segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O Homem que existia demais


Título: O Homem que existia demais
Autor: Possidónio Cachapa

Opinião: Tendo em conta a minha experiência com os contos desta colecção, devo dizer que fiquei bastante surpreendido com a qualidade deste. Não é excelente, mas é claramente superior à média dos outros que já li.

Em O Homem que existia demais, Possidónio Cachapa conta uma história com uma base nada original: um tipo semi-desleixado e nada preocupado, cujo objectivo de vida de ser feliz e livre se confunde frequentemente com as ânsias de quebrar as convenções sociais.

Mas a verdade é que o autor o faz bem. A personagem fica bem caracterizada, e a história toma contornos interessantes.

Há, no entanto, alguns pormenores mais estranhos e menos agradáveis, como o facto do protagonista, segundo a descrição dada, ter uns olhos tão espectaculares que faziam as senhoras fazerem chichi.

Isto é quase citado directamente do texto. Foi um momento estranho, garanto-vos. Mas felizmente isto não impede que o conto seja interessante.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Quando nos debatemos com sagas

Ler um livro, toda a gente lê. Tenha 20 páginas ou 1300, a coisa lê-se. Pode é demorar como o caraças, mas um bocadinho de cada vez vai-se fazendo.

Já uma saga é um monstro completamente diferente. Logo à partida, é um compromisso diferente. E para ser bem feita envolve normalmente muito mais planeamento do que um livro solitário.

Pensar numa história fechada e contida nas páginas de apenas um livro é muito diferente de planear uma história que se espalha ao longo de vários livros.

Lembrei-me desta conversa porque comprometi-me, juntamente com o Jorge e o Rafa do Metáfora de Refúgio, a ler os 10 livros de Malazan, do Steven Erikson... E aquilo está uma bela duma bodega.

A culpa é do Rafa, que nas suas indagações descobriu esta saga e ficou fascinado. "Ah e tal, que é muita fixe, tem uma história mega complexa e é só conceitos muita porreiros e tal!"

Não se deixem enganar como eu e o Jorge fizemos. Aquilo tem realmente um ar engraçado, mas eu já li mais de metade do primeiro e sabem o que sei da história? Nada. Praticamente nada.

Aquilo é personagens atrás de personagens, com raças atrás de raças e acontecimentos a a sucederem-se à velocidade da luz, sem qualquer ligação decente, que dê para que se perceba minimamente o que raio se está a passar ao longo do livro.

E isto porquê? Parece que este primeiro livro é apenas uma gigantesca introdução ao Universo de Malazan, às suas personagens e à sua história geral, com os livros seguintes a serem os que são realmente interessantes.

Tudo bem, pode ser uma técnica como outra qualquer, e até acredito que existam por aí sagas em que isto funcione. Mas eu, à partida, digo já que não me parece boa ideia, NUNCA.

Uma introdução é suposto ser curta e eficaz! Se é preciso um livro de 600 páginas para introduzir o que quer que seja, estamos a falar de uma área académica, e não de uma porra de uma saga de fantasia!

A única coisa que isto faz é distanciar-me da história, e evitar que eu me apegue a alguma como deve ser. O início perfeito de uma saga, para mim, é aquele que me faz mergulhar de imediato no mundo, sem me confundir. As personagens vão sendo apresentadas devagar, com explicações decentes, a caracterização do mundo é feita gradualmente e não de rompante... Enfim, tudo aquilo que Malazan não fez.

Mas não vim aqui bater nessa saga em particular (embora me pareça que isso vá acontecer eventualmente). Vim aqui dizer que uma saga, mesmo sendo muito boa, pode ser complicada de acompanhar. Basta ser algo como o Senhor dos Anéis, com milhentas personagens e nomes em quinhentas línguas, para uma pessoa se confundir, algo que também se sente em Martin.

Nada que um bom glossário não safe. O grande problema das sagas é mesmo o factor aborrecimento. Depois de ler o terceiro livro sobre a mesma coisa, ou aquilo está muita bom, ou prefiro ir dormir. Martin conseguiu prender-me, e Tolkien é daqueles escritores que podia ter uma saga de 20 livros, que eu não me importava nada de os ler a todos seguidos.

Felizmente não tenho muitas más experiências com sagas. Tenho sabido escolhê-las, e mesmo quando não são tecnicamente muito boas, conseguem cativar-me, por um motivo ou por outro. E por mim, enquanto forem fazendo isso, estou satisfeito!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Batman: Colheita Infernal

Título: Batman: Colheita Infernal
Autor: George Pratt


Opinião: O que destaca este livro, logo a começar na capa, é a arte fenomenal. Foi isso que me convenceu a pegar nele, depois de um relance.

E embora a arte não desiluda até ao fim, a história nunca passa de "má". Aborrecida e parada, a narrativa parece completamente desligada das imagens, tendo o tema sobrenatural como único ponto comum.

É pena que com uma arte tão expressiva, o autor tenha sido incapaz de se apoiar nela para contar a história, tendo que recorrer a um Batman no topo de um pináculo, de cabeça enterrada nas mãos, a dizer o que se passava num desabafo completamente descabido, para conseguir fazer passar aquilo que estava a acontecer.

Misturando alguma mitologia cristã com o voodoo africano, George Pratt tenta contar uma história confusa em que o Batman vai perdendo o controlo. O resultado é francamente mau. Acho que é um daqueles livros que se não tivesse qualquer texto ficava fantástico, mas o autor teve a triste ideia de preencher para lá uns balõezinhos e estragar a coisa... Enfim!

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Disney Especial: Natal

Título: Disney Especial: Natal

Argumento: Tito Faraci, Bruno Sarda, Gaja Arrighini, Carlo Panaro, Matteo Venerus, Marco Bosco, Stefano Ambrosio, Bruno Enna
Arte: Marco Mazzarello, Giampaolo Soldati, Silvia Ziche, Massimo De Vita, Andrea Freccero, Maria Luisa Uggetti, Vitale Mangiatordi, Giorgio Cavazzano, Donald Soffritti, Roberto Viam, Mauricio Amendola

Opinião: Calhou mesmo bem, a leitura deste Especial. Normalmente até nem faço leituras de acordo com a época, mas como ando a pegar em mais BD's (já que Malazan me está a matar lentamente), aproveitei.

Ainda por cima nunca é tempo perdido, o que se gasta a ler as histórias de Donald, Mickey, Tio Patinhas e companhia limitada. Neste caso em particular podia ser melhor, mas dá para rir e descomprimir à vontade!

O que falha aqui, tal como na maior parte das histórias modernas, são os desenhos demasiado cartoonescos e de cores berrantes, dos quais não sou fã. Prefiro muito mais a arte detalhada e de certa forma mais sóbria de um Carl Barks, por exemplo.

Além disso há ainda que ter em conta as histórias simplistas, que fazem algum sentido, já que o público-alvo são crianças, mas acho que há um limite, também. É claro que percebo que o facto de ser uma edição natalícia ajuda, com as suas morais obrigatórias e desfechos sempre felizes e natalícios, mas pronto.

De qualquer forma, o livro acaba por ser engraçado. Como já disse, estas coisas nunca são tempo perdido. Mas ando a ficar cada vez com mais saudades de revisitar a minha colecção (relativamente antiga) que conta com A Saga do Tio Patinhas e outros que tais, a maior parte da autoria de Carl Barks. Aí está uma releitura que não há-de demorar muito!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O progresso da Humanidade


Título: O progresso da Humanidade
Autor: Rui Cardoso Martins

Opinião: Bastante razoável, O progresso da Humanidade é um conto engraçado.

A personagem principal não é particularmente carismática, é certo, mas pelo menos é um tipo louco dos cornos. O que é que se pode pedir mais de um protagonista?

Influenciável e inevitavelmente arrastado para níveis cada vez mais profundos de paranóia e ilusão, o protagonista procura o seu lugar no mundo.

Passando até por um grupo de nazis, é na caça ao lobo que encontra o seu objectivo, e o seu destino. Mas sem nunca deixar de ser completamente passado da cabeça, uma personagem interessante e moldada de forma curiosa, que só deixa a desejar por parecer demasiado "criação literária" e pouco "pessoa".

Narrado a partir de entradas do seu diário e de depoimentos de várias pessoas, o conto tem uma história bem contada e com um final algo irónico, mas sem dúvida violento. Relativamente violento, pronto, mas o suficiente para ser a (ainda que previsível) cereja em topo do bolo.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Antologia Fénix III


Caros, chegou o dia. Depois de anos e anos de leituras e algumas submissões, consegui ter a oportunidade de ter um conto meu publicado!

É um conto pequenino, inserido numa antologia natalícia da Fanzine Fénix, disponível para download gratuito, e na qual ainda tenho a sorte de ter a companhia de vários autores já experientes nestas lides, e também de outros principiantes como eu.

A capa, fantasticamente badass, é da autoria de Rui Ramos, e acho que a antologia vai estar disponível em formato físico, eventualmente. Mal posso esperar por ter uma!

A fanzine tem também um Facebook que podem seguir, e está regularmente aberta a submissões. Se houver alguém com ganas de escrever por esses lados, não hesitem! Eu sei que estou bastante satisfeito, sinto-me como se tivesse publicado um livro e andasse aí a dar entrevistas. É. Tão. Fixe.

Não sei se compreendem bem, a partir de agora há uma antologia, oficial e pública, que toda a gente pode ler e criticar, que tem uma contribuição minha. O meu nome figura na lista de autores. Sabem aquela coisa de as pessoas terem alguns sonhos que querem ver cumpridos?

Check!

Vou ler a antologia nestas férias, e aconselho a que façam o mesmo, que de certeza que tem lá muitas contos bastante interessantes, assim como o meu. Não deixem de mandar bitaites, seja para dizer bem ou dizer mal, eu vou ficar tão feliz por uma pessoa ter lido o meu conto e dar a sua opinião que vou dar pulinhos mentais de qualquer forma.

E não deixem de seguir as novidades, a Fénix tem mais antologias e há por aí muitas fanzines e publicações que tais que tenciono começar a seguir com mais atenção. Andam-me a escapar, confesso, e não deviam! Grande parte da escrita de fantástico em Portugal passa actualmente por estas pequenas obras, que tanto incluem amadores esperançosos como eu, como veteranos nestas lides, como o João Barreiros.

Acho que são uma grande oportunidade de publicação para qualquer autor, e há tantas que difícil é não encontrar alguma coisa de que se goste. Fica prometida uma conversa sobre estas publicações, para 2014.

Por hoje é tudo, esta foi uma excelente prenda de Natal, e espero sinceramente que as pessoas gostem do meu conto. Agora é esperar que consigo contribuir para mais sítios!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A Cerimónia


Título: A Cerimónia
Autor: João Bonifácio

Opinião: A pior parte deste pequeno conto é sem dúvida o narrador/protagonista. Arrogante, irritante e confuso, aborreceu-me mais do que me manteve interessado na história.

Recheado de momentos idiotas, parvas interpelações directas ao leitor, e parênteses completamente desnecessários, não posso dizer que este seja um conto de que tenha gostado.

Ainda por cima a escrita é apenas aceitável. A obsessão com a música podia ser um ponto interessante, mas perde-se no meio do ridículo.

Enfim, até prova em contrário, um autor a manter longe.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

João Tordo: um tipo fixe... Louco, mas fixe


Aqui há uns dias recebi um convite do Centro de Recursos da minha Escola Secundária para ir assistir a uma sessão de conversa com João Tordo, escrito de que gosto bastante. Não hesitei muito e ainda bem! Que hora e meia fantástica!

Depois de ler O Bom Inverno e, mais recentemente, o Hotel Memória, a ideia que eu tinha era a de um escritor melancólico, introvertido, calmo e pacato. Não podia estar mais enganado.

Digo-vos, não se deixem enganar pelo ar sério da foto ali em cima: este tipo é completamente chanfrado. Na melhor acepção possível da palavra. Reparem: cheguei ligeiramente atrasado, mas ainda a tempo de o ouvir comparar a minha antiga escola com uma prisão, por causa das suas mesas de ping pong de betão. Logo a seguir matou-se a rir porque reparou em mim, graças à minha barba. Mais concretamente ao meu bigode. Disse que gostava de ter um assim. E logo a seguir disse que eu era um guarda prisional.

Pois é. Quantos de vocês é que podem dizer que têm uma barba tão gloriosa que é o primeiro tema de conversa entre vocês e um escritor de que gostam? Tomem e embrulhem!

A conversa que se seguiu foi interessante, hilariante, completamente aleatória e fantástica a vários níveis. O autor bem que se desculpou, dizendo que tinha dormido pouco, mas não se safa desta: o homem é hilariante, inteligente e passado da cabeça de uma forma que só os grandes artistas sabem ser.

Mais a sério, quando se conseguiu concentrar, Tordo falou de leitura, de escrita, das suas leituras e da sua escrita, dos seus livros e das suas experiências de vida, sempre de forma engraçada, meio a brincar e meio a sério, demonstrando uma personalidade carismática e um à-vontade que se traduziram num grande interesse por parte da juventude no público, quase tudo pessoal do secundário. E isto mesmo contando com os tipos que não se calavam, e que o autor fazia questão de pôr na linha.

Fiquei honestamente espantado com a personalidade do autor, ou pelo menos com a personalidade que mostrou nesta sessão em particular. É de escritores assim que precisamos por cá, com talento, perfeitamente capazes de separarem a pessoa da escrita, e com uma excelente forma de interagir com o público.

Se antes desta sessão já o tinha em boa conta, partirei para leituras futuras com um interesse renovado! Até me autografou dois livros (mais dois para a colecção, hurray!) e deu um especial para o Jorge, do Metáfora, a meu pedido, já que o desgraçado é que é o super fã de Tordo e não conseguiu ir. GO TORDO!

Lá pelo meio, e nos intervalos da conversa séria, ainda conseguiu falar do seu ódio a gatos, ao Cavaco Silva, ao Passos Coelho e companhia, de várias peripécias literárias e amorosas, e ainda comentou que estava a pensar escrever um livro no espaço, sem ser ficção científica. Porquê? Ora, porque sonhou um dia destes que estava numa cápsula com uma janelinha de onde via a Terra, e tinha um gato com ele, que vomitava e ele tentava apanhar o vómito com alguma coisa, para aquilo não andar a flutuar.

Verdade? Brincadeira? Eu sei lá! Mas João Tordo a escrever uma história no espaço parece-me uma excelente ideia. A conversa do gato é que me fez lembrar um certo conto do Arthur C. Clarke... Inspiração? Coincidência? Possibilidade de vermos Tordo a escrever ficção científica? Mais uma vez não faço a mais pálida ideia.

Não deixem de visitar o seu (acho eu, pelo menos parece-me legítimo) blog, e leiam coisas dele. Altamente aconselhado!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Green Lantern: Wanted: Hal Jordan

Título: Green Lantern: Wanted: Hal Jordan
Argumento: Geoff Johns
Arte: Ivan Reis, Daniel Acuña e Oclair Albert


Opinião: E para não fugir àquilo que tem acontecido, este é mais um volume de Green Lantern que acho mediano. No entanto foi minimamente interessante. Passo a explicar.

Acho que terei sempre o problema com a personagem (ou classe delas, já que há uma carrada deles), e em particular com o Hal Jordan, que me aborrece um pouco. Mas a verdade é que a história tem potencial, e depois de ter sido toda arrumadinha no Rebirth, está com boa cara.

Mas acaba por se agarrar demasiado ao Rebirth. Há sempre alguma consequência ainda por descobrir, ou alguma história pré-Rebirth que nos é contada de repente e que muda um bocado da história. Disso não sou fã. Já deu para perceber a ideia, e sim, foi feito um trabalho do caraças a trazer isto de volta à vida e ao sucesso, mas já chega, avança!

Confesso que, ainda assim, já me sinto preso à história. E as várias corporações que andam a despontar (Sinestro Corps, os amarelinhos do medo, Violet qualquer coisa, as violetas do amor) e que conspiram para culminarem numa luta e em algo relacionado com uma profecia, começam a ser verdadeiramente cativantes.

É pena que nas BLX só existam este 4 livros, porque era mesmo agora que o potencial podia revelar-se como awesomeness a sério, e fazer com que eu me rendesse. Assim sendo, olha, ficará na minha lista de leituras, à espera...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Green Lantern: Revenge of the Green Lanterns

Título: Green Lantern: Revenge of the Green Lanterns
Argumento: Geoff Johns
Arte: Carlos Pacheco, Ethan Van Sciver e Ivan Reis


Opinião: Este livro também não conseguiu elevar a minha opinião sobre os Green Lantern. Até gostei, como tenho gostado sempre, mas não sei se é de haver tanta coisa que não conheço, de a história ser realmente desinteressante ou do meu pouco interesse pela personagem, mas não fiquei fascinado.

E aqui detectei algumas coisas que me desagradaram em termos de narrativa: logo no início do livro há uma ameaça, um alien lixadão chamado Mongul, que quer conquistar o planeta Terra e é uma ameaça tremenda, estando inclusivamente ligado aos eventos que levaram à loucura de Hal Jordan, mas que deixa de o ser demasiado depressa.

Ou seja, não o senti como uma verdadeira ameaça. Foi demasiado simples.

Outra coisa que não me agradou, que já tem vindo a acontecer nos outros livros e que parece não ser uma coisa passageira, é a quantidade de vezes que a história de vida de Hal é contada. Eu compreendo que isto inicialmente eram comics, lançados de forma relativamente espaçada, mas há um limite para a quantidade de vezes que eu quero ouvir exactamente a mesma história uma e outra vez, com as únicas diferenças a serem pormenores que são adicionados para criarem mais algum confronto ou desenvolvimento da personagem.

No entanto há algumas personagens que se pensava estarem mortas que regressam, e isso está bem porreiro. A explicação é um pouco ranhosa, aparentemente os anéis dos Green Lantern não deixam que eles matem pessoas, mas pronto, a coisa passa, mais que não seja por causa das personagens interessantes que ressurgem.

Sinceramente tenho pena de não estar a gostar tanto quanto isso, porque até superou as minhas expectativas e noto que há potencial... Mas a abordagem estilo Power Rangers à escala universal, com poderes supostamente fornecidos via ficção científica, mas com todas as características de ser mais magia do que outra coisa, não me fascina por aí além.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Crónicas Convidadas


E é assim que me começo a sentir sozinho neste canto, depois de alguns meses a solo. Isto da liberdade e à-vontade para fazer o que muito bem me der na gana é (como a Alice, ex-colaboradora e co-fundadora do blog vos pode dizer) é bem porreiro.

Mas manter isto actualizado dá trabalho. E estar sempre a escrever crónicas e opiniões e sei lá, consegue ser desgastante, especialmente quando se tem outras coisas para fazer, como, vá, estudar, comer e dormir.

Felizmente tive uma ideia genial, há uns tempos atrás: ter uma série de convidados a escrever umas crónicas. Eu sei que já se faz um bocadinho por todo o lado, mas eu disse genial, não necessariamente original.

Pois é, decidi fazer isso. Não foi difícil arranjar pessoas, tenho amigos que escrevem de tudo um pouco, a maior parte até tem blogs próprios. A parte interessante aqui foram os temas.

Farto das crónicas que ando a escrever, às quais sinto que anda a faltar qualquer coisa para as fazer realmente interessantes, queria que os meus convidados escrevessem coisas mesmo estrondosas. Queria mesmo que a experiência fosse espectacular para todos os envolvidos.

Isso envolve arranjar um tema que me interesse a mim e que possa ser do interesse de quem cá vem, dentro do tema da literatura e arredores, e que, acima de tudo, ainda fosse um desafio para quem escreve.

Não houve cá temas do estilo "O que gostas mais quando lês um policial?", nada de banal e aborrecido. Conhecendo as pessoas, tentei arranjar temas que lhes fossem especiais e se lhes apresentassem como desafios. Queria que se divertissem a escrever, também.

No fundo tinha que os manter interessados o suficiente para não se importarem de trabalhar para mim. Success! Já tenho duas crónicas prontas a serem publicadas, uma que já me prometeram que está acabada, e pelo menos duas que mais mês menos mês também chegam aí. Tenciono pedir a mais pessoas, tenho algumas em lista de espera, só me falta arranjar um tema, mas por agora já tenho umas boas perspectivas.

As crónicas também são maiores do que o costume. Eu disse-lhes para escreverem à vontade. O meu plano é publicar uma dessas por mês, em três ou quatro posts decentemente espaçados. A começar em Janeiro!

Desde já um muito obrigado aos meus convidados, tanto os que já o são, como os que ainda vão ser. Tenho a dizer que já li as duas crónicas que estão acabadas, e boy, oh boy, mal posso esperar para as publicar!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Green Lantern: No Fear

Título: Green Lantern: No Fear
Argumento: Geoff Johns
Arte: Carlos Pacheco, Ethan Van Sciver, Darwyn Cooke, Simone Bianchi


Opinião: Depois de um Rebirth que superou as minhas expectativas sem se tornar excepcional, este segundo livro de Green Lantern continua a não me fascinar.

A história é interessante, ou começa a ser, confesso. Mas o dilemas do Hal Jordan (o Green Lantern da capa) conseguem ser bastante aborrecidos. Põe a porra do anel e faz o teu trabalho!

De resto, é sempre agradável ver a mitologia dos Green Lantern a ser explorada, sem pudor em trazer outros heróis ao barulho. Por pouco que a noção de Green Lantern me diga, continuo a achar interessante saber a história por detrás de tudo isto.

E no fim, apesar de já ser mais lugar-comum que os lugares-comuns do costume, a parte mais interessante são os maus da fita. Um Black Hand completamente louco e com poderes sinistros, e um Hector Hammond mega cabeçudo e intrigante conseguem roubar a atenção, sempre que aparecem.

É que muito honestamente falando, há Green Lanterns muito mais interessante do que Hal Jordan. Quer dizer, em termos de história, toda a brincadeira do Parallax, e do Spectre, e de ressuscitar e o camandro, isso foi bom. Mas depois a personagem é fraquinha. Preferia seguir um Kilowog, o alien grandalhão que treina aspirantes a Green Lantern, por exemplo.

Enfim, eu já vinha com algum preconceito relativamente à personagem, isso não ajuda. Acabo por achar isto mediano... Mas!, a coisa até promete, se daqui para a frente isto estiver bem planeado e for avançando como deve ser. Veremos.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O Despertar da Magia (As Crónicas de Gelo e Fogo #4)

Título: O Despertar da Magia
Autor: George R.R. Martin
Tradutor: Jorge Candeias


Opinião: Com a leitura deste livro, tenho oficialmente dois volumes (em inglês) desta saga lidos.

O que tenho a dizer até agora é que não a acho tão estrondosa como dizem. Sim, os livros são bons, as personagens são boas, tem aspectos verdadeiramente fantásticos, um enredo cativante, pormenores deliciosos e tudo isso, mas está longe de ser perfeita.

Confesso, ainda assim, que é das melhores sagas que já li até agora. O próprio mundo em que se desenrola está bem construído, e os acontecimentos algo imprevisíveis são uma constante, o que implica mudanças na direcção do enredo a cada vinte páginas, se for preciso. Isso mantém a curiosidade e o empenho, sem nunca cansar.

Há alguns momentos mais previsíveis, e algumas personagens execráveis, mas pronto, tirando isso, a coisa vai bem.

Achei este livro em particular algo confuso. Parece-me que embora já tenha umas 2000 páginas lidas, a história ainda mal está a começar. E o autor esforça-se por ir introduzindo novas personagens e novos lugares, o que volta e meia dá uma sensação de "começo", uma e outra vez.

Mas as histórias acabam todas por se cruzar, e o que me tem deixado mais curioso é a forma como as aventuras de Jon Snow se vão cruzar com as batalhas entre reis e o percurso de Daenerys. Isto algum dia há-de descambar...

Não que não ande já a descambar, porque anda! Tudo acaba mal para TODA a gente, é ridículo. No meio disto tudo, ainda é o Tyrion (uma personagem fenomenal) quem se vai safando como deve ser, e mesmo assim...

No entanto acho que o enredo se está a revelar demasiado lentamente. Se o ritmo fosse mais rápido, a leitura disto era pura e simplesmente demasiado viciante para largar, mas da forma como está não me afecta muito agora demorar um ou dois meses até pegar no próximo. Porque a sensação que tenho após estes quatro (ou dois, dependendo da língua) livros, é a de que falta qualquer coisa, não sei bem o quê, mas falta. Talvez mais mortes chocantes, que isto anda muito calminho para a ideia que tenho de Martin!

A forma como a magia e o sobrenatural estão a ser introduzidos também é bastante interessante. Não há feiticeiros e magia por dá cá aquela palha, essas coisas vão aparecendo, lentamente, de forma relativamente subtil, e isso dá um grande valor a esta saga, tornando-a de certa forma mais realista e imersiva.

Uma última nota para a mestria com que o autor saltita entre pontos de vista. Essa parte está muito bem conseguida, permitindo criar suspense e controlar o ritmo da história com uma precisão extraordinária. É pena que o Martin tenha decidido ir com calma, mas cheira-me que mais à frente isto acelera e antes de dar por ela já despachei mais 2000 páginas...

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Green Lantern: Rebirth

Título: Green Lantern: Rebirth
Argumento: Geoff Johns
Arte: Ethan van Sciver


Opinião: O Green Lantern é um daqueles super heróis que nunca me fascinou. Sempre o meti na mesma categoria que o Superman, por exemplo: demasiado poderoso para ser realista.

Ou "realista". Vocês percebem. Quando se virtualmente indestrutível e imparável, a coisa perde a piada. É preciso ter fraquezas, limitações... Pronto, o Superman tem a kryptonite, mas isso é um bocado parvo.

Confesso que também não conhecia propriamente a história e a mitologia dos Green Lantern, sabia que eram vários, que o poder lhes vinha dos anéis e era baseado na sua força de vontade e que tinham uma fraqueza: a cor amarela.

É verdade, senhoras e senhores, os poderosos vigilantes e guardiões do Universo são inúteis contra coisas amarelas. Que coisa mais parva, só falta alguém não conseguir usar o seu poder de matar em coisas vivas, ou assim...

Mas pronto, pelo que percebi da minha pesquisa, e das dicas (e entusiasmo!) do Nuno Amado, a continuidade destes heróis tinha vindo a ser deturpada e manipulada à vontade pelos autores que por lá passavam, criando situações não muito felizes e mais pontas soltas do que outra coisa.

Ora, o que este livro fez foi exactamente resolver todos esses problemas. Agarrar em todas as linhas narrativas, com todas as suas pontas soltas e os seus problemas, e dar uma nova vida a um conjunto de super-heróis.

O resultado é muito melhor do que aquilo que eu esperava. Sem saber em detalhe quais eram as coisas a resolver, devo dizer que é de aplaudir a forma bem arquitectada como Geoff Johns consegue introduzir várias coisas na história e dar-lhes uma explicação ou uma resolução. Nota-se que é uma história bem pensada, I'll give him that.

Ainda assim não me convenceu. Fiquei com melhor impressão, mas não é definitivamente o meu tipo de herói. As personagens em si são interessantes, especialmente Hal Jordan, Guy Gardner, Sinestro e Parallax, mas os Green Lantern... meh.

A arte disto é que é fenomenal! Há momentos bastante fortes, como quando Parallax aparece na sua forma normal, ou quando Hal, Parallax e Spectre lutam entre si. Mas nem só de arte se faz um livro, e embora a história me tenha agradado, e o livro tenha superado as minhas expectativas, não fiquei fã. Curioso, vá.

Ainda por cima tenho um fraquinho por "variações do mesmo herói", como é mais ou menos o caso do Green Lantern e o resto dos tipos com anéis, que já sei que andam por aí, embora aqui só apareça mais o Sinestro e o seu anel amarelo.

E a história revela coisas interessantes, como o facto de que usar os poderes do anel dói fisicamente. É interessante e acrescenta uma espécie de limitação, algo negativo para contrabalançar todo aquele poder. Além disso, gostei bastante da explicação para a forma como cada Green Lantern usa os seus poderes de forma diferente: uns fazem-nos como arquitectos, outros de forma caótica, outros como artistas... Essa parte foi boa. De resto, talvez os próximos livros me agradem mais.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Aventuras Fantásticas

Quem é que se lembra destes fantásticos livros verdes, de capas e ilustrações aterradoras, histórias do mais agreste possível e uma capacidade de sugar horas superior a muita "literatura a sério" que já li?

As Aventuras Fantásticas eram espectaculares! A escrita não era particularmente extraordinária, e havia pedaços de história que davam vontade de chorar de tão maus que eram. Mas o conceito? Genial.

Para quem não conhece, estes livros são jogos. Não se lêem de uma ponta à outra, e raramente se percorre a mesma história duas vezes.

Primeiro há uma explicação de como tudo funciona, depois um quarto de marcações e depois começa a história, com uma ou duas páginas de "ambiente", normalmente. O livro dirige-se a nós, leitores, e diz-nos que somos um herói qualquer, ou o valente capitão de uma nave espacial qualquer, ou algo do género, sempre bastante heróico, e conta-nos o problema principal. Depois disso, atira-nos para o mundo!

É então que se lê o parágrafo marcado como 1. No fim temos escolhas, que levam a parágrafos diferentes, e conforme decidirmos, vamos afectar a história que vamos ler/viver.

Pelo meio há porrada, artefactos mágicos ou tecnologia fantástica, monstros aberrantes ou mutantes espaciais, um sem número de missões secundárias, enigmas, situações complicadas e mortes, muitas mortes. Ou escolhemos mal o parágrafo e caímos num poço, ou não conseguimos derrotar uma criatura qualquer, ou bebemos do frasco errado e somos transformados num sapo que é esmagado por uma rocha... Há mais formas de morrer do que outra coisa.

Mas isso adiciona um elemento de perigo, de suspense... Nunca se sabe muito bem o que é que vai acontecer depois de se virarem mais algumas páginas.

Já para não falar das ilustrações, invariavelmente fantásticas. Algumas são um bocado mórbidas. Um zombie com a cara meio derretida a cair não é das visões mais agradáveis de sempre, mas os desenhos são bons, dão mesmo uma sensação de repulsa e de medo.

Uma das coisas mais engraçadas era quando se começavam a fazer mapas. Volta e meia um tipo cansa-se de ser chacinado por abelhas gigantes, um unicórnio enfurecido, um calhau mal preso ou umas botas que dão ataques cardíacos. É nessa altura que ao jogar, se vai fazendo o mapa, indicando o que aparece em cada parágrafo.

O nível de cromice e de entrega é gigante. Quando eu decido pôr de parte algum do meu tempo para agarrar numa folha e ir fazendo o mapa dos caminhos que percorro num livro/jogo... Muito bom.

Mas sinceramente, já nem sei como é que o primeiro me chegou às mãos, nem qual foi. Só sei que sempre tive um certo fascínio por estes livros, de tal forma que ainda hoje pego neles com bastante regularidade. É óbvio que já raramente jogo a sério, com dados e tudo, mas ir avançando e ganhando sempre é bastante agradável.

E já mencionei que alguns eram de fantasia e outros de ficção científica, com todos a puxar para o terror? Ainda há pouco tempo estive a conversar com o pessoal da oficina de escrita, e não pareceram grandes fãs dos de FC, mas eu cá gostava. Os de fantasia eram melhores, provavelmente porque permitiam mais bodega, mas eu deliciava-me com todos.

Fico fascinado com o mecanismo de jogo, e bato palmas a quem inventou este sistema. Só me falta agora é ter a colecção toda!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A mina do deus morto



Título: A mina do deus morto
Autor: João Barreiros

Opinião: Barreiros é um escritor que ainda não me desiludiu. Conto, livro, novela, ou calhamaço partilhado, de tudo tenho gostado.

E em A mina do Deus morto, o autor volta a repetir a gracinha. A sua capacidade em escrever algo que se situa num universo muito maior, complexo, detalhado e por ele criado, é fenomenal.

Consegue situar o leitor, não o deixando perder-se em referências, explicando apenas o suficiente para que sejamos capazes de apreender o resto.

A forma como o faz dá uma excelente caracterização ao espaço implacável e cru em que a história se situa.

Mas no meio disto tudo a história não fica para trás! O pó divino, restos mortais de um antigo Deus, que aumenta a capacidade cognitiva e chega mesmo a devolver vida, é uma ideia fascinante e bem explorada nesta história dominada pela electricidade.

Este é, resumindo, um conto que deixa água na boca, bem escrito, e recheado de ideias e pormenores fascinantes.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Que as citações nos caiam em cima [44]


"I only have two kinds of dreams: the bad and the terrible.

Bad dreams I can cope with. They're just nightmares, and they end eventually.

I wake up.

The terrible dreams are the good dreams.

In my terrible dreams, everything's fine. I'm still with the Company. I still look like me. None of the last five years ever happened.

Sometimes I'm married. Once I even had kids. I even knew their names. Everything's wonderful and normal and nice.

And then I wake up. And I'm still me.

And I'm still here.

And that is truly terrible."

Elemental Girl em Dream Country
Neil Gaiman

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Dream Country (Sandman #3)

Título: Dream Country
Argumento: Neil Gaiman
Arte: Kelley Jones, Charles Vess, Colleen Doran, Malcolm Jones III

Opinião: Dividido em histórias que passam por contos em formato BD, Dream Country é o terceiro volume da brilhante saga The Sandman, de Neil Gaiman.

Infelizmente não gostei tanto como dos outros dois. Mas mesmo assim foi uma leitura bastante agradável. Estranha, como não podia deixar de ser, com histórias bem estruturadas que apenas não se tornaram assim tão interessantes quanto isso.

Em todas elas, Morpheus, o Sandman, é apenas uma personagem secundária, na melhor das hipóteses. Ou pelo menos aparenta. Eu cá digo que ele aparece na mesma bem representado em todas, só que sem ser fisicamente. Afinal, ele é o senhor dos sonhos e, de certa forma, os sonhos assim. E estas histórias são todas mágicas, de alguma forma, não propriamente sonhadas, mas quase.

A primeira é Calliope, em que a musa da literatura é feita prisioneira por um escritor sem escrúpulos que a viola repetidamente para obter ideias para os seus livros, fazendo sucesso à sua custa. Com um ritmo lento e escondendo a personagem mais interessante (a musa) durante a maior parte do tempo, a história nada perde com isso. E a certa altura aparece o próprio Morpheus, chamado de Oneiros por Calliope, e a mostrar o seu lado mais frio e perigoso, muito perigoso...

De seguida vem A dream of a thousand cats, a primeira das histórias deste livro com uma estrutura deveras invulgar: é contada do ponto de vista de gatos. Neil Gaiman é de certeza uma cat person, porque embora sabendo o quão independentes e altivos são os felinos, a forma como aqui são retratados é mais humana que outra coisa. Temos direito a um Morpheus felino, também, e embora não tenha achado a história extremamente interessante, ganha uns pontos pelo ponto de vista peculiar e pela hipótese assustadora que apresenta.

A midsummer night's dream, a segunda história com uma estrutura invulgar, já não consegue ser tão interessante, apesar da ideia curiosa de basicamente ter, digamos, "pessoas" a assistirem a uma peça de teatro sobre eles próprios. As personagens não passam de "potencialmente interessantes", provavelmente por causa do fraco desenvolvimento. Além disso o entrelaçar da história com a peça de teatro não corre lá muito bem.

Por fim a minha história favorita, Façade, a mais estranha e que tem o bónus de ter a irmã de Morpheus, Death, na sua versão mais adorável. Estas poucas páginas lêem-se quase como um ensaio sobre a morte, tanto a definitiva como a que se processa enquanto estamos vivos e sozinhos, por uma razão ou por outra. Muito interessante, até pela forma como aborda a personagem principal, Element Girl, uma personagem obscura do mundo da DC.

Em suma, este é um livro interessante, mas não tão interessante quanto isso.