quarta-feira, 19 de junho de 2013

Contact

Título: Contact
Autor: Carl Sagan

Sinopse: At first it seemed impossible - a radio signal that came not from Earth but from far beyond the nearest stars. But then the signal was translated, and what had been impossible became terrifying...

For the signal contains the information to build a Machine that can travel to the stars. A Machine that can take a human to meet those that sent the message.

They are eager to meet us: they have been watching and waiting for a long time.

And now they will judge.

Opinião: Não hesitei muito em comprar este livro, quando o vi a um preço acessível na Bertrand do Chiado. A curiosidade sobre Carl Sagan, esse grande comunicador, era imensa, e esta pareceu-me ser a forma ideal de a satisfazer.

Ainda demorei 1 ano e tal a pegar nele, mas está lido! E se ao princípio gostei bastante das personagens e da forma como a história estava a evoluir, o final desapontou-me.

A personagem principal, Ellie Arroway, começa por ser uma criança que cresce ao longo das primeiras páginas, com um percurso de vida atribulado graças à sua natureza curiosa e rebelde. Ou eram problemas com o padrasto, ou eram problemas por ser rapariga/mulher e gostar de Ciência, a sua vida não foi fácil.

Conseguiu formar-se no que queria, e alguns anos após o início da história é directora de um centro de investigação de rádio-astronomia, onde se envolve em vários projectos, nomeadamente um em que se procura por sinais de vida inteligente no Universo, para além de nós.

Como o título do livro, e a frase "we are not alone", deixam adivinhar, esse sinal chega, sob a forma de uma transmissão de rádio com vários níveis de encriptação que vão sendo descobertos ao longo do livro.

É fácil de ver as críticas que Sagan faz ao longo do livro: às religiões, nomeadamente aos seus fanáticos que se recusam a aceitar factos, aos Governos, sempre mais preocupados com a burocracia e o lucro do que outra coisa, e à sociedade em geral por achar que há cargos que as mulheres não podem ou não deviam ter.

Também não é particularmente complicado de ver as formas como Sagan responde a essas mentalidades: os Estados Unidos têm uma presidenta, os cientistas de vários países acabam a trabalhar em conjunto sem quaisquer problemas, incluindo os que inicialmente eram cépticos e acabaram por se render às evidências, e existe uma personagem bastante interessante, Palmer Joss, um homem religioso com um profundo conhecimento científico, que tenta de facto ver os dois lados da questão, e em vez de negar por completo tudo o que lhe dizem e tentar incutir uma fé irracional, pensa, debate, questiona, aceita e tenta que Ellie o perceba a ele, de forma racional.

Até aqui tudo bem, a história mantém-se interessante, as personagens também, e depois vem o fim. Fiquei desapontado. Se já leram outras opiniões minhas, sabem que se há coisa que me deixa desanimado é um final fraco, e foi exactamente isso que aconteceu nas últimas 80 ou 90 páginas desta livro.

A conclusão podia estar bem melhor, e a mensagem final que acaba por passar é uma de reconciliação da Ciência com a Religião, de uma forma algo estranha e que vou ter que rejeitar.

E pronto, a partir de metade do livro a personagem principal começa a aborrecer-me um bocado. É só dilemas existenciais sem razão de ser, e a sua forma de pensar no final chateou-me.

Contact não deixa de ser um bom livro. Um que podia estar melhor, claramente, especialmente tendo em conta o comunicador que era Sagan, mas mesmo sem ter lido nada de divulgação da sua autoria, acho que ele devia ser melhor enquanto comunicador do que enquanto contador de histórias.

Sem comentários: