quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

João Tordo: um tipo fixe... Louco, mas fixe


Aqui há uns dias recebi um convite do Centro de Recursos da minha Escola Secundária para ir assistir a uma sessão de conversa com João Tordo, escrito de que gosto bastante. Não hesitei muito e ainda bem! Que hora e meia fantástica!

Depois de ler O Bom Inverno e, mais recentemente, o Hotel Memória, a ideia que eu tinha era a de um escritor melancólico, introvertido, calmo e pacato. Não podia estar mais enganado.

Digo-vos, não se deixem enganar pelo ar sério da foto ali em cima: este tipo é completamente chanfrado. Na melhor acepção possível da palavra. Reparem: cheguei ligeiramente atrasado, mas ainda a tempo de o ouvir comparar a minha antiga escola com uma prisão, por causa das suas mesas de ping pong de betão. Logo a seguir matou-se a rir porque reparou em mim, graças à minha barba. Mais concretamente ao meu bigode. Disse que gostava de ter um assim. E logo a seguir disse que eu era um guarda prisional.

Pois é. Quantos de vocês é que podem dizer que têm uma barba tão gloriosa que é o primeiro tema de conversa entre vocês e um escritor de que gostam? Tomem e embrulhem!

A conversa que se seguiu foi interessante, hilariante, completamente aleatória e fantástica a vários níveis. O autor bem que se desculpou, dizendo que tinha dormido pouco, mas não se safa desta: o homem é hilariante, inteligente e passado da cabeça de uma forma que só os grandes artistas sabem ser.

Mais a sério, quando se conseguiu concentrar, Tordo falou de leitura, de escrita, das suas leituras e da sua escrita, dos seus livros e das suas experiências de vida, sempre de forma engraçada, meio a brincar e meio a sério, demonstrando uma personalidade carismática e um à-vontade que se traduziram num grande interesse por parte da juventude no público, quase tudo pessoal do secundário. E isto mesmo contando com os tipos que não se calavam, e que o autor fazia questão de pôr na linha.

Fiquei honestamente espantado com a personalidade do autor, ou pelo menos com a personalidade que mostrou nesta sessão em particular. É de escritores assim que precisamos por cá, com talento, perfeitamente capazes de separarem a pessoa da escrita, e com uma excelente forma de interagir com o público.

Se antes desta sessão já o tinha em boa conta, partirei para leituras futuras com um interesse renovado! Até me autografou dois livros (mais dois para a colecção, hurray!) e deu um especial para o Jorge, do Metáfora, a meu pedido, já que o desgraçado é que é o super fã de Tordo e não conseguiu ir. GO TORDO!

Lá pelo meio, e nos intervalos da conversa séria, ainda conseguiu falar do seu ódio a gatos, ao Cavaco Silva, ao Passos Coelho e companhia, de várias peripécias literárias e amorosas, e ainda comentou que estava a pensar escrever um livro no espaço, sem ser ficção científica. Porquê? Ora, porque sonhou um dia destes que estava numa cápsula com uma janelinha de onde via a Terra, e tinha um gato com ele, que vomitava e ele tentava apanhar o vómito com alguma coisa, para aquilo não andar a flutuar.

Verdade? Brincadeira? Eu sei lá! Mas João Tordo a escrever uma história no espaço parece-me uma excelente ideia. A conversa do gato é que me fez lembrar um certo conto do Arthur C. Clarke... Inspiração? Coincidência? Possibilidade de vermos Tordo a escrever ficção científica? Mais uma vez não faço a mais pálida ideia.

Não deixem de visitar o seu (acho eu, pelo menos parece-me legítimo) blog, e leiam coisas dele. Altamente aconselhado!

4 comentários:

Helena disse...

Muito obrigada pelos conselho. Depois de ter lido o texto, fiquei com vontade de o ler. Com a minha idade, já faço escolhas para poder ler tudo o que me apraz no resto de vida que me concederem os deuses.
E se ele viesse à minha escola ainda seria melhor.

NLivros disse...

Viva!
Gostei do teu texto e, de facto, denota que gostas da escrita do homem.
Confesso que nunca li nada dele mas é um dos tais que está naquela lista e que, mais tarde ou mais cedo, acabarei por "consumir".
:)
Abraço!

Ana/Jorge/Rafa disse...

Um autógrafo que será emoldurado assim que houver oportunidade! Também não associava essa personalidade ao autor, mas ainda bem, escritores carismáticos e com talento nunca são demais!

Jorge

Rui Bastos disse...

Helena, ainda bem que pude ajudar :)

Iceman, obrigado! Acho que devias agarrar rapidamente em qualquer coisa ;) Abraço!

Jorge, isso é que é falar... E sim, o homem tem talento e é carismático, raios parta.