segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Star Maker

Título: Star Maker
Autor: Olaf Stapledon


Opinião: Diga eu o que disser até ao fim desta opinião, espero que nunca saia da vossa mente a ideia de que este é um livro profundamente fascinante.

O próprio conceito, caras pessoas que me aturam! Um homem a viajar pelo Universo, a visitar outras espécies, outras civilizações... A curiosidade e o simples prazer de descobrir e conhecer eram claramente amigos do autor.

Começa tudo muito bem, com uma boa escrita e um momento inicial, em que o homem contempla o céu estrelado e de repente "sai" do seu corpo e começa a flutuar pelo Universo, bastante interessante.

A primeira viagem interestelar do protagonista é avassaladora. As descrições de Stapledon atingem aqui uma qualidade visual que nunca mais irá ser atingida ao longo de todo o romance. Fiquei honestamente fascinado e, muito sinceramente, acho que a salivar um pouco.

O primeiro contacto do protagonista é com uma raça bastante curiosa, que funciona muito à base de sabores. A descrição é imaginativa, e as várias páginas gastas a explicar esta civilização, a sua biologia e a forma como interagem uns com os outros, não são mal gastas.

Mas é então que, depois de dar muito tempo de antena a esta primeira raça, Stapledon se limita praticamente a resumir a viagem toda, em vez de ir de planeta em planeta, calma e cuidadosamente. Acaba por falar apenas dos casos mais diferentes (mas não tão diferentes quanto isso, no fundo) de nós, e que representam várias raças parecidas.

É uma forma excelente de nos mostrar como somos pequenos e insignificantes. A escala da viagem empreendida pelo protagonista é abismal. Mas esse protagonista agora tem companhia, e isso cria a minha primeira dúvida: o primeiro tipo começou a viajar por acidente, num momento estava a olhar para o céu, noutro momento estava a ir em direcção às estrelas; mas e o segundo, um dos outros humanos, a primeira raça encontrada? Supostamente aprendeu a fazê-lo. Mas como?

Nada disso é propriamente explicado, e conforme vão aparecendo mais raças, a mesma pergunta vai aparecendo e aparecendo na minha mente, formulando-se sozinha: "porquê tão humanos?"

O autor consegue ser imaginativo e descrever espécies muito interessantes, mas acabam invariavelmente por serem todas iguais, por mais diferentes que pareçam. No fim todas evoluem para uma mente colectiva, por alguma razão comunista que me escapa.

E depois disso ainda inventou mais um bocado, levou a evolução dos seres e da galáxia a um ponto que eu gostava de não ter visto. É demasiado. Gostava muito mais de ter visto as raças a evoluírem e a crescerem de forma completamente diferenciada umas das outras.

Para ajudar à festa, o fim desiludiu-me. Acho que o livro começa mesmo muito bem, de forma excelente, até, e depois começa a declinar lentamente, apesar da colossal imaginação do autor, que parece só ser capaz de criar coisas interessantes. Há uma raça de barcos vivos! Ah!

Sei que este é um livro que podia facilmente ter-me deixado fascinado, mas que tem alguns pormenores que não me agradaram de forma nenhuma, deixando-o classificado como interessante, profundamente fascinante, de uma certa forma, mas também como "pior do que pensava". O que não faz dele necessariamente mau, como é óbvio.


"And now it was becoming clear to us that if the cosmos had any lord at all, he was not that spirit but some other, whose purpose in creating the endless fountain of worlds was not fatherly toward the beings that he had made, but alien, inhuman, dark."

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