a história não me fascinou por aí além, provavelmente por ser basicamente uma história de amor relativamente banal, para as quais não costumo ter grande paciência.

Acho sempre interessante é ver como as personagens destes autores clássicos eram acometidas por emoções tão intensas que desmaiavam dia sim dia não. Eu compreendo a noção, mas aquilo não acontece na vida real... Pelo menos não agora!

Mas pronto, é uma boa leitura, que passa depressa e que se lê bem, graças a uma boa escrita e descrições fascinantes.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Dama de Espadas


Título: A Dama de Espadas
Autor: Puskine
Tradutor: José Marinho

Sinopse: A velha condessa Ana Fédotovna - na sua juventude apelidada de a Vénus Moscovita - esconde um segredo... um segredo que pode tornar qualquer homem milionário ou destruir-lhe por completo a vida. Numa noite longa, durante um jogo de cartas, Tomski, o neto da condessa confidencia aos amigos parte do segredo da avó. Mas entre eles está o ambicioso Hermann, rapaz sem escrúpulos que vai tentar arrancar à velha senhora todos os pormenores que o poderão tornar o homem mais rico do mundo. Pelo meio, não hesitará em humilhar e quase levar à loucura Lisavete Ivanovna, a singela dama-de-companhia da condessa.

Opinião: A Dama de Espadas é um pequeno conto bastante curioso, com um final que me conseguiu surpreender e que me fez gostar bastante do conto em geral.

A escrita é a esperada de um autor russo clássico: formal, cuidada, trabalhada, enfim, basta dizer "clássica" e acho que se percebe bem a ideia.

As personagens nunca são particularmente interessante, mas atribuo isso à pequenez da história, algo que vai de encontro à minha opinião de que os autores russos estão, de uma forma geral, talhados para grandes romances.

Por outro lado, este conto prova que também sabem escrever coisas mais pequenas. Neste caso uma história sobre um certo truque que permite ganhar ao jogo, e que uma velha condessa hesita em revelar.

Sucedem-se manipulações, aldrabices e algumas condutas muito pouco morais, tudo sempre muito colorido pelas emoções intensas que as personagens dos escritores clássicos parecem sempre viver a toda a hora.

Como já dei a entender, a história não é particularmente interessante até mesmo ao momento final, em que a história ganha um novo significado. Aconselho a leitura, ainda para mais sendo algo tão pequenino e que não demora mais do que 10 ou 15 minutos a ler!

domingo, 23 de junho de 2013

Albert Einstein

Título: Albert Einstein
Autor: Johannes Wickert
Tradutor: Catarina Saboga Iglésias e Mafalda Abreu

Sinopse: É uma personalidade do século XX. As suas investigações revolucionaram a nossa visão do mundo e ocuparam a mente de cientistas e filósofos até aos dias de hoje. A monografia de Johannes Wickert oferece uma introdução à vida e ao pensamento do grande génio e descreve um Einstein politicamente empenhado e contemporâneo. Mostra um homem que, pela sua conduta pouco convencional, se tornou um mito dos tempos modernos.

Opinião: Einstein foi uma pessoa fascinante, em toda e qualquer medida. Enquanto cientista e enquanto pessoa, sempre foi mais do que um simples homem, e a melhor prova disso mesmo é o facto do seu trabalho ter redefinido a Física moderna ao mesmo tempo que o cientista se tornou numa figura imensamente popular.

De tal forma popular que a maior parte das pessoas pensa nele, quando se fala de cientistas. Pode-se argumentar quanto à sua importância e tal, mas é um facto absolutamente indiscutível de que Albert Einstein foi um dos físicos mais importantes de sempre.

O que esta biografia mostra é que Einstein foi também uma pessoa fascinante. Incapaz de se deixar reger por normas, regras e protocolos que achava idiota, teve sempre uma forte estrutura de valores que o acompanhou e lhe moldou a vida.

Mas Einstein era também uma pessoa estranha. Professor informal, cientista teórico, apaixonado pela experimentação e enamorado pela Ciência em si, tinha ainda tempo para ser um marido chato e afectuoso, um homem extremamente teimoso, e uma pessoa politicamente activa.

Aquilo em que a biografia falha é em mostrar tudo isso de forma coerente, lógica e interessante. Senti muitas vezes que me perdia no meio de tanta referência e citação, quando preferia muito mais que o autor tivesse simplesmente passado 2 ou 3 páginas a contar-me o que se tinha passado, nas suas próprias palavras.

Não deixa de ser uma obra interessante, especialmente se quiserem saber mais sobre esta personalidade, só acho é que podia estar mais bem esgalhada, com menos citações e mais narração... Mas enfim, é uma biografia, estas coisas são complicadas de se escrever.

sábado, 22 de junho de 2013

Star Wars: Clássicos 9

Título: Star Wars: Clássicos 9

Guiões: David Michelinie, Mary Jo Duffy
Desenhos: Ron Frenz, Luke McDonnell, Klaus Janson, Tom Mandrake, M. Hands, Tom Palmer
Arte-final: Tom Palmer, Bob Layton
Cores: Glynis Wein, Klaus Janson, Christie Scheele, Stan G.
Tradutores: Renato Neves José Vala Roberto

Opinião: Estou bastante chateado com este livro. Furioso. Mas já lá vou. É melhor começar pelo princípio.

As histórias neste volume oscilam entre o "hey, que coisa tão fixe" e "epah, bela duma bodega". A partir do momento em que se tem toda uma história em que alguém salva o dia por conseguir cantar e encantar um alien acabado de ultrapassar puberdade... Enfim.

Mas essas criaturas são bastante curiosas. E ridículas. Enquanto jovens são criaturas fofinhas, uns Ewoks mais felinos e com pequenos fatos militares que só ajudam ao seu arzinho de peluche; mas quando chegam à maturidade como que evoluem para seres primitivos e simiescos, com menos de meio cérebro e que cuja principal forma de comunicação é "AAAAARRRRGGGGHHHHHHHHH".

Voltando às histórias, há de tudo um pouco: uma história que nem é boa nem má, uma que não tem qualquer propósito e que serve apenas para encher, uma história final triste, triste, triste, mas não particularmente interessante...

É importante é referir 2 coisas que me agradaram bastante. Uma delas é que lá pelo meio aparece uma história chamada O Aprendiz, sobre, adivinharam, um aprendiz. A história é bastante interessante, está bem construída, expressa bem a inevitabilidade das escolhas do dito aprendiz... Gostei bastante. E como bónus ainda tem a arte, distinta das outras histórias da melhor forma possível.

A outra coisa interessante é o final de uma história sobre um robot fêmea e um rebelde desaparecido. Ao longo da história vai-se criando uma ligação entre essa robot e o dróide protocolar de serviço, C-3PO. E depois no fim... Desculpem estragar-vos a história, se ainda queriam ler isto, mas digamos que a imagem final tem o C-3PO em primeiro plano, com o resto dos heróis a afastarem-se do leitor, e com a chuva que cai a formar 2 rios de lágrimas que o dróide nunca poderia ter chorado.

É uma imagem forte, intensa, emocional e bastante bem conseguida. Foi dos pontos altos deste volume, e uma das poucas coisas que me fez continuar a ler depois do que vou falar a seguir.

Não sei se têm noção, mas estes livros supostamente são paralelos aos filmes, ou seja, contam a histórias dos filmes e ainda o que acontece entre um e outro, e ainda depois. Li a história sobre o primeiro filme, feliz da vida, sobre o segundo filme, idem idem aspas aspas, e mesmo quando já começava a estranhar nunca mais aparecer o terceiro filme, BAM, salta-se um pedaço de história e começa-se a contar a história DEPOIS do terceiro filme.

Num momento procura-se por Han Solo, congelado em carbonite, no outro está ele feliz da vida, rodeado de Ewoks, a trocar charme com a princesa Leia, enquanto o Chewbacca dorme enroscado com os ursinhos de peluche ambulantes nativos de Endor. Fiquei fulo. A sério. O livro em si já era mediano, com este salto no enredo ficou para sempre classificado na minha mente como fraco.

A ver se consigo ignorar isto e avançar para os volumes que me faltam sem ter vontade de trepar paredes.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Férias! FÉRIAS!


Depois de um ano, digamos, infernal, ao longo do qual as férias me foram negadas, assim como o descanso, posso finalmente dizer que estou de férias. Em princípio.

Na pior das hipóteses só posso ter uma semana de descanso antes de estudar mais uma semana para ir defender uma nota. Mas estou num estado tal que até uma mísera semana sem fazer absolutamente nada me parece uma espécie de paraíso.

Quero ler! E escrever! E tenho projectos para desenvolver. Além de dar uma reviravolta aqui ao blog (arrumar umas coisas, estrear umas secções novas, talvez um novo visual), tenho pelo menos dois projectos literários na calha.

Julho vai ser um mês atarefado, portanto. Como é que eu posso dizer isto, poucas linhas depois de me queixar da minha ausência de férias durante todo este ano? Porque vai ser atarefado no melhor sentido do termo.

Não vou ter que escrever relatórios, estudar para cadeiras estúpidas e mal dadas, nem aturar professores que de vez em quando não sabem muito bem o que andam por lá a fazer, e muito menos colegas chatos.

"Que pessoa horrível, Rui!", quase que oiço alguns de vocês dizer. Mas não desesperem, todos temos ou tivemos colegas chatos em algum momento, e quando até o delegado de curso do meu ano só faz bodega... É um desastre!

Sim, pronto, eu paro de dizer mal. Foquemo-nos no que é importante: férias! Projectos, muitas leituras e muitas escritas. E o começo de uma jornada épica, algo tão massivo que só devo acabar daqui a uns anos.

Doctor Who. Vou ver as temporadas todos desde o início. É um programa com 50 anos, portanto isto quer dizer que ainda são uns poucos episódios... Vai perto dos 800, neste momento. Foi cancelado há uns anos largos e teve um novo fôlego a partir de 2005.

Esses novos episódios já eu os papei todos e fiquei deliciado. É uma série praticamente perfeita para mim, fascina-me verdadeiramente. Vou começar a ver do princípio e vou obviamente intercalando com outras coisas, e vendo outras séries ao mesmo tempo (estou de férias, tenho tempo), se não não via mais nenhuma série nos próximos anos!

Ainda tenho é que decidir se venho ao blog falar da série... Já há uns tempos que ando a congeminar falar mais de séries e filmes por aqui, mas ainda não sei bem se o faça... Pensarei nisso, e se tiverem opinião, chutem.

Entre isso, leituras, escritas, projectos e a diversão habitual das férias, tenciono passar umas férias do caraças. Ouviram bem, do caraças. Não é para serem umas boas férias, ou umas óptimas férias, ou umas férias fantásticas, é para serem umas férias do caraças!

Também espero conseguir manter o recém-adquirido ritmo de uma publicação por dia, e ver se é algo que será possível manter no futuro. Continuem por aí e não percam o próximo episódio, porque nós... também não!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Que as citações nos caiam em cima [34]


"At the very moment that humans discovered the scale of the universe and found out that their most unconstrained fancies were in fact dwarfed by the true dimensions of even the Milky Way Galaxy, they took steps that ensured that their descendants would be unable to see the stars at all. For a million years humans had grown up with a personal daily knowledge of the vault of heaven. In the last few thousand years they began building and emigrating to the cities. In the last few decades, a major fraction of the human population had abandoned a rustic way of life. As technology developed and the cities were polluted, the nights became starless. New generations grew to maturity wholly ignorant of the sky that had transfixed their ancestors and that had stimulated the modern age of science and technology. Without even noticing, just as astronomy entered a golden age most people cut themselves off from the sky, a cosmic isolationism that ended only with the dawn of space exploration."


Contact
Carl Sagan

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Contact

Título: Contact
Autor: Carl Sagan

Sinopse: At first it seemed impossible - a radio signal that came not from Earth but from far beyond the nearest stars. But then the signal was translated, and what had been impossible became terrifying...

For the signal contains the information to build a Machine that can travel to the stars. A Machine that can take a human to meet those that sent the message.

They are eager to meet us: they have been watching and waiting for a long time.

And now they will judge.

Opinião: Não hesitei muito em comprar este livro, quando o vi a um preço acessível na Bertrand do Chiado. A curiosidade sobre Carl Sagan, esse grande comunicador, era imensa, e esta pareceu-me ser a forma ideal de a satisfazer.

Ainda demorei 1 ano e tal a pegar nele, mas está lido! E se ao princípio gostei bastante das personagens e da forma como a história estava a evoluir, o final desapontou-me.

A personagem principal, Ellie Arroway, começa por ser uma criança que cresce ao longo das primeiras páginas, com um percurso de vida atribulado graças à sua natureza curiosa e rebelde. Ou eram problemas com o padrasto, ou eram problemas por ser rapariga/mulher e gostar de Ciência, a sua vida não foi fácil.

Conseguiu formar-se no que queria, e alguns anos após o início da história é directora de um centro de investigação de rádio-astronomia, onde se envolve em vários projectos, nomeadamente um em que se procura por sinais de vida inteligente no Universo, para além de nós.

Como o título do livro, e a frase "we are not alone", deixam adivinhar, esse sinal chega, sob a forma de uma transmissão de rádio com vários níveis de encriptação que vão sendo descobertos ao longo do livro.

É fácil de ver as críticas que Sagan faz ao longo do livro: às religiões, nomeadamente aos seus fanáticos que se recusam a aceitar factos, aos Governos, sempre mais preocupados com a burocracia e o lucro do que outra coisa, e à sociedade em geral por achar que há cargos que as mulheres não podem ou não deviam ter.

Também não é particularmente complicado de ver as formas como Sagan responde a essas mentalidades: os Estados Unidos têm uma presidenta, os cientistas de vários países acabam a trabalhar em conjunto sem quaisquer problemas, incluindo os que inicialmente eram cépticos e acabaram por se render às evidências, e existe uma personagem bastante interessante, Palmer Joss, um homem religioso com um profundo conhecimento científico, que tenta de facto ver os dois lados da questão, e em vez de negar por completo tudo o que lhe dizem e tentar incutir uma fé irracional, pensa, debate, questiona, aceita e tenta que Ellie o perceba a ele, de forma racional.

Até aqui tudo bem, a história mantém-se interessante, as personagens também, e depois vem o fim. Fiquei desapontado. Se já leram outras opiniões minhas, sabem que se há coisa que me deixa desanimado é um final fraco, e foi exactamente isso que aconteceu nas últimas 80 ou 90 páginas desta livro.

A conclusão podia estar bem melhor, e a mensagem final que acaba por passar é uma de reconciliação da Ciência com a Religião, de uma forma algo estranha e que vou ter que rejeitar.

E pronto, a partir de metade do livro a personagem principal começa a aborrecer-me um bocado. É só dilemas existenciais sem razão de ser, e a sua forma de pensar no final chateou-me.

Contact não deixa de ser um bom livro. Um que podia estar melhor, claramente, especialmente tendo em conta o comunicador que era Sagan, mas mesmo sem ter lido nada de divulgação da sua autoria, acho que ele devia ser melhor enquanto comunicador do que enquanto contador de histórias.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Polarity #2

Argumento: Max Bemis
Arte: Jorge Coelho
Cores: Felipe Sobreiro
Legendagem: Steve Wants

Opinião: Novamente uma capa fenomenal. E novamente uma capa que promete mais do que aquilo que o comic realmente tem.

É verdade que teve vários momentos interessante, como quando *spoiler* a personagem principal usa os seus recém-descobertos poderes *spoiler*, mas a explicação que é dada pelo sacana do terapeuta...

Ia-me falecendo todo naquelas duas páginas. A coisa até estava a correr bem, o primeiro comic foi mediano, mas prometia desenvolvimentos interessantes. E depois o terapeuta saca da explicação mais cliché de sempre para o que se estava a passar. Fiquei triste.

Mas nem tudo é mau, como já disse, há momentos verdadeiramente interessantes e engraçados, e a arte de Jorge Coelho continua muito boa, assim como as cores de Felipe Sobreiro. Só tenha pena que o tema não esteja a ser tão bem explorada como podia estar a ser.

Enfim, ainda há mais 2 números nesta série, pode ser que aconteçam coisas mais interessantes no final do que no princípio...

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Polarity #1

Argumento: Max Bemis
Arte: Jorge Coelho
Cores: Felipe Sobreiro
Legendagem: Steve Wants

Opinião: Olhem-me para esta capa. Promete, não promete? Tem um ar tão deliciosamente psicadélico. A melhor expressão que encontro para descrever o que achei deste comic baseado apenas na capa é: "completamente marado dos cornos".

Era isso que estava à espera de encontrar. Uma história estranha sobre um gajo bipolar que estivesse a lidar com a sua doença, por entre alucinações e trips mentais.

O que encontrei realmente foi algo ligeiramente mais fraco. A doença não me pareceu propriamente bem retratada, e não consegui achar a personagem principal tão interessante quanto isso.

A arte de Jorge Coelho (um português!) é boa, e retrata bem o ambiente em que a personagem vive, cheio de hipsters presunçosos. E a história é interessante, mas não me prendeu.

É preciso ter em conta que isto é só o primeiro número, e que serviu basicamente para apresentar as personagens e a situação, e tenho que confessar que acaba de forma genial, quer dizer, há sangue e tripas numa ilustração muito bem conseguida e que conseguiu deixar-me curioso quanto ao número seguinte.

Agora falta ver se o resto da série de comics me convence. Há potencial, pelo menos.

domingo, 16 de junho de 2013

Star Wars: Clássicos 8


Título: Star Wars: Clássicos 8

Guiões: David Michelinie, Mary Jo Duffy
Desenhos: Ron Frenz, Gene Day, Kerry Gammill, Tom Palmer
Arte-final: Tom Palmer
Cores: Glynis Wein, Christie Scheele, Stan G.
Tradutor: José Vala Roberto

Opinião: Achei este volume melhorzito, pelo menos que o anterior. Mesmo com algumas coisas estranhas que foram aparecendo.

A primeira história é um bom começo, tem um enredo minimamente sólido e interessante, em que as emoções negativas são exploradas sem se recorrer ao Lado Negro da Força nem a nenhuma encontro do Darth Vader com o Luke.

Na segunda, que dá pistas sobre o passado de Bobba Fett, fiquei genuinamente interessado. O caçador de recompensas é uma personagem bastante interessante mas sobre a qual se sabe pouco ou nada, para além de que tem uma armadura porreira. Foi bom ver as suas origens a serem exploradas.

É na terceira que começa a desgraça. Poucas páginas depois de começar, há uma página inteira a fazer um flashback à história imediatamente anterior. Uma página inteira dedicada a isso. É o que se chama encher espaço. Depois há todo um momento em que enganam um Stormtrooper com a seguinte deixa: "olha, tens os atacadores desatados". Foi tão palerma que me deu pena.

E algures no meio desta história, há alguma coisa que é traduzida como "borregar". Pode ser um termo técnico todo bonito e não sei quê, mas ficou tão, mas tão feito... Acho que o tradutor podia ter feito um melhor trabalho.

O único verdadeiro problema que tenho com a história seguinte é um momento que me fez desligar por completo da história, de tão ridículo que foi. Um gajo diz o seguinte, "a estatueta tem mais ou menos este aspecto", enquanto desenha no chão de terra. O resultado? Um desenho exacto e preciso da estatueta, extremamente detalhado. Um desenho feito no chão, apelidado de "mais ou menos assim", e que depois parece ser uma fotografia? Não.

É então que encontram Han! Não, não encontram nada, é tão óbvio. Nem é preciso conhecer a saga para perceber que o enredo desta história estava bastante pobrezito.

Depois vá lá, apareceu uma história minimamente interessante, ainda que o que me tenha feito gostar tenha sido Dani, a alien de pele vermelha com a líbido mais activa das redondezas, que é tão, mas tão engraçada!

A história seguinte é bastante pouco interessante e improvável, digamos que envolve criaturas fofinhas, uma cidade aparentemente abandonada, e umas cassetes guardadas numa sala do tesouro. Ah, e pessoas a voar em balões de ar quente? Porque vai-te lixar nave espacial, quem precisa de ti quando temos balões de ar quente?!

Por fim, as últimas duas histórias passam-se num planeta praticamente composto por água, em que se conhecem uns extraterrestres interessantes mas que não passa disso mesmo. Mesmo a desgraça que acontece entretanto, é tão previsível... Mas pronto, nem foram muito más.

No geral achei que a qualidade melhorou, mas continua abaixo do esperado. Estas histórias deviam ser geniais, há tantas coisas em Star Wars passíveis de serem exploradas! E continuam a não dar quase tempo nenhum de antena a um dos maiores vilões de sempre: Darth Vader. Isso é que me chateia sempre, as histórias são sempre sobre os bons da fita e sobre como é difícil serem os bons da fita... Vão-se catar, eu quero é ver o Darth Vader a estrangular pessoas e a cortar coisas ao meio com o lightsaber!

sábado, 15 de junho de 2013

Balanço da Feira do Livro de Lisboa 2013


Acabou na última Segunda-Feira aquele é actualmente o maior evento literário-comercial do país. Foi bom enquanto durou, é sempre, e a única coisa que me chateia verdadeiramente é não ter orçamento suficiente para andar por lá todos os dias e dizer simplesmente "olha, vou levar aquele", sempre que me apetecer.

Mas, por outro lado, o baixo orçamento obriga-me a ser criativo e a procurar mais e melhor. Acabei por trazer na mesma uma quantidade bastante jeitosa de livros, com nenhum a custar mais do que 5 euros, e acabando no total com uma média de 1.60 e poucos euros por livro.

Fantástico, não é? Concordo. É verdade que este número é puxado para baixo pelos 14 Argonautas que comprei, que me ficaram mais baratos que um almoço na cantina da faculdade, mas enfim, não me vou queixar!

Não posso deixar de referir a minha melhor compra este ano: o Kalevala, numa edição linda. Eu não gosto de usar palavras como "linda" e "bela", porque não me soam nada bem, mas neste caso não tenho hipótese. Linda, bela, magnífica, fantástica, fenomenal... Podia ficar aqui o tempo todo a pensar em mais adjectivos, e no fim não ia estar satisfeito com a descrição. É uma epopeia! Nórdica! Numa edição espectacular! AH!

E este ano nem sequer pus os pés na Hora H. A verdade é que fiquei satisfeito (e sem orçamento) só com as minhas visitas diurnas à Feira, portanto nem sequer senti necessidade de ir à Hora H, embora tenha perfeita noção de quão espectacular é a oportunidade de comprar livros com um desconto brutal de 50%.

Isto leva-me, no entanto, a algo mais desagradável. Falo de uma tal de Super Hora H, no última dia da Feira. A informação oficial que havia era a que a Hora H acabava na última Quinta-Feira da Feira. Até aqui tudo bem, o pessoal só teve que se organizar, tudo normal.

A coisa descamba quando, depois de a organização da Feira dizer em vários sítios, bem como as pessoas nas bancas, que não havia Hora H na Segunda, decidem avisar na página de Facebook da Feira, que daí a uma hora ou duas (não me lembro exactamente quando é que avisaram) ia haver uma Super Hora H, em que, pelo que percebi, as editoras faziam os descontos que muito bem lhes apetecessem sobre os livros com mais de 18 meses.

Juro que não percebi a jogada. O objectivo era levar mais pessoas à Feira? Falharam, então, porque não é no último dia, sem esperanças de ter direito a mais Hora H, que as pessoas vão sair de casa a correr para daí a uma hora estarem na Feira.

Imagino que tenha sido uma agradável surpresa para quem por lá andava, mas para quem estava em casa e já não conseguiu ir, ou simplesmente para quem já tinha planeado os gastos todos sem contar com uma Hora H no último dia, aquilo que se sentiu foi desagrado.

Eu pessoalmente senti-me ligeiramente defraudado, por princípio. Eu já nem sequer tencionava ir à Hora H e não, mas e se quisesse? Pois. Então e se por lá andasse à noite e comprasse um livro, e daí a hora e meia anunciavam esta Super Hora H e o livro nas minhas mãos passava a estar com 70% de desconto? Sabem o que é que isso é, na prática? Roubo!

Não sei quem é que teve esta ideia, e quem é que a aprovou, mas a coisa acabou por não ter grande efeito, se querem que vos diga. Quer dizer, sinceramente não sei como é que essa Super Hora H correu, em termos de vendas, mas em termos de imagem da Feira e da sua organização... Enfim.

Agora juntem a isto outras falhas, como a selecção duvidosa que algumas editoras fazem dos livros que entram na Hora H (contra a rebaldaria, no melhor dos sentidos, que é o funcionamento disso na Leya e na Porto Editora, por exemplo), os preços já não tão em conta quanto isso dos alfarrabistas, e a sensação cada vez mais comercial que a Feira transmite, um problema do panorama literário em geral, e podia-se pensar que a Feira foi má.

Felizmente, não foi o caso. Embora acredite piamente quando me dizem que já não é a mesma coisa que antigamente, não acho que isso seja necessariamente mau. Nem necessariamente bom. As pessoas que dizem isso provavelmente são melhores para falar sobre isto que eu, mas imagino que antes a Feira fosse um evento mais pequeno, sem grupos editoriais gigantes a uns anos de ocuparem metade do recinto, e que alguns dos preços fossem mais em conta.

Mas sabem que mais? Eu cá gosto sempre de ir à Feira do Livro, nem que seja para andar por lá rodeado de livros, sem probabilidades, electromagnetismo, bioquímica ou outra coisa qualquer a ocupar-me a mente e a preocupar-me. É bom andar no meio dos livros.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Star Wars: Clássicos 7



Título: Star Wars: Clássicos 7

Guiões: David Michelinie, Michael Fleisher
Desenhos: Walter Simonson, Joe Brozowski, Carmine Infantino
Arte-final: Tom Palmer, Vince Colletta, Rudi Nebres
Cores: Glynis Wein, Tom Palmer, George Roussos
Tradutor: Renato Neves

Opinião: Embora se mantenha relativamente interessante, só continuo a ler estas BD's porque sou um grande fã de Star Wars. Os argumentos por vezes são bastante ridículos, os diálogos sofríveis, e a arte tem variações brutais entre livros, e às vezes dentro do mesmo livro, e nem sempre o resultado é tão bom quanto isso.

Neste volume em particular, uma das histórias consiste numa personagem a contar a sua história de vida. Tudo bem até aqui. O problema é isto passar-se a meio dum tiroteio. Sim, foi um desses momentos parvos que assalta muita BD de super-heróis, durante os quais está a acontecer a maior parte da acção a um ritmo estonteante, e alguém está a falar que se desunha.

Histórias previsíveis, algumas intensas, pelo menos foi interessante ver uma história com o Skywalker a duvidar de si próprio e a questionar o seu próprio estatuto de herói-bom-da-fita, que nunca tem propriamente razão de ser para além de "sou um dos bons". Algumas das histórias também têm desenvolvimentos demasiado simples, normalmente com Luke a resolver tudo recorrendo à Força, uma das suas melhores armas e da qual só se lembra de vez em quando, curiosamente quando a história se meteu nalgum beco e está a precisar de um milagre para continuar sem matar um protagonista, ou algo do estilo.

E não se preocupem, os soldados imperiais continuam inúteis. Já consumi uma boa dose de Star Wars, entre filmes, séries, paródias e BD's, mas é algo que me deixa sempre de boca aberta. Para o grupo mais poderoso do Universo, o Império deve ter os piores militares de sempre.

Na penúltima história, que envolve ladrões de água, os diálogos e os monólogos chegam a ser verdadeiramente dolorosos. Muitas das vezes o seu único objectivo é explicarem ao leitor o que se passa, o que não se faz num diálogo... É na narração. Ou nas imagens, sendo isto uma BD. Ou confiando que o leitor se lembra do que se passou na história anterior. Enfim.

Já mesmo na última história, os desenhos mudam radicalmente e a história não começa onde acabou, mas algum tempo à frente, sem mostrar grande continuidade directa. Mas pelo menos voltamos a ter direito ao Han Solo! É sem dúvida uma das personagens mais interessantes, e que me parece sempre muito mal aproveitada... Um bocado como o Darth Vader, o Lord Sith super poderoso que passa a maior parte do tempo nalguma nave gigante, a sufocar oficiais, em vez de andar por aí, a usar a Força para exterminar os Rebeldes.

Pronto, é isto, acho que estas BD's cada vez mais são fãs da saga e não para alguém que não tenha particular interesse, pelo simples facto de que não são tão apelativas quanto isso. Têm alguns momentos fantásticos, mas a maior parte do tempo têm uma qualidade mediana. É esperar que a Força esteja com os próximos volumes.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Que as citações nos caiam em cima [33]


"In the backseat, Shep continued reading Dickens, granting the novelist a form of life after death."

By the light of the moon
Dean Koontz

quarta-feira, 12 de junho de 2013

By the light of the moon

Título: By the light of the moon
Autor: Dean Koontz

Sinopse: When Dylan O'Conner, together with his autistic brother, Shepherd, pulls into a motel off the interstate highway, all he wants is a good night's sleep. Yet within the hour he finds himself bound, gagged and being injected with a mysterious fluid by a lunatic doctor, who claims Dylan will be the carrier of 'his life's work'.

Comedian Jillian Jackson is midway through a tour of seedy venues, accompanied by her pet pot plant Fred. But her plans for stardom are dramatically altered when she too falls victim to the eccentric scientist.

The doctor wars his victims that he is being pursued and that they too are now targets. If they are caught, they will be killed. Both are sceptical. Before longe, they are beginning to wonder if the lunatic doctor wasn't quite so mad after all.

Opinião: Esta leitura teve altos e baixos de intensidades quase opostas, o que é uma pena. Tinha bastante curiosidade relativamente a este autor, que me chamou a atenção depois de começarem a aparecer opiniões aos seus livros que metiam o monstro de Frankenstein. Quando vi este à venda e reparei no comentário da Publishers Weekly que vem na contracapa, fiquei rendido: 'Koontz has bridged the gap between the occultism of Stephen King and the scientism of Michael Crichton'. Um autor que supostamente está algures entre um dos meus autores favoritos e o gajo que escreveu o Parque Jurássico? Sold!

A acção passa-se praticamente toda ao longo de 24 horas, pouco mais, e achei espantoso a forma como o livro se leu tão depressa e ainda só tinham passado umas 10 horas, depois de ler 200 e tal páginas. É de louvar a forma como Koontz consegue dar um ritmo tão rápido e intenso à história sem fazer com que tudo aconteça em meia dúzia de páginas.

Grande parte disso deve-se aos devaneios do narrador sobre as personagens, ou às reflexões das próprias personagens que, espantosamente, não quebram o ritmo da narrativa. Mas por outro lado, para um thriller, a história é muito morninha. Começa bem, de rompante e a surpreender-me tão bem como às personagens, mas depois, e apesar do ritmo intenso que me manteve colado às páginas, a história em si não avança grande coisa até às últimas páginas, em que tudo começa a ficar mais interessante e a fazer-me soltar exclamações de surpresa a cada meia dúzia de páginas. E é então que chega mesmo ao fim. Improvável, tendo em conta a história, ligeiramente idiota, e extremamente pouco convincente.

Felizmente as personagens eram interessantes. Algumas. O médico lunático aparece pouco mas tem um grande carisma, e Shepherd, o irmão autista, está muito bem retratado, com todos os seus tiques e as suas obsessões, invariavelmente a terem algum papel no enredo que raramente se percebe à primeira. E a interacção entre esta personagem e as outras, bem como com o mundo real e com o seu próprio mundo, é das partes mais interessantes. A dificuldade em comunicar com ele, as constantes demonstrações do seu intelecto superior, balançado com a sua atitude infantil... Muito bom.

Mas no geral o livro desapontou-me. Acho que podia ser muito melhor, até porque lê-se de facto como um bom thriller, rapidamente e com algum vício à mistura, mas a história acaba por deixar a desejar, especialmente o fim. A sério, estou bastante chateado com o fim. Parece que caiu do céu. Ou que o autor escreveu as primeiras 400 páginas de rajada, e depois escreveu as últimas 70 passados alguns anos e já não sabia bem que história estava a escrever. Enfim, as outras obras do autor continuam a despertar-me alguma curiosidade, mas desceram algumas posições na minha lista de leituras.