sábado, 28 de dezembro de 2013

Quando nos debatemos com sagas

Ler um livro, toda a gente lê. Tenha 20 páginas ou 1300, a coisa lê-se. Pode é demorar como o caraças, mas um bocadinho de cada vez vai-se fazendo.

Já uma saga é um monstro completamente diferente. Logo à partida, é um compromisso diferente. E para ser bem feita envolve normalmente muito mais planeamento do que um livro solitário.

Pensar numa história fechada e contida nas páginas de apenas um livro é muito diferente de planear uma história que se espalha ao longo de vários livros.

Lembrei-me desta conversa porque comprometi-me, juntamente com o Jorge e o Rafa do Metáfora de Refúgio, a ler os 10 livros de Malazan, do Steven Erikson... E aquilo está uma bela duma bodega.

A culpa é do Rafa, que nas suas indagações descobriu esta saga e ficou fascinado. "Ah e tal, que é muita fixe, tem uma história mega complexa e é só conceitos muita porreiros e tal!"

Não se deixem enganar como eu e o Jorge fizemos. Aquilo tem realmente um ar engraçado, mas eu já li mais de metade do primeiro e sabem o que sei da história? Nada. Praticamente nada.

Aquilo é personagens atrás de personagens, com raças atrás de raças e acontecimentos a a sucederem-se à velocidade da luz, sem qualquer ligação decente, que dê para que se perceba minimamente o que raio se está a passar ao longo do livro.

E isto porquê? Parece que este primeiro livro é apenas uma gigantesca introdução ao Universo de Malazan, às suas personagens e à sua história geral, com os livros seguintes a serem os que são realmente interessantes.

Tudo bem, pode ser uma técnica como outra qualquer, e até acredito que existam por aí sagas em que isto funcione. Mas eu, à partida, digo já que não me parece boa ideia, NUNCA.

Uma introdução é suposto ser curta e eficaz! Se é preciso um livro de 600 páginas para introduzir o que quer que seja, estamos a falar de uma área académica, e não de uma porra de uma saga de fantasia!

A única coisa que isto faz é distanciar-me da história, e evitar que eu me apegue a alguma como deve ser. O início perfeito de uma saga, para mim, é aquele que me faz mergulhar de imediato no mundo, sem me confundir. As personagens vão sendo apresentadas devagar, com explicações decentes, a caracterização do mundo é feita gradualmente e não de rompante... Enfim, tudo aquilo que Malazan não fez.

Mas não vim aqui bater nessa saga em particular (embora me pareça que isso vá acontecer eventualmente). Vim aqui dizer que uma saga, mesmo sendo muito boa, pode ser complicada de acompanhar. Basta ser algo como o Senhor dos Anéis, com milhentas personagens e nomes em quinhentas línguas, para uma pessoa se confundir, algo que também se sente em Martin.

Nada que um bom glossário não safe. O grande problema das sagas é mesmo o factor aborrecimento. Depois de ler o terceiro livro sobre a mesma coisa, ou aquilo está muita bom, ou prefiro ir dormir. Martin conseguiu prender-me, e Tolkien é daqueles escritores que podia ter uma saga de 20 livros, que eu não me importava nada de os ler a todos seguidos.

Felizmente não tenho muitas más experiências com sagas. Tenho sabido escolhê-las, e mesmo quando não são tecnicamente muito boas, conseguem cativar-me, por um motivo ou por outro. E por mim, enquanto forem fazendo isso, estou satisfeito!

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