sábado, 31 de agosto de 2013

O fim


Parece injusto avaliar uma obra (conto, novela, romance, seja o que for) pelo seu fim, mas a minha experiência pessoal diz-me que muitas vezes é isso que acontece. Pelo menos comigo.

Já dei por mim, muitas vezes, a ler um conto e a pensar "nem me aquece nem me arrefece", para depois chegar ao fim e quase morrer de ataque cardíaco.

Ou então ler um livro que me faz delirar a cada página, com coisas a acontecerem, um enredo complexo e surpreendente, enfim, uma história intensa e emocionante, para chegar ao fim e sentir que antes de chegar ao pico da montanha, vim a rebolar por ela abaixo.

A verdade é que o fim, por ser a última coisa que (normalmente) lemos de um dado texto, acaba muitas vezes por ser aquilo que mais nos fica na cabeça. E é quase sempre aquele pedacinho essencial que nunca se pode partilhar com ninguém que não tenha lido. É de certa forma secreto, e de certa forma definitivo.

É por isso que quando acho um livro realmente bom, uma das coisas de que me lembro de forma mais viva é o fim.

Se bem que também pode acontecer o contrário, concedo. Às vezes lembro-me do fim por ter sido tão excepcionalmente desapontante. Ter um livro excelente e depois um fim que não corresponde de todo às minhas expectativas... Bem, lixa-me o esquema.

Noto também que isto é algo que varia um pouco com os géneros. Por exemplo, já li umas dúzias de livros e contos com o Poirot e o Sherlock Holmes, e embora tenha adorado praticamente cada página de tudo o que lhes li, lembro-me de muitos poucos fins. Ou de culpados. Porque neste caso, isso não é o mais relevante, parece-me, embora se passe toda a história a tentar chegar a isso.

O que destaca uma história policial é exactamente a investigação, o mistério, as pistas, o lento avançar das conjecturas e das hipóteses. Quando chego ao culpado quase que me apetece pousar o livro, "pronto, já sei quem é, fiquemos por aqui".

Mas de uma forma geral, o fim é crucial. Acaba por ser um resumo de todo o livro/conto, ao mesmo tempo que o define. É perfeitamente possível avaliar todo um livro pela sua parte final. As últimas páginas, os últimos capítulos, até as últimas palavras.

Uma das últimas palavras do último livro da saga do Harry Potter é cicatriz. Perfeito. O fim em si... Enfim. Este é um exemplo da importância do fim, numa obra. Neste caso temos os protagonistas fisicamente envelhecidos, depois de passarem 7 livros a envelhecer mentalmente de forma brusca, todos felizes, porque o Bem triunfa sempre sobre o Mal, com os seus filhos de nomes ridículos que homenageiam algumas das personagens mais importantes da saga... e que estão todas mortas.

A cena em si é um bocado palerma, mas faz sentido, no contexto dos livros. Até porque a autora se envolveu emocionalmente com este seu universo de uma forma muito profunda, e não acredito que fosse capaz de simplesmente abandonar as personagens sem lhes definir todo um futuro, e dar-lhes um final feliz.

Portanto, o fim. É importante, e pode facilmente transformar um bom livro num mau livro, e vice-versa. Ou pode fazer descer um pouco a consideração que temos pelo livro. Ou fazê-la subir. Talvez o fim agarre no resto do livro, o rasgue em pedacinhos e os queime, enquanto nos grita aos ouvidos "TUDO O QUE TU PENSAVAS ESTAVA ERRADO!!!!", ou talvez seja tão intenso que acabe a murmurar-nos "sh sh sh... já passou...".

O que não tenho dúvidas, é que é expressivo e crucial. E é também das coisas que mais dificuldade tenho em escrever. Inícios surgem-me a toda a hora, já os fins é outra conversa.

E por falar em fins...

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Que as citações nos caiam em cima [36]


"Os Mentirosos não acreditam na vida depois da morte, em Deus. Vemos o universo como ele é, Padre Damien, e estas verdades nuas, são verdades cruas. Nós que acreditamos na vida, que a estimamos, vamos morrer. Depois disso não haverá nada, vazio eterno, escuridão, não-existência. Não houve uma finalidade na nossa vida, nenhuma poesia, nenhum significado. Nem as nossas mortes possuem estas características. Quando mos formos embora, o universo não se lembrará de nós por muito tempo, e em breve será como se nunca tivéssemos sequer vivido. Os nossos mundos e o nosso universo não nos sobreviverão por muito tempo. No final, a entropia tudo consumirá e os nossos débeis esforços não podem impedir esse fim terrível. Terá terminado. Nunca terá sido. Nunca foi sequer importante. O próprio universo está condenado, é passageiro, indiferente."


Inquisidor Damien em O Caminho da Cruz e do Dragão
George R.R. Martin

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O Caminho da Cruz e do Dragão


Título: O Caminho da Cruz e do Dragão
Autor: George R.R. Martin
Tradutora: Sandra Luna

Opinião: Nada mau, para primeira incursão na escrita de Martin. Fiquei positivamente impressionado.

Com uma escrita simples, mas trabalhada e cuidada, o autor conseguiu escrever um conto com momentos engraçados, momentos dramáticos, e momentos completamente indiferentes.

Mais não seria de esperar num mundo em que a Igreja se expandiu a uma porradona de planetas, militarizando-se no processo, para acabar com os hereges e problemas afins. Voltam a haver Inquisidores, que exterminam blasfemos sem piedade.

A história é sobre um Inquisidor que tem que visitar a sede de um culto em expansão, que tem São Judas como principal figura.

Devo dizer que se eu tivesse aprendido isto na catequese, talvez ainda fosse à Igreja: a religião de São Judas diz que ele, entre outras coisas, era um poderoso necromante e mago negro, para além de hábil domador de dragões.

Martin descreve uma versão alterada da história do Cristianismo, vista do ponto de vista de Judas, e é gloriosa. Dragões, desmembramentos e sabe-se lá mais o quê!

E depois ainda há todo um enredo escondido bastante interessante. Teóricos das conspirações, não leiam este livro...

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Finis


Título: Finis
Autor: Frank L. Pollack
Tradutora: Virgínia Rocha

Opinião: Não conhecia o autor, mas fiquei agradado. A premissa é interessante: o universo é finito, e tem uma mega-estrela no seu centro, cuja luz só agora está a chegar à Terra. Até aqui tudo bem. Só que o conto torna-se numa história relativamente original sobre o fim do mundo, e é aí que as coisas ficam verdadeiramente interessantes.

O cenário apocalíptico gerado pela luz intensa que esta nova estrela emite está bastante interessante e bem conseguido. Coisas a explodirem, caírem e a arderem por todo o lado, o que é que há para não gostar?

Só a interacção entre os dois protagonistas é que não me agradou por aí além. Como possivelmente últimos membros da espécie, deixam-se enamorar e querem-se papar e é uma festa... A conversa em si nem estava muito exagerada nem forçada, o conteúdo da dita conversa é que me fez alguma confusão.

Quanto à escrita, devo dizer que a devo ter achado mediana, nem boa, nem má. Isto porque não reparei. Não liguei muito à escrita, estava mais concentrado na história, e não apareceu nenhum momento que me tenha posto a pensar "epah, que porcaria que para aqui vai", nem "genial! genial! genial!". Foi-me um bocado indiferente. Daí a classificação mediana.

Mas no fim Finis (ah!) mostra-se um conto competente e bem estruturado, igualmente apocalíptico e relaxado.

sábado, 24 de agosto de 2013

O tamanho importa (eheh)


A piadola juvenil do título era demasiado irresistível. Nem tive hipótese. Mas falemos de coisas sérias.

O tamanho de um texto, ou de uma história, se preferirem. Não quero entrar aqui em discussões do tamanho intermédio: todos sabemos a confusão e as opiniões divergentes acerca dos termos "novela" e "noveleta", por exemplo, e das fronteiras entre esses e os contos e os romances.

Para mim é como H.G.Wells diz no prefácio de um livro de contos seus: um conto é uma história que pode ser lida duma assentada, no espaço de uma hora, vá. Depois, dependendo do tamanho, da forma e da própria estrutura de organização interna, podemos ter uma novela, um romance, um pequeno livro, um grande conto... E por aí adiante, não interessa.

Mas embora esta discussão sobre fronteiras e definições seja quase sempre estéril e fútil, o tamanho de uma história é um ponto bastante importante. Não só em termos de definição e classificação da história, que já vimos ser uma tarefa inglória, mas também em termos da própria apreciação do texto em si.

Isto porque há histórias que funcionam bem enquanto contos, contidas num texto pequeno que se leia de rajada, e há outras que apenas impressionam se forem contadas ao longo de 400 ou 500 páginas. É claro que pelo meio aparecem algumas que tanto podiam ser uma coisa ou outra, mas na maior parte dos casos não é isso que acontece.

É impensável, por exemplo, agarrar na história dos calhamaços do Stephen King, como o It e o The Stand, e condensá-las num conto. Ou numa novela. Ou em algo com menos de 600 páginas. O homem é um mestre dos calhamaços, e aqueles livros são bons exactamente por serem os calhamaços que são.

No outro extremo, alguém acredita que os contos de Poe davam bons livros? Nem o desgraçado acreditava muito nisso, que escreveu um pequeno romance e deixou-se disso. Ele escrevia histórias curtas, normalmente fechadinhas e sem grande azo a interpretações manhosas, e que ficavam excelentes assim contadas em meia dúzia de páginas, ou em 10 ou em 15.

Não quero com isto dizer que não seja possível agarrar num conto e expandi-lo num romance. Claro que é possível. Mas acho difícil que o conto nesse caso não seja uma mera fonte de inspiração, ou uma porta de entrada na história, que será necessariamente muito mais complexa ainda que provavelmente menos completa.

Agora, se me vierem questionar sobre os contos/novelas/pequenos romances do Lovecraft, também não sei o que vos diga. Ele tem bastantes que são autênticos pequenos romances, com uma extensão já considerável, mas a estrutura é a típica de um conto, e durante a leitura o que sinto é que tenho um conto entre mãos.

Mas e que importância é que isto tem na leitura? Muita! Não são poucas as vezes em que não me apetece agarrar num livro e prefiro perder-me num conto. Ou que estou a ler um livro de 700 páginas e me apetece fazer uma pausa disso e passar meia hora a ler um conto, com uma história fechadinha sobre si própria, com um claro começo, meio e fim que dê para ler em menos de 1 hora.

E a forma de encarar ambas as leituras é obviamente diferente. Ler as 1300 páginas do It foi uma aventura épica, de cada vez que o abria, mergulhava num universo completamente diferente, perdia-me naquela história e sentia-me completamente envolvido por ela, também graças à forma como King conta as suas histórias, mas não só.

Já se for agarrar um conto, por mais envolvido que me sinta, é mais fácil tornar-me como que num observador a ver a história a desenrolar-se à minha frente e não à minha volta.

Também sinto isso quando escrevo. Um romance ainda vai longe, mas já escrevi vários contos, e normalmente sinto que aquilo está bem assim. As histórias em que pensei são histórias para contos, não dava para tornar num romance. E, por outro lado, tenho ideias apontadas que sei que não vou tornar num conto. É material de livro - ou pelo menos é o que eu acho.

Mestres contistas, mestres romancistas e mestres novelistas (novelitistas, também?) são todos dignos de ser lidos, mas de formas diferentes, em alturas diferentes, e com expectativas e abordagens diferentes. Também depende da mestria de cada um, e isso tudo, mas de uma forma geral é assim que funciona.

O que é que vocês acham sobre isto?

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A Corte a Dinah Shadd

Título: A Corte a Dinah Shadd
Autor: Rudyard Kipling
Tradutora: Odete Martins

Opinião: O facto de este conto estar classificado como "conto de guerra" deixa-me intrigado. A guerra não é um elemento fundamental, nem sequer serve como grande desculpa para o que quer que seja.

Um soldado conta a história de como cortejou Dinah Shadd, e o seu sotaque escocês, traduzido para um dialecto quase tão impronunciável como ilegível, é horrível. A culpa aqui é muito provavelmente responsabilidade única da tradução. Devo dizer que foi algo que prejudicou gravemente a leitura.

As descrições são medianas, a narrativa avançada lentamente, sem que nada aconteça de facto, e a escrita não me pareceu nos seus melhores dias, embora não tenha propriamente termo de comparação.

Fraquinho, A Corte a Dinah Shadd não me impressionou minimamente, e tinha até passado bem sem me ter aborrecido (é verdade) com ele.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Tiro

Título: O Tiro
Autor: Puskine
Tradutora: Margarida Pereira

Opinião: Correndo o risco de me repetir, não resisto a dizer que autores russos não me desiludem. O meu fascínio por estes autores é cada vez maior, e isso assusta-me, pois chegará o dia em que vou ler os grandes calhamaços, de que até sou capaz de gostar, mas que vão dar uma trabalheira desgraçada a ler.

Até lá, felizmente, os tipos até tinham juízo e não escreviam só clássicos intemporais com mais páginas que programas estúpidos na televisão. Volta e meia lembravam-se de escrever contos e livros mais 'canitos.

Este é um exemplo desses contos, que serve também como prova de que os sacanas dos russos faziam bem tudo aquilo em que se metiam. Pelo menos os mais conhecidos, vá. Nas coisas que já li, e que nem foram assim tantas, pronto. Mas acredito piamente que tenho razão!

A história passa-se entre duelos, vinganças, tiros não dados há 20 anos e tiros dados 20 anos depois disso, tem uma moral curiosa e está bem escrita.

Como bónus tem uma primeira parte que serve de pano de fundo: ajuda a situar as personagens, a caracterizar a situação de guerra que viviam, enfim, a criar uma ligação com a história que aí vem. Essa primeira parte faz esse trabalho de forma exemplar, sendo uma excelente introdução à parte do conto com o "sumo".

No fundo, e é isto que importa, O Tiro é um bom conto de Puskine, com um final no mínimo interessante.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Ídolo

Título: Ídolo
Autor: John O'hara
Tradutora: Juliana Costa

Opinião: O conto começa bem: tem boas descrições, e ainda que um desenvolvimento algo banal, promete algo bem mais porreiro.

Uma conversa bastante estranha entre duas personagens é o mote de partida. Rapidamente há alusões a sociedades secretas, e é então que tudo começa a descambar.

A história perde-se e desaparece num emaranhado narrativo, e acaba por não se perceber nada.

Na tentativa de criar mistério e suspense, deixando pistas ao leitor para que este possa inferir/deduzir/perceber o resto, o autor conseguiu apenas deixar uma autêntica salganhada de ideias semi-acabadas que não levam a lado nenhum.

sábado, 17 de agosto de 2013

As minhas escritas


Sei que já falei deste assunto aqui e ali, mas acho que nunca me dediquei a falar a sério sobre as coisas que escrevo.

Além de opiniões e crónicas aleatórias, também gosto de (tentar) escrever umas coisas mais literárias. Principalmente contos.

Já o faço há muitos anos, e já tive muitas alturas de completa estagnação, mas estou numa boa fase. Não me lembro de alguma vez ter escrito tanto, e com os textos a agradarem-me tanto!

Um dos principais culpados é a Oficina de Escrita Fantástica, da Trëma. Não só os formadores, Rogério Ribeiro e Luís Filipe Silva, puxam por nós (normalmente com o esquema de "polícia bom, polícia mau", como alguém disse na última sessão, embora seja acidental: o Rogério é mesmo mau *riso maléfico*), como os participantes estimulam a criatividade e a motivação uns dos outros.

Foi um arranjinho perfeito, deixem que vos diga. E graças a isso estive este segundo ano da faculdade sempre com algo entre mãos para escrever. Os resultados até me foram agradando, de uma forma geral, e agora dou por mim e tenho praticamente uma ideia nova todos os dias, para começar qualquer coisa.

Seja um conto, um projecto blogoliterário a solo ou um acompanhado, um universo pessoal, um livro de FC ou um trio de novelas, alguma coisa me surge dia sim, dia sim.

Já se começa a tornar mau. Dou por mim com demasiadas coisas para escrever! Tenho uma pasta cheia de coisas começadas, um caderninho cheio de ideias apontadas, e ainda um quadro branco cheio de mais coisas para escrever e desenvolver! Stop it, brain!

É claro que digo isto da boca para fora... Só fico chateado por não ter tanto tempo para escrever como gostava de ter, no meu dia-a-dia em tempo de aulas. Mas é para isso que servem as férias, e garanto-vos que estou neste momento com mais coisas começadas e projectos em desenvolvimento do que da última vez que vos falei destas coisas, e com menos do que da próxima.

Mas falemos um pouco da minha escrita. Boa, má, razoável, asquerosa ou divinal, deixo essas considerações para alguém que possa olhar para os meus textos de forma imparcial. O que se passa é que vario muito de género de história. Ou variava. Escrevo de tudo um pouco, embora ultimamente ande mais inclinado para a fantasia e a ficção científica.

Os meus sonhos a este nível incluem: escrever um livro, publicar coisas, criar um universo de raiz, com uma história e uma mitologia própria, e escrever uma epopeia.

Os dois primeiros são óbvios. O segundo é algo que me surgiu há pouco tempo, mas bem, gostava de ter um pano de fundo completamente moldado por mim, em que pudesse agarrar e situar histórias, interligando contos e personagens, escrevendo um livro aqui e um conjunto de novelas ali, com contos de permeio... Enfim, um projecto ambicioso.

Mas já que estamos a falar de projectos ambiciosos, o que acham da minha ideia de escrever uma epopeia? Loucura? Louvável?

Não quero saber.

A epopeia deve ser o tipo de literatura que eu acho mais próximo da perfeição. Tem regras e características muito próprias, mas pode-se fazer virtualmente o que nos der na real gana. Um autor que escreva uma epopeia tem que ter atenção à história, às personagens, aos cenários, à escrita de uma forma geral, à narrativa, às descrições, mas também à melodia, ao ritmo, à musicalidade... Por vezes tem que se preocupar com a escolha de palavras a um nível de exigência que quem escreve um conto, ou um romance, não tem.

É uma mistura entre o poder narrativo da prosa e a beleza simbólica da poesia. E vice-versa. É literatura no seu pináculo mais elevado. Não é por acaso que Camões, Dante, Goethe, Homero, Virgílio e tantos, tantos outros, tenham sido elevados ao estatuto de lendas. Eles eram génios, e como génios que eram, escreveram epopeias.

Portanto sim, eventualmente gostava de conseguir escrever uma com um milionésimo que fosse da qualidade das que já li. Seria um gajo mais feliz.

E pronto, é isto. Agora já sabem mais pormenores sobre essa minha faceta. Talvez agora me possam ajudar, tenho pensado em publicar os meus contos aqui no blog, mas não sei se o deva fazer. Por um lado gostava de expor o que escrevo, e de obter feedback, mas por outro tenho receio que isso não se enquadre bem neste espaço.

Não sei. Digam de vossa justiça. Se me apelarem o suficiente ao ego, pode ser que me convença a fazê-lo. Era também uma forma de me manter motivado a escrever, saber que depois vinha aqui publicar os contos e tinha, pelo menos, pessoas a lê-los. Quem sabe...

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Goblinology

Título: Goblinology
Autor: Francis LeBaron


Opinião: Integrado na antologia The Colors of Magic, este conto passa-se no universo do jogo de cartas Magic: The Gathering.

Os goblins são das criaturas mais estúpidas desse universo, servem de comic relief, até, pelo que percebi. E Goblinology é um texto engraçadíssimo que simula um trabalho académico sério sobre umas ruínas arqueológicas de goblins.

Inclui uma introdução e uma conclusão do académico, e uma carta encontrada no local, escrita por goblins, num inglês macarrónico. Tem ainda direito a notas do autor, que intercalam alguns dos parágrafos, e ainda a notas na margem de um dos estudantes do arqueólogo, que são de longe a melhor parte.

A escrita é competente, e o tom sério em que o suposto trabalho está escrito, quando lido juntamente com as notas na margem do estudante, apenas aumenta o nível da comédia.

O arqueólogo está convicto de que encontrou, naquelas ruínas, a prova de um grande culto religioso praticado pelos goblins. Um culto complexo e profundamente sagrado, praticado em massa.

Mas, dizem-nos as notas do estudante, este arqueólogo era um bebedolas que passou a maior parte do tempo a dormir. Torna-se óbvio que as suas observações são especulações elaboradas, autênticas fantasias, e embora se vá desconfiando a partir de meio do conto, percebe-se no fim que a verdade é bastante mais... mundana do que o académico pensava.

Hilariante, bem escrito e interessante, Goblinology é um bom conto. Fiquem com uma das pérolas, um trecho da carta escrita por goblins, e a partir da qual o arqueólogo infere uma carrada de coisas bastante religiosas e sagradas:

"Anyway da game is fun an now we play it all da time cept peeple don lik getting hit wit clubs, so we had ta tell everybody no more of dat, jus grab da guy wit dat bomb an push him down. Also wes runnin out of goblin bombs an people don like throwin dem so much cuz if dey drop em dey get blooed up. So maybe well uze somfin else. Like a ball. We wuz tryin ta cide what ta call da game. Somebody sed we should call it Ball kickin wit Feet, but we all laffed. Den I sed we should call it affer food, cuz it makes us feel like eatin after. So we dacided ta call it Cricket."

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A Lei

Título: A Lei
Autor: Robert M.Coates
Tradutora: Isabel Sousa

Opinião: Gostei bastante, e só lhe ponho o defeito de ter ficado demasiado pequeno.

Com uma escrita que não é má, mas também não é fantástica, A Lei tem uma premissa bastante curiosa: a Lei das Probabilidades começa a falhar, e é preciso legislá-la.

A noção de ter que se legislar uma lei matemática e natural é estranha por si só. A forma séria como o autor encara esta ideia empresta-lhe um ar de naturalidade que permite encaixar muito melhor o que se está a passar.

E como é óbvio há consequências, e coisas que correm mal, depois da lei estar legislada. Mas essas consequências são pouco desenvolvidas e apresentadas/explicadas em poucas linhas, o que achei uma pena.

Havia ali material para muito mais, que o autor simplesmente não aproveitou. Não deixa, no entanto, de ser um conto do qual gostei, com tanto de interessante como de misterioso e curioso.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Roubo

Título: Roubo
Autora: Katherine Anne Porter
Tradutora: Juliana Costa

Opinião: Acho que é suposto este conto ser simbólico, ou uma metáfora, ou algum tipo de parábola.

Pois bem, eu cá não apreciei nem percebi muito bem qual é que era o objectivo.

Entre acontecimentos a tender para o bastante aleatórios, uma carteira que é roubada à protagonista, e afinal não tinha sido, e depois sempre tinha sido roubada, mas pela protagonista...

Muito estranho, confuso e sem ponta por onde se lhe pegue, na minha opinião.

A escrita não é má, no entanto. A "história" é que vai lá vai. Tenho que tirar a prova dos noves e procurar mais contos da autora, que parece que foi por causa deles que ficou mais conhecida. As críticas gerais prometem, mas a avaliar por este conto... Vai ser preciso ter outras coisas muito boas, para me convencer.

sábado, 10 de agosto de 2013

Kingpin Books


Quando comecei a ler BD com mais frequência, foi em grande parte por causa desta loja/editora.

O facto dela se situar a 5 minutos a pé da minha faculdade foi um bónus. Quantas vezes lá passei, antes de ir para casa! Com muita pena minha não comprei mais coisas, e não frequentei tanto quanto queria, mas sabia que era sempre uma visita em que pelo menos descobria qualquer coisa nova.

E para o ano tenciono continuar a ir lá e, com sorte, a comprar mais coisas. O mundo da BD é fascinante, e eu mal comecei a aproveitá-lo.

Mas o que é que a Kingpin tem de tão absurdamente fascinante? Para além de ter na sua loja uma quantidade imensa de títulos e outros artigos (peluches, porta-chaves, etc.), ainda edita uma boa dose de BD, a maior parte de grande qualidade, com uma forte aposta em autores portugueses e com BD para crianças incluída!

Eu próprio já li, e fiquei satisfeito, A Conspiração Ivanov (Agentes do C.A.O.S. #1)Nova O.R.D.E.M. (Agentes do C.A.O.S. #2)A Fórmula da Felicidade #1A Fórmula da Felicidade #2Mucha e O Pequeno Deus Cego. As edições são óptimas, e os livros têm uma qualidade acima da média, embora tenha acho alguns mais fracos (Agentes do C.A.O.S., estou a olhar para vocês).

Como se isto não bastasse, ainda foi nesta loja que encontrei um livro que achava ser impossível de encontrar, o Mostra-me a tua espinha, do David Soares, e que agora faz parte da minha colecção de livros de um dos autores que mais aprecio.

Mas há mais! A Kingpin ainda organiza o Anicomics. O Mário Freitas, responsável por esta brincadeira toda, não deve ter descanso. Ainda por cima ainda mete as mãos na massa e trata da legendagem e outras coisas que tais, nalguns dos livros que edita. Nem sei se não me está a escapar alguma que ele e a editora façam...

Como já devem ter percebido, sou um grande fã desta excelente editora, que é também uma excelente loja. É um sítio onde as novidades lá de fora chegam cá dentro, e uma entidade que se preocupa em editar autores portugueses de qualidade, em edições de qualidade. Por isto tudo merece apenas os meus parabéns.

Espero que mantenha a qualidade, que cresça e tenha cada vez mais o destaque que merece, e que continue a editar boas obras portuguesas do universo bedéfilo. Sei que há pelo menos um livro do David Soares, com desenho do Pedro Serpa na calha... Mais mais mais!


P.S.: Acompanhem também o Facebook e espreitem o blog, que infelizmente está parado desde 2010.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O Pretendente

Título: O Pretendente
Autor: John Collier
Tradutora: Margarida Pereira

Opinião: A escrita cuidada e directa de Collier agradou-me. A história que conta, de contornos fantasiosos semi-escondidos, é ao mesmo tempo interessante e crítica.

Um homem quer comprar uma poção de amor, e o tipo que vende esse tipo de coisas é estranho. A personagem emana uma certa aura de confiança, e falou longamente com o homem sobre um veneno, caro e bastante poderoso, e ainda sobre outra poção, capaz de fazer uma carrada de coisas, e excepcionalmente cara.

As descrições do vendedor são boas, e a forma como explica o que cada uma das poções faz é interessante. Só já perto do fim do conto é que mostra a poção de amor ao jovem, um líquido guardado num frasco de mau aspecto e vendido ao desbarato.

O pretendente não compreende esta diferença entre preços e aspecto, e eu também não apanhei muito mais. Mas por isso mesmo o conto prendeu-me até ao fim. Queria perceber porque raio é que o vendedor estava com tantos rodeios.

No fim a história acaba por ficar mais ou menos aberta a interpretações, e suponho que cada pessoa que a leia tire a sua conclusão. Eu cá acho que foi uma desculpa para tecer uma crítica a jovens enamorados e à forma como agem, mas quem sabe?

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Que as citações nos caiam em cima [37]


"Os demónios isto ouviram,
De isto os malvados trataram.
Construíram eles um alce,
Fabricaram uma rena:
Cabeça de cepo podre,
Cornos de paus bifurcados,
Pernas de brotos molhados,
Tíbias, talas de paul,
Dorso de estacas de cerca,
Tendões de erva velha seca,
Olhos de fulvo nenúfar,
Orelhas de brancos lírios,
Pele de casca de abeto
E o resto de árvore podre."


Kalevala
Elias Lönnrot

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Kalevala

Título: Kalevala
Autor: Elias Lönnrot
Tradutor: Orlando Moreira

Sinopse: Vainamoinen, o bardo, Ilmarinen, o ferreiro e Lemminkainen, o aventureiro e conquistador; são os três heróis da Kalevala que lutam pelo amor da filha de Louhi, senhora de Pohjola, a terra do Norte. Esta narrativa épica da Finlândia, editada pela primeira vez em Portugal, foi criada por Ellias Lönnrot em 1849, que nela reuniu as canções da tradição oral finlandesa e as fixou em papel. Bem ao jeito de Odisseia e de Ilíada, Kalevala nasceu de uma rica tradição oral com raízes pré-históricas. Nela assistimos ao desenrolar da história mítica de um povo através da conquista de um amor e da guerra pelo Sampo - talismã mágico que traz prosperidade a quem o possui. Kalevala desempenhou um papel fundamental no despertar do nacionalismo finlandês e no processo de independência do país.

Opinião: Sinto que devia escrever esta opinião em 2 partes. Uma para falar da história, do enredo, das personagens, da escrita e dessas coisas todas; e outra para falar da edição.

A sério. Eu sei que já falei algures sobre isso, mas este livro é lindo. Capa dura, com textura de tecido, aquele dragão espectacular na capa e na contracapa, Kalevala escrito em grandes letras prateadas, Kalevala escrito a preto e com floreados, na lombada... Pura e simplesmente lindo.

Mas vou tentar retrair-me um pouco, que já sei que toda a gente que apanhe a jeito vai ouvir falar deste livro, desta edição, e do facto de só me ter custado 5 euros. Eu sei ser mesmo muito chato, aposto que ficaram surpreendidos, hã, hã?

O que interessa, depois disso tudo, é a epopeia escrita nestas páginas. Traduzido de forma fantástica por Orlando Moreira, e prefaciado por Jorge Sampaio, este épico finlandês foi escrito na sua actual forma por Elias Lönnrot, que recolheu, compatibilizou e assentou várias histórias da tradição oral finlandesa.

Nasce-me na mente a ideia,/Surge em mim este desejo/De começar a cantar,/De iniciar a declamar/Uns versos do nosso povo,/Uns cantos da nossa gente.//Na boca fundem-se os ditos/E precipitam-se as frases;/Da língua fogem os tons/E contra os dentes se afoitam.

Este começo é já de si uma pequena obra de arte, e uma amostra do que aí vem. Estas duas estrofes não parecem nada de especial, mas reparem bem neste pormenor: o segundo verso é o primeiro dito de outra forma, e o quarto idem do terceiro, e por aí fora.

É um mecanismo muitas vezes repetido ao longo da narrativa, e que empresta um tom muito próprio à história. Juntamente com as fórmulas que se repetem, como se fossem refrões de cantigas, dá ao texto uma musicalidade quase impossível de não acompanhar.

Dei por mim a murmurar todos os versos, tentando sempre encontrar um ritmo que se adequasse. É complicado, porque enfim, é uma tradução de uma língua bastante diferente, mas há partes em que é bastante fazível, provavelmente por causa do excelente trabalho de Orlando Moreira com a tradução.

Sem notas de rodapé, que seriam desnecessárias, a história contada é principalmente a de Vainamoinen, Ilmarinen e Lemminkainen. O bardo, o ferreiro e o aventureiro. O sábio feiticeiro, o prático artesão e o irrequieto sedutor. Três homens peculiares e personagens muito fortes, que desafiam exércitos, deuses, a própria natureza, às vezes por donzelas, às vezes por despeito.

"Quanta da água deste mar,/Quanta é sangue do meu sangue;/Quantos peixes deste mar/São da minha carne carne;/Quanta madeira da costa/É costela da coitada;/Quanta da relva da margem,/Seu cabelo desmanchado."/Assim morreu a donzela,/Assim finou-se a pequena.

E de vez em quando há momentos destes. Conseguem sentir o formigueiro épico? Eu garanto-vos que consigo.

A verdade é que o facto de isto ser uma colectânea de antigas cantigas se nota bastante bem. O "formato musical" em que está escrito é a primeira pista, mas a sequência narrativa é outra. Há momentos em que a coisa fica ligeiramente para o desconexa, de um momento para o outro. O autor bem se esforça para que fique um todo coeso, mas era uma tarefa praticamente impossível, de certeza.

Não achei, no entanto, que isso tirasse qualidade ao livro. A minha parcialidade quanto a epopeias teve o seu peso neste assunto, mas tentando falar o mais objectivamente possível: não incomoda muito. A introdução avisa sobre o que aí vem, e em momento algum senti que estava a ler algo que podia estar melhor, por este motivo ou por outro. Aquilo é assim porque tem que ser assim, e provavelmente já foi difícil juntar as cantigas isoladas de forma tão coesa.

Acho que lhe dou o desconto. Adorei o livro, e mal consigo tirá-lo das mãos, de tão perfeita que é esta edição. Aconselho vivamente a leitura, sem sombra de dúvida, e então se forem fãs de epopeias, ui! Só não venham à espera de uma grande história como pano de fundo, estilo Lusíadas. O Kalevala é um conjunto de histórias, uma manta de retalhos de narrativas contadas de forma... bem, épica.

E é nessa condição que se torna fenomenal.

sábado, 3 de agosto de 2013

Argonautas


Não se nota, porque ainda só li 6, mas sou fã de Argonautas, os pequenos grandes livros de FC publicados pela Livros do Brasil.

E não só porque agora se encontram facilmente na Feira do Livro: a 1 euro, novos, e a 4/5 euros nos alfarrabistas.

É que é uma colecção tão estupidamente recheada de autores e obras de relevo que até mete nojo. A sério, dá vontade de começar à chapada. Vejam a lista. A sério, vejam. E as capas dos primeiros 200, ou coisa que o valha. Ou naveguem pelos 552 números (dos 563 existentes), alguns com resumos e afins.

Eu só olhando para a prateleira ali em cima, vejo uma colectânea de contos organizada pelo Asimov, livros de Conan Doyle, Bradbury, James Blish, Philip José Farmer, A.E.Van Vogt, Philip K.Dick, Roger Zelazny, Arkady e Strugatsky, Arthur C. Clarke, Clifford D. Simak, Brian Aldiss, Bob Shaw, Poul Anderson, Ursula K.LeGuin, Bruce Sterling, Gordon R.Dickinson, John Sladek, Frank Herbert, Chris Claremont, Fritz Leiber, Robert Silverberg, Frederik Pohl e Ray Cummings.

Eu só tenho 39, e já é este festival! Já é um número bastante agradável, mas ainda há 524 por aí. Eu repito. Quinhentos. E. Vinte. E. Quatro.

Acho que não consigo expressar as ânsias que esta colecção desperta em mim. Sim, muitas das traduções são péssimas, as edições não são as melhores... Mas a 1 euro? Já gastei mais em livros com piores condições!

Já para não falar de que esta é uma colecção histórica. O primeiro número saiu em 1953, e o último em 2006. Durou 53 anos. Não há muitas assim, que eu saiba. E ainda gerou um spin-off, a Argonauta Gigante, com livros de maior formato: a primeira versão em 1986, e a segunda entre 1998 e 2007. Ou pelo menos é isso que a Wiki diz, em termos de datas, vamos confiar nela desta vez.

Além de histórica e recheada de autores famosos e livros lendários, esta colecção pode também servir como mostra de autores para pessoas como eu, pouco conhecedoras de autores de FC mais antigos. Eu pelo menos comprei mais de metade dos meus Argonautas sem conhecer os autores, baseado numa sinopse porreira ou um título engraçado.

Não há, portanto, desvantagens com esta colecção. Que eu veja, pelo menos. Bons autores, bons livros, formato pequeno e ideal para andar com eles para trás e para a frente, escritores que eu não conheço de lado nenhum, obras de autores de que já ouvi falar e quero passar a conhecer...

Ou seja, uma colecção fantástica que me tem enchido as medidas e que promete fazê-lo durante muitos e muitos anos... Tem quase 600 livros para eu ler, não é verdade?

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O Véu Negro do Pastor

Título: O Véu Negro do Pastor
Autor: Nathaniel Hawthorne
Tradutor: José Manuel Esteves

Opinião: Uma coisa que gosto bastante em ler contos, é o facto de ser uma forma fácil de ficar a conhecer novos autores. Como é o caso deste Nathaniel Hawthorne.

Sendo de um autor praticamente desconhecido da minha pessoa, não tinha expectativas altas nem baixas, quando iniciei esta leitura. Queria apenas ver como é que era a história, a escrita, enfim, o conto.

Aquilo que encontrei foi algo arrepiante. Um padre que tem a cara coberta com um véu, que nunca levanta. Os populares atiram suposições, ideias e superstições, mas o padre não se descose.

Esse elemento misterioso é o tema central do conto, com o véu a assumir quase o papel de uma personagem. Em redor disso há uma atmosfera misteriosa bastante bem construída e com uma escrita agradável.

E o final, que podia facilmente ter estragado tudo, fez provavelmente a melhor coisa que podia ter feito, e que não vou revelar. Muahahahaha. Desculpem, já passou. Mas vou continuar a não revelar. Contra tudo o que eu pensei que ainda ia acontecer, a história conseguiu surpreender-me com um final emocionante, profundo e, pronto, eu digo, bonito.

Trocando tudo isto por miúdos, vou ter que investigar o autor e eventualmente pegar em mais qualquer coisa sua.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Em Agosto lê-se, e com o tempo que sobra, dorme-se


Quando entrei oficialmente de férias disse que ia fazer muita coisa. Mudança de visual aqui no blog, novas secções, arrumar um pouco as coisas, começar a ver as temporadas antigas de Doctor Who, lidar com 2 projectos literários... Enfim, uma catrefada de coisas.

Como podem reparar, não mexi em absolutamente nada, no blog. E como está assim ficará até Setembro, quando espero ter vagar para lhe dar uma pequena volta.

Mas pelo menos comecei a ver Doctor Who. Cada vez gosto mais daquilo. A primeira temporada, então, que estou quase a acabar... Apesar do trabalho deplorável da maior parte dos actores, dos efeitos especiais datados e das histórias bastante lineares (bastante un-Doctor, portanto) e mal enjorcadas, é divinal assistir aos primórdios da série que tanto gosto.

E há sempre o William Hartnel, o actor que deu corpo à primeira encarnação do Doctor e que é pura e simplesmente genial. Salva, domina e rouba a maior parte dos episódios em que aparece. Se bem que, verdade seja dita, as histórias têm alguns momentos altos e de bastante qualidade, independentemente do Doctor.

Falta faltar dos projectos literários. Pois bem, chamem-me o Jesus Cristo do trabalho, mas eu ao longo deste mês consegui multiplicar a quantidade de projectos que quero desenvolver. De tal forma que vou ter que fazer uma escolha e simplesmente guardar algumas ideias para mais tarde.

Entre a criação de outros blogs, dedicados a outras coisas, sozinho e em conjunto com outras pessoas tão ou mais loucas que eu, e as ideias que vou tendo para escrever, mal tenho tempo para tratar de escrever textos cujo prazo de entrega se aproxima.

Que textos?, perguntam vocês. Um dia destes digo-vos, respondo eu.

Desconversando, lembrei-me agora que ainda há a questão da frequência de actualização aqui do blog. Fiz 3 meses com uma publicação por dia, um ritmo que consegui manter, muito à custa de contos. Mas pensando no futuro, e para preservar a minha sanidade mental, esse ritmo vai ter que diminuir.

Não é impossível continuar com este ritmo, eu tenho sempre muito que dizer, mas é demasiado desgastante ter aulas e ter que escrever, em média, um texto por dia. Ainda não me decidi muito bem quanto a que ritmo adoptar, mas pelo menos em Agosto vou publicar opiniões (muito provavelmente quase todas de contos, já explico) às Segundas, Quartas e Sextas, e uma crónica aos Sábados.

Ainda é muito, mas eu passo a explicar: para começar, em Agosto vou estar de férias férias. Como podem deduzir do título, vai ser o mês em que, como é costume, eu ignoro um pouco o blog e o resto dos afazeres internéticos, em prol de leituras, escritas e verdadeiro descanso.

No entanto, como não gosto da ideia de deixar o blog às moscas durante 1 mês, deixo coisas agendadas até Setembro, altura em que volto a pegar nisto como deve ser. Portanto não estranhem que continue a publicar e não responda aos comentários (que são escassos, não é verdade?), ou que demore alguns dias a fazê-lo.

Para agendar essas publicações todas, vou aproveitar o facto de andar a ler muitos contos, literalmente mais depressa do que escrevo as opiniões. Tenho anotado as minhas impressões, mas não tenho tido paciência para estruturar textos coerentes. Isto deixa-me opiniões em atraso, que aproveito para despachar agora nos próximos dias, de rajada, e deixar agendadas para Agosto.

Aproveito e deixo também um lista algures numa das barras laterais com os textos que vão sair quando. Assim também se cria suspense! Falando a sério, é uma ideia que quero manter para depois, porque volta e meia estou a ler livros mais depressa do que publico as suas opiniões, além de que venho de Agosto com livros lidos à volta da dezena.

Pronto, isto tudo porque gosto que andem informados, desse lado. Já tenho um número minimamente respeitável de visitas diárias, e um número de seguidores que parece crescer todos os dias, acho que vale a pena ir informado sobre estas coisas.

Não sei se merecem muito, que quase ninguém comenta nada, mas pronto... Tenho esperanças que um dia destes se passem dos carretos e passe a haver um frenesim tão grande de comentários que eu passe mais tempo a responder-lhes do que a escrever coisas novas para publicar!

Com tudo dito, despeço-me. Boas férias, boas leituras, é sempre um prazer monologar com vocês. Em Setembro há mais.