sábado, 6 de julho de 2013

Prelúdios (Sandman #1.1)

Título: Prelúdios

Argumento: Neil Gaiman
Desenho: Sam Kieth e Mike Dringenberg
Cor: Robbie Busch
Tradução: Pedro Vieira de Moura

Sinopse: Sandman: Prelúdios introduz os leitores no universo misterioso e mágico de sonhos e pesadelos que é o domínio de Sandman, Senhor dos Sonhos, e dos restantes Eternos.

Opinião: Digo-vos, bastaram algumas páginas para ficar rendido. Gaiman conseguiu criar uma história interessante, aproveitando o Universo dos super-heróis da DC, uma história estranha, ainda por cima.

Os heróis e vilões pouco ou nada aparecem, tendo apenas papéis menores ou aparecendo só de raspão, mas há excepções, como John Constantine, que tem um papel mais preponderante.

Mas concentremo-nos no protagonista, Morfeu, o Rei dos Sonhos, capturado e mantido cativo durante décadas, sem dizer uma palavra que fosse até chegar a altura certa. O objectivo era capturar a sua irmã, a Morte, mas o ritual falhou por algum motivo e os mágicos humanos ficaram o Sonho aprisionado numa grande redoma de vidro.

Tiraram-lhe os seus artefactos (o elmo, o saco de areia, e o rubi), e Morfeu parte em busca desses artefactos, quando se vê livre. Interage com humanos, nomeadamente com Constantine, e vai até ao Inferno para recuperar as suas coisas, sempre a emanar uma aura de mistério e de poder que apenas cresce à medida que o tempo passa.

Essa sensação de poder calmo é aumentada quando consegue parar uma horda inteira de demónios só com algumas palavras. Não houve magia, nem qualquer truque ou luta. Limitou-se a falar. Morfeu tem um poder que transcende as suas habilidades sobrenaturais, um poder inato e um carisma poderoso. É um dos Eternos, seres praticamente omnipotentes, e isso nota-se bem.

No entanto o que mais me fascinou não foi a personagem, o ambiente, o mundo ou a história. Nada disso. Aquilo que me deixou realmente impressionado foi a arte. Os desenhos encaixam muito bem na história, e as cores são surpreendentemente vivas e vibrantes.

Com uma história de carácter negro, e personagens que, pelo menos na maior do tempo, ainda são mais negras, estranhei bastante a vida que as cores transmitiam. Eram vibrantes e diversas, um mundo colorido a partir de uma larga palete de cores intensas, e não de cores escuras nem à volta dos cinzentos e dos pretos, como podia ser de esperar.

Só por isso o livro já era capaz de levar quase a nota máxima, e depois ainda se tem em conta a história interessante, as personagens curiosas, como Morfeu, Abel, Caim, Constantine, o Triunvirato que governa o Inferno (ideia genial) e outras que tais, e o resultado é uma nota máxima bem esgalhada.

E se ignorarmos tudo e nos focarmos apenas na história e no enredo, aquilo que encontramos é terror, mistério, humor leve e humor negro, coisas estranhas, desenvolvimentos inesperados e um enredo cativante, de uma forma geral.

No fundo, uma boa introdução à saga de Sandman, um óptimo livro que serve de facto como prelúdio: prepara a história, dá alguns desenvolvimentos e ajuda a assentar o ambiente, negro e ao mesmo tempo estranhamente colorido.

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