quarta-feira, 30 de outubro de 2013

The Best Defense (The Walking Dead #5)

Título: The Best Defense
Argumentista: Robert Kirkman
Desenhador: Charlie Adlard

Opinião: Não posso deixar de reparar que o Rick dos comics é muito mais passado da cabeça do que o Rick da série. No melhor sentido possível. O que é bastante agradável.

Mas antes que eu caia no erro de limitar as minhas opiniões a comparações com a série, falemos deste livro fantástico, diferente do que os antecedem.

A ideia geral é a de um livro que ainda é mais agressivo do que aquilo que a saga nos tem vindo a habituar. E mesmo quando já se estavam a instalar na sua nova casinha, e a começarem a re-aprender a viverem em sociedade... BAM!

No fundo são as desgraças que fazem a acção andar para a frente. O desenvolvimento das personagens está muito bom, em todos os volumes, mas são quase sempre as desgraças que fazem com que a história avance.

E é nesse ponto que este livro difere. Porquê? Por causa do Governor, uma personagem que dificilmente podia ser mais arrepiante. Ainda agora surgiu e já é das minhas favoritas, se não for mesmo a favorita.

Vejam uma das coisas que ele diz, completamente tirada do contexto, como é óbvio, mas percebe-se bem: "Well, stranger... We're feeding them strangers."

Conseguem sentir aquele calafrio pela vossa espinha acima? E o pior, que é como quem diz "o melhor", é que o Governor, como qualquer sociopata/psicopata que se preze, parece um tipo bastante normal... Até que de repente, BAM!

BAM! podia ser a expressão do dia. Aliás, eu acho que era menos chocante, se em certas partes deste livro, um boneco me saltasse para cima e gritasse isso. É verdade. A violência chega a níveis novos neste livro, o que, juntamente com tudo o resto que já mencionei, eleva a a saga a um patamar mais elevado.

Mal posso esperar para ver o que se passa a seguir!

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A Muralha de Gelo (As Crónicas de Gelo e Fogo #2)

Título: A Muralha de Gelo
Autor: George R.R. Martin
Tradutor: Jorge Candeias

Sinopse: Estes são tempos negros para Robert Baratheon, rei dos Sete Reinos. Do outro lado do mar, uma imensa horda de selvagens começa a formar-se com o objectivo de invadir o seu reino. À frente deles está Daenerys Targaryen, a última herdeira da dinastia que Robert massacrou para conquistar o trono. E os Targaryen sempre foram conhecidos pelo seu rancor e crueldade...

Mais perto, para lá da muralha de gelo que se estende a norte, uma força misteriosa manifesta-se de maneira sobrenatural. E quem vive à sombra da muralha não tem dúvidas: os Outros vêm aí e o que trazem com eles é bem pior do que a própria morte...

Ainda mais perto, na Corte, as conspirações continuam. O ódio entre as várias Casas aumenta e desta vez o sangue mancha os degraus dos palácios e o veludo dos cadeirões dourados. E quando parece que nada poderia piorar, o rei é ferido mortalmente numa caçada. Terá sido um acidente ou um assassinato? Seja como for, uma coisa é certa: a guerra civil vem aí!

Opinião: A Muralha de Gelo é a óptima continuação de A Guerra dos Tronos, sendo que originalmente são apenas um livro. Se no primeiro livro esta divisão fez com que o "final" soubesse a muito pouco, o que acontece neste segundo volume é um início rápido e a entrar na acção de forma estrondosa!

Cativante, de certeza. Viciante, a partir de certa altura. Com a tensão num ponto alto, a vertente política aparece em pleno, bem desenhada e planeada, super interessante e intricada, como deve ser.

É claro que parte do interesse é que os acontecimentos volta e meia são bastante imprevisíveis e chocantes, o que é sempre agradável, especialmente quando os acontecimentos andam a ser guiados pelas mãos de alguém como Martin, capaz de imprimir um carisma extraordinário em algumas das suas personagens.

Não me canso de elogiar o Tyrion, por exemplo. Há mais, mas este sacana desta anão parece agradar a toda a gente, e com razão. Sarcástico, corrosivo, inteligente, constantemente em desvantagem física e moral, mostra-se superior pela sua mente, e é praticamente impossível não simpatizar com ele.

Tirando isso, entre conspirações e decisões difíceis que têm que ser tomadas, uma das coisas que mais me agradou ainda foi o final, em que enfim, aparecem alguns dos meus amigos favoritos. Só tenho é medo que não sejam bem aproveitados, assim como me parece que vai acontecer com os Outros, que servem mais como ameaça latente do que outra coisa, não representando nenhum perigo real.

Esperar para ver, suponho.

domingo, 27 de outubro de 2013

Amadora BD 2013

Roubado ao Leituras de BD, do incansável Nuno Amado

Ora cá está um evento interessante a que nunca fui. E com muita pena minha, não sei se vai ser desta. Mas falemos do evento, que até já começou Sexta-Feira! Se quiserem informação detalhada, bem apresentada, reunida e comentada, visitem o Leituras de BD. Só agora é que eu venho falar disto, e o Nuno Amado já há algum tempo que anda a dar informação, apesar da pouca vontade da organização e da fraca eficiência (as coisas souberam-se todas demasiado perto da data de início do festival).

De resto, têm aqui o site oficial e o Facebook do evento. Aquilo que eu tenho a dizer é que o cartaz, da autoria de Ricardo Cabral, é fenomenal. E o site, graças ao cartaz, fica com um ar porreiro, embora me pareça pouco funcional.

E bem, tirando aquilo que podem ver detalhadamente na programação, tenho a dizer que este evento me parece bastante interessante pela quantidade de exposições, lançamentos, sessões de autógrafos e praticamente tudo aquilo que se possa imaginar, relacionado com BD. Vou ficar com pena, se não conseguir ir um dia que seja, mas pronto, já sabem... Visitem!

sábado, 26 de outubro de 2013

Ligeira obsessão com um livro

Todos sabem o que o título desta crónica significa. E acho que já toda a gente o deve ter sentido. Talvez discordem quanto ao "ligeira", mas enfim, detalhes.

A verdade é que quando acontece ficar obcecado com um livro, muitas vezes não faz qualquer sentido. Quer dizer, eu babar-me para um livro do David Soares, ou do Stephen King, sempre que por ele passar... tem lógica.

Agora imaginem um livro de um autor que não conheço. Com uma história que não sei porque raio me desperta a curiosidade. Uma capa banal. E que por algum motivo me deixa completamente obcecado e me impede de descansar até pelo menos o ler. Ainda melhor se o comprar!

O mais recente foi o Minha Besta. Neste caso já conhecia o autor e gostava bastante dos seus livros, que achei super engraçados. Mas este não me dizia nada em especial. Sabia apenas que era uma paródia às histórias de vampiros, que o azul cueca da capa era o mesmo do novo símbolo do IST, e que a bolinha vermelha prometia humor (e não só) bastante javardão.

Nenhuma das 3 coisas me dá qualquer tipo de motivação para pegar num livro. Não sou um graaaande fã de paródias, de uma forma geral, embora acabe sempre a rir que nem um perdido; o azul cueca ainda me chateia profundamente; e para humor javardão basta estar com o meu grupo de amigos.

Mesmo assim, fiquei obcecado. Vi-o na FNAC a 3 euros, ou 3.5 e fiquei para sempre com a ideia a dançar num canto escondido da minha cabeça. Porquê? Não faço a mínima ideia. Mas não descansei até o ter, neste caso oferecido.

Depois nem sequer gostei do livro! E continuo a estar muito satisfeito que mo tenham dado. A sério, não percebo! Já me desfiz de livros por menos!

Não encontro qualquer tipo de lógica para isto. É que lá está, se estivermos a falar de autores de que gostamos, ou de livros que por um motivo ou por outro nos apelam especialmente, enfim, faz sentido! Não é estranho, e é perfeitamente normal, ainda para mais sendo o apaixonado por literatura que sou.

Mas casos como este são demasiado estranhos. Eu já aceito que o domínio literário é dos poucos em que deixo o meu lado racional um bocado de parte, durante algum tempo, mas coisas assim ultrapassam-me completamente.

Gostava de saber se é alguma coisa inconsciente, se os tipos do marketing são autênticos génios do subliminar, ou se é mesmo defeito de fabrico: além das toneladas de livros que já quero devorar, porque me interessam realmente, ainda tenho que acrescentar à lista livros que me despertam o interessa desta maneira.

Se perceberem, avisem.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A Guerra dos Tronos (As Crónicas de Gelo e Fogo #1)

Título: A Guerra dos Tronos
Autor: George R.R. Martin
Tradutor: Jorge Candeias

A sinopse contém ligeiros spoilers.

Sinopse: Quando Eddard Stark, lorde do castelo de Winterfell, recebe a visita do velho amigo, o rei Robert Baratheon, está longe de adivinhar que a sua vida, e a da sua família, está prestes a entrar numa espiral de tragédia, conspiração e morte. Durante a estadia, o rei convida Eddard a mudar-se para a corte e a assumir a prestigiada posição de Mão do Rei. Este aceita, mas apenas porque desconfia que o anterior detentor desse título foi envenenado pela própria rainha: uma cruel manipuladora do clã Lannister. Assim, perto do rei, Eddard tem esperança de o proteger da soberana. Mas ter os Lannister como inimigos é fatal: a ambição dessa família não tem limites e o rei corre um perigo muito maior do que Eddard temia! Sozinho na corte, Eddard apercebe-se que também a sua vida nada vale. E até a sua família, longe no norte, pode estar em perigo.

Opinião: Finalmente rendido à saga que pôs o leitor comum a ler fantasia, tenho que dizer que desta vez a moda foi bem lançada.

Já ouvi falar muito destes livros, e já sei mais do que aquilo que gostaria (estou sempre à espera de ver uma das personagens a morrer de forma horrenda). Até já tinha visto coisas sobre a série de televisão, e quem fazia de Eddard era o Sean Ben, que para mim será sempre o Boromir. Todos sabemos a fama deste actor, portanto não me surpreendi muito no livro. Mas foi um momento intenso na mesma, filho da mãe do Joffrey...

Bem, desculpem, antes que se percam: o que deu vida a este livro foi o mundo em que a história assente, que me parece bastante bem construído, a história retorcida cheia de politiquices medievais e intrigas que nunca mais acabam, sem se tornarem exageradas, e algumas personagens fascinantes.

É preciso ter em atenção que quando digo "personagens" não me refiro só a pessoas. Os lobos dos irmãos Stark parecem ter alguma relevância, por exemplo; a Muralha, a colossal construção de gelo que protege o reino do que existe do outro lado, é tão imponente e marcante que merece ser vista como uma personagem.

Mas entre os humanos há uns poucos bastante curiosos. O que se destaca, por larga margem, é Tyrion, o anão, engraçadíssimo, acutilante e inteligente. Pertence a uma das famílias mais poderosas, os Lannister, e não é o membro mais adorado, mas consegue lidar bem com isso, pelo menos aparenta, bem como com as dificuldades que já sabe que tem que enfrentar por ter metade da altura de um homem normal.

Eddard Stark (ou Boromir, se quiserem, graças à série este tipo para mim é o Boromir) também é interessante, assim como o seu amigo Robert Baratheon, o actual rei. E mais umas poucas personagens, como o Mindinho, o Varys, enfim, umas poucas.

É claro que no meio disto, há algumas que só conseguiram irritar-me profundamente. Normalmente as personagens femininas. Parece-me, e também já me disseram, que personagens de saia não são o forte deste autor.

De qualquer forma a história é viciante, e isso para mim é mais do que suficiente. A luta pelo poder, as intrigas palacianas e a frente narrativa a oscilar entre a corte do rei Robert, o exílio de Daenerys Targaryen, da antiga dinastia, o Norte dos Stark e onde quer que o Tyrion ande, são aspectos extremamente cativantes e bem desenvolvidos.

Ou seja, acabei por gostar bastante. As personagens, a história, a escrita... Só tenho pena que este livro seja só metade do original, porque mesmo quando estava a chegar à melhor parte, poof, acabou-se-me o livro. Não foi de facto um problema para mim, que tinha o seguinte à mão de semear, mas imagino o que terá sido para quem comprou este livro sozinho, para experimentar a saga, ou algo do estilo. A sensação, bastante desagradável, é a de um livro inacabado.

Já mencionei o Viserys, o irmão da Daenerys? Bem, se fosse mencionar todas as personagens para dizer o que acho de cada uma, nunca mais daqui saía, mas este merece um destaque particular porque é completamente alucinado. Não sei como é que o Martin conseguiu fazer isto, mas parece que cada vez que esta personagem abre a boca, consegue acabar a falar de como lhe roubaram o trono, ou de como o vai reaver, ou de como o seu exército vai esmagar as hordas inimigas, ou sei lá! É incrível! "O que será hoje o pequeno-almoço? Preciso de estar forte para quando for derrotar o Usurpador e conquistar o meu reino de volta!", só faltou isto.

Mas pronto, lê-se bem, e agora vou ter que ler os próximos não é verdade?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Star Wars: Clássicos 11

Título: Star Wars: Clássicos 11

Guiões: Mary Jo Duffy, Archie Goodwin
Desenhos: Jan Duursema, Sal Buscema, Cynthia Martin, Al Williamson, Ron Frenz
Arte-final: Tom Mandrake, Tom Palmer, Steve Leialoha, Bob Wiacek, Art Nichols, Al Williamson, Sam de la Rosa
Cores: Glynis Wein, Petra Scotese, Glynis Oliver
Tradução: Renato Neves e José Vala Roberto

Sinopse: Depois de terem destruído a segunda Estrela da Morte e derrotado o Império, os heróis rebeldes acreditavam terem acabado com a guerra. Contudo, ainda terão pela frente a maior de todas as batalhas: restabelecer a confiança na República. Ainda restam tropas imperiais activas em alguns cantos da galáxia, dedicando-se ao tráfico de escravos e à disseminação do caos. Para as enfrentar, a Aliança precisa de um exército disciplinado. Luke Skywalker é o responsável pelo seu treino, mas o último Jedi tem grandes dúvidas sobre se deve transmitir os segredos da Força às novas gerações.

Opinião: Um livro novamente perfeitamente mediano. É porreiro, mas não é nada de especial. Nem o argumento nem a arte me fascinaram particularmente.

Se bem que mesmo assim, há um ponto a favor. Pelo menos por enquanto estou a gostar da direcção que a história está a tomar: com os vilões derrotados e a história a chegar a um "fim", a saga conseguiu não se perder e ganhar a aposta de continuar após um momento tão marcante.

Para isso fez aparecer novos vilões, que não caíram de céu. Apareceram de forma relativamente normal, ainda que brusca, mas pelo menos fez sentido. Algum, vá.

Quer dizer, é interessante pensar "então e agora que o Império foi ao ar, o que é que isto implica?". Desde tropas imperiais demasiado longe da catástrofe para saberem o que aconteceu, até civilizações que se viram livres do jugo imperial e podem agora prosperar, são várias as hipóteses razoáveis.

Lá vão aparecendo algumas personagens ridículas que não são o Jar Jar. Esse nem sequer apareceu nestas BD's, abençoado. Mas as tentativas de humor palerma que vão aparecendo são demasiado ridículas. Podiam perfeitamente enveredar por uma temática mais séria e madura, sem terem que recorrer ao humor idiota para aligeirar a coisa.

E, claro, o Luke está outra vez na mesma, irritante e cheio de dúvidas completamente estapafúrdias. É uma personagem que não me consegue agradar, de maneira nenhuma. Aborrece-me!

O livro pelo menos dá para passar um bom bocado. E duma coisa não me posso queixar: é sempre agradável regressar a este universo.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Que as citações nos caiam em cima [42]


"Sabe, ouvi falar de um homem cujo amigo tinha sido preso e que todas as noites se deitava no chão do seu quarto para não gozar de um conforto de que havia sido privado aquele que ele amava. Quem, meu caro senhor, quem se deitará no chão por nós?"

A Queda
Albert Camus

sábado, 19 de outubro de 2013

Leituras digitais

Aquilo que é fantástico em ter um e-reader, para além de tudo o que já mencionei aqui e aqui, é que é uma coisa a que nos habituamos com uma facilidade tremenda.

Para quem nunca tinha lido numa coisa destas, e não tinha como hábito ler no computador, a forma como me habituei a ter uma coisas destas foi fenomenal.

Ler em formato digital ou em formato físico é praticamente a mesma coisa. A atenção não é tão fácil de garantir, no primeiro caso, mas a saúde dos meus músculos e tendões é mais fácil de garantir do que no segundo.

E nem falo da quantidade absurda de contos que já li graças ao meu Kobo. E quem diz contos, diz outros livros!

Mas bem, não venho aqui apregoar como é fixe ler e-books. Venho aqui porque não quero que vos falte nada e, portanto, quero falar-vos um pouco das minhas fontes de literatura em formato digital.

Vou tentar ter esta informação, e outra que for aparecendo, naquela aba nova ali em cima.

Sem mais nada a acrescentar, fiquem com os vários sites, sem nenhuma ordem em particular.

O mais óbvio, como não podia deixar de ser, é o Project Gutenberg, um sítio absolutamente fantástico, com livros e contos e sei lá o quê que nunca mais acabam, de uma variedade de autores, épocas e géneros absolutamente estonteante! E tudo isto numa quantidade enorme de línguas. Quando comprei o e-reader, a primeira coisa que fiz foi vir aqui e passar revista, mas cada vez gosto menos dos e-books que tiro aqui.

Têm normalmente sérios problemas de desformatação, e ainda não percebi se é deles se é do meu aparelho, mas há uma qualquer catástrofe com os números de página. Mas enfim, é tudo grátis, não é verdade? Dá para ler, e no fundo é isso que interessa realmente.

Depois um sítio que talvez ainda seja mais óbvio do que o Gutenberg, mais que não que seja por, enfim, ser o oficial. Falo da Kobo e dos seus milhares de e-books, incluindo muitos grátis e muitos ao desbarato. É de lá que ando a ler a saga The Lost Tribe of the Sith, por exemplo.

Mas não se deixem enganar, lá pelo meio aparecem livros à venda praticamente ao mesmo preço que as edições em formato físico. É que não acontecer comprar uma coisa dessas, nunca. E embora talvez valha a pena comprar alguns dos mais baratos, será apenas se não se encontrarem bem online, e caso se encontrem, é porque muito provavelmente esta versão oficial tem uma formatação melhor.

É aí que este site ganha ao Gutenberg. A formatação é um sonho. Um sonho, compreendem? Funciona tudo bem, está tudo direitinho... Muito bom.

Outro sítio de que gosto bastante, embora sofra de ligeiros problemas de formatação, também, é o site da University of Adelaide. Star Maker veio de lá. Tem muita coisa, embora não tanta como os que já mencionei, mas ganha em termos de organização e de oferta por autor. Basta abrirem uma página de um autor aleatório, e o mais provável, aqui, é encontrarem TODA a sua obra. Toda.

Mais um sítio porreiro é o feedbooks, cujos e-books têm um ar limpinho e organizado como se quer, com as capas direitinhas e tudo.

Um de que tenho que falar de certeza é o Projecto Adamastor, uma ideia fantástica, a de publicar clássicos portugueses, com uma execução praticamente sem falhas, até agora. E-books novos a uma regularidade aceitável, e uma qualidade fantástica, seja a nível das capas como do resto da edição. Às vezes sofrem é um bocadinho do problema que tenho com as coisas tiradas do Gutenberg. Há uma forte possibilidade de o meu e-reader ter um problema qualquer e decidir que se está a borrifar para os números de páginas e fazer como lhe apetece.

Este é um projecto que está sempre em busca de colaboradores, imagino que arranjar voluntários para ler e corrigir e o camandro, a mesma coisa durante vários dias não seja fácil. Mas eu por exemplo gostava de conseguir ajudar mais do que aquilo que já tenho feito e que se tem resumido a publicidade.

Há mais deste estilo, mas ainda não tive tempo para os explorar, portanto prefiro deixá-los sossegados. Se precisarem de alguma coisa, já sabem, o Google é uma ferramente poderosíssima. E se não tiverem muitos escrúpulos, tudo se arranja, algures...

Não queria era acabar sem antes mencionar outra coisa que volta e meia aparece. Iniciativas como a da NASA, que disponibilizou recentemente uma série de e-books sobre a sua história; ou iniciativas completamente aleatórias, vindas de sítios aleatórias, como a deste blog, que decidiu reunir no mesmo sítio todos os links para os livros da saga O Feiticeiro de Oz.

Ainda há mais coisas de que não me estou a lembrar, mas enfim, é o costume. Já sabem, visitem regularmente a aba dos E-books, que eu vou tentar actualizá-la de forma relativamente frequente, o que pelo menos não será assim tão difícil quanto isso, tendo em conta que todos os dias descubro qualquer coisa!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A Queda

Título: A Queda
Autor: Albert Camus
Tradutor: José Terra

Opinião: Eu não sei qual é o meu preconceito inconsciente e involuntário contra este autor, mas já é a segunda vez que leio um livro dele, e a segunda vez em que tive de ser influenciado a fazê-lo.

Desta vez ainda foi pior, porque eu já sabia perfeitamente que gostava do autor e da sua escrita. E no entanto, nunca mais peguei em nada de Camus.

Caro falecido Albert Camus, perdoe-me. Acredite que lhe tenho o maior dos respeitos, e uma boa dose de admiração.

Se já assim pensava depois de ler O Estrangeiro, esta leitura confirmou a minha ideia sobre o autor e a sua escrita: fantástica.

Confesso que já não me lembrava de detalhes, apenas de que tinha gostado bastante da escrita. Pois bem, fiquei impressionado, ainda achei a escrita melhor do que aquilo que eu me lembrava.

A forma como a narração é feita é bastante curiosa, uma vez que o narrador fala directamente para o leitor, como se este fosse uma personagem que o acompanha noite após noite, do bar para as ruas.

O efeito disto, como devem imaginar, é tremendo. A forma como Camus nos envolve, não só com a sua escrita descomplicada, directa e viciante, mas também com esse "truque", é muito boa.

É claro sendo Camus, a maior parte do livro é perdida em reflexões e em conversas que surgem quase do nada e que parecem não ter nada a ver com nada, mas que servem como uma espécie de confissão do narrador, que diz ser um "juiz penitente".

O resultado é um livro aparentemente bastante parado, mas que cativa bastante. A escrita é mesmo muito boa e a história acaba por se tornar interessante, contada pelo narrador de forma bastante pessoal.

Claramente um livro, e um autor, a não perder.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

The Heart's Desire

Título: The Heart's Desire
Argumentista: Robert Kirkman
Desenhador: Charlie Adlard

Opinião: Neste quarto volume the The Walking Dead, encontrei finalmente algo que foi transposto na mais absoluta perfeição para o pequeno ecrã. Infelizmente.

Passo a explicar: quem já viu a série está de certeza demasiado familiar com aqueles episódios em que os argumentistas se esqueceram de como é que se faz a história avançar, e se limitam a pôr as personagens todas a gritar umas com as outras durante 80% do tempo.

Pois bem, isso também acontece nos comics. E este livro parece que foi dedicado a mostrar-me isso mesmo.

Felizmente acontecem coisas interessantes pelo meio. Eu nem sequer vou comentar a entrada em cena da Michonne, uma tipa com uma katana e dois zombies, sem braços e sem o maxilar inferior, presos por correntes. A personagem em si já é espectacular o suficiente, mas a forma como aparece a primeira vez é badass ao extremo.

Os acontecimentos é que acalmam um bocado, pelo menos em termos de ritmo. Sim, porque embora as coisas aconteçam mais devagar, começam a ser mais complicadas, com repercussões e intrigas a começarem a surgir.

Tenho a dizer que no meio disto tudo o melhor é mesmo ver a sociedade a desfazer-se a cada passo. Um bocado como acontece no The Stand. Tanto nesse livro como nesta saga, há um esforço consciente da parte das personagens para reconstruírem a sociedade e voltarem a funcionar "como deve ser". E em ambos as coisas isso acaba invariavelmente por falhar.

Se com isso se pretende mostrar o quão frágil é a nossa sociedade, ou o quão brutalmente horríveis foram as tragédias imaginadas por King e Kirkman, deixo ao vosso critério... Embora diga que acredito piamente na primeira.

Resumindo, achei este um livro mais fraco que os anteriores, especialmente que o terceiro, mas enfim, vai ser difícil de superar, esse. Mas gostei bastante. De tal maneira que, vejam só, até gostei de um discurso extremamente longo feito pelo Rick, já no final. Sim, é verdade. Foi tão porreiro que o li 3 vezes.

Ainda por cima o desgraçado acaba o discurso de forma arrepiante. Quer dizer, diz algo que provavelmente até pode ser óbvio para muita gente, mas que até ler isto me tinha escapado completamente. Deixo-vos com essa pequena frase de aspecto insignificante, mas que acaba por dizer mais sobre a saga do que tudo o que eu já disse sobre ela.

"We are the walking dead."

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Paragon (Lost Tribe of the Sith #3)

Título: Paragon
Autor: John Jackson Miller


Opinião: Já sei que ler um livro desta saga equivale a ter o meu lado mais geek aos pulos, de cada vez que aparece um Sith, ou um lightsaber.

No entanto estou a ficar desapontado. Enfim, o livro foi porreiro, não foi propriamente mau, mas começo a sentir a falta de um desenvolvimento mais sério.

Acontece muita coisa entre livros que seria interessante acompanhar, e que é descrito no início de cada um de tal forma que parece tudo irrelevante e que nada se passou.

Neste caso, desde o volume anterior até este passaram-se 15 anos. Dezena e meia de anos em que nada aconteceu para além dos Sith se instalarem à grande e à francesa como deuses e senhores dos Keshiri, os nativos do planeta onde caíram.

Enquanto fazem os seus melhores papéis de deuses, vão planeando secretamente a fuga mas, como não podia deixar de ser, há personagens que não facilitam a vida ninguém, e uma praga que aparece do nada e começa a chacinar os nativos.

Criam-se facções entre os Sith e os Keshiri, e com os primeiros a serem quem são, as intrigas e a mesquinhez são uma constante, e a violência encontra-se sempre latente. Uma autêntica bomba à espera de explodir.

No meio disto tudo, a história até se podia tornar interessante, mas é como digo, há pouco desenvolvimento, é um livro demasiado pequeno para que os acontecimentos me cativem e me deixem preso. E é preciso ainda ter em conta a Seelah, personagem que já aparece desde o primeiro livro, me irrita profundamente. Começo a achar que há poucos escritores capazes de criar personagens femininas convincentes e que não sejam absurdamente irritantes.

De qualquer forma, este livro, juntamente com esta saga, pelo menos até agora, é um que só aconselho a fãs de Star Wars que tenham curiosidade em conhecer um pouco do universo expandido.

domingo, 13 de outubro de 2013

Nobel da Literatura 2013


E este ano o prémio vai para Alice Munro, autora canadiana principalmente conhecida pelos seus contos. Por cá tem alguns livros editados na Relógio D'Água.

Assim de chapa, e sem conhecer minimamente a autor, digo que é bom ver uma contista a ganhar este prémio. Os meus problemas com o tom demasiado político do Nobel da Literatura são bem conhecidos, por mais justificado que seja esse mesmo tom.

Portanto não é de estranhar que tenha ficado feliz ao ver quem é a premiada este ano, que a sua obra consiste maioritariamente de livros de contos e que foi escolhida exactamente por ser um dos expoentes máximos desse tipo de obras.

É claro que não a conhecia na mesma, mas já nem tento. Eu normalmente conheço os que são apontados como candidatos fortes, mas esses, coitados, nunca ganham, porque a Academia escreve torto por linhas direitas.

Fica a curiosidade relativamente a Munro e aos seus contos...

sábado, 12 de outubro de 2013

Quando o nome do autor vem em letras maiores do que o título do livro

Tenho a certeza que já toda a gente reparou: há livros em que reparamos no título, e há livros em que reparamos no autor. Não falo de quando isto acontece por sermos fãs do autor ou por ele nos ser desconhecido, isso aí acontece sempre, quer queiramos quer não.

O que eu quero dizer é que há livros em que aparece o título, e depois o autor por baixo, normalmente em letras mais pequenas, e depois há livros em que aparece o autor, por vezes de um tamanho absuro, e só depois, em letras pequenas, o título.

Ora, o que é que isto me diz? É simples, não é? Há autores que vendem pura e simplesmente por serem quem são. Espetar o nome desses autores numa capa, de preferência em letras grandes, é garantir uns milhares de vendas (no nosso país, que lá fora são logo uns milhões de vendas, se for preciso).

É por isso que a maior parte dos autores ditos "comerciais" têm os livros praticamente todos assim. Mas não só, e basta um nome ser conhecido por alguma razão, ou gerar qualquer tipo de controvérsia, e pronto, é só aumentar um bocado o tamanho do nome, diminuir um pouco o título e deixá-lo para segundo plano, e voilá!, vendas!

Acontece com Stephen King, Dan Brown, Nora Roberts, Saramago, Tolkien... Seja qual for a razão, pôr estes nomes numa capa é como ter uma máquina de fazer dinheiro. E eu vejo isso por mim... Não o digo quando a Dan Brown ou a Nora Roberts, mas King, Saramago e Tolkien? São 3 daqueles nomes cujos títulos dos livros só me servem para ver se já tenho.

E não tenho quaisquer remorsos quanto a isso. Se gosto assim tanto de um autor, acabo por querer ler tudo o que já escreveu, estou mais interessado em procurar o nome do que os títulos. E acontece o mesmo com quem devora Dan Brown e Nora Roberts ou, sei lá, Nicholas Sparks e companhia. No fundo queremos um estilo de escrita e de história que este ou aquele autor tem, e portanto não é preciso procurar mais.

Mas até que ponto é que isto é bom? Quer dizer, se gostarmos mesmo muito de um autor, até podemos nem lhe ler os livros todos, mas gostamos de os ter nas prateleiras, para olharmos para eles de vez em quando. Por aí é sempre positivo. Mas e quando há desilusões?

Convenhamos, a maior parte dos livros que a generalidade de nós compra, fazemo-lo por causa do autor. Seja por gostarmos demasiado do que já conhecemos, ou por não termos paciência, ou tempo, ou seja lá o que for, para investigar autores novos, se já temos uns poucos na cabeça, não é preciso procurar muito mais.

No entanto, quantas vezes não me aconteceu já um livro ser uma tremenda desilusão e desmotivar-me relativamente a esse autor? Eu sei, são coisas que acontecem, não há autores perfeitos. Mas seria evitável? Talvez.

Se calhar se tivesse agarrado no livro e lido uns parágrafos, ou umas páginas, antes de comprar, tivesse logo percebido que devia deixar aquele passar. Ou algo tão simples como ler a sinopse. Se bem que há muito livro que não traz sinopse, e ainda mais que traz e é completamente enganadora, mas isso é outra conversa.

Mesmo assim não sei! Acho que é difícil de pensar nisto... Para as editoras é simpl€s, mas não sei bem até que ponto é saudável influenciar os leitores dessa maneira. Não que não o façam de outras maneiras, e sim, eu ainda não me esqueci que as editoras são empresas que precisam de lucros, mas acho sinceramente que uma abordagem mais honesta tivesse melhores resultados.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Safety Behind Bars (The Walking Dead #3)

Título: Safety Behind Bars
Argumentista: Robert Kirkman
Desenhador: Charlie Adlard

Opinião: Depois de um segundo volume bastante movimentado, Safety Behind Bars mantém o ritmo, com tudo a acontecer muito depressa.

As diferenças relativamente à série já são tantas, que nem vale a pena desatar a enumerá-las. A história geral continua a mesma, mas só a muito geral.

Aquilo que noto é que acima de tudo, a série tenta manter mais o tom e a abordagem, do que seguir a história passo por passo. Aqui, e até agora, tal como na série, o tom é intenso, por vezes opressivo, e os holofotes estão claramente virados para as personagens e as suas relações.

Os zombies existem, abençoados, mas servem mais como agitadores do que outra coisa. São uma ameaça que está sempre presente e que mantém (ou devia manter) toda a gente alerta e amedrontada. E claro, sempre que tudo parece estar a correr bem, BRAAAAAAAIIIIIIINSSSSS!!

Este livro em particular está recheado de momentos espectaculares, e perdoem-me desde já os ligeiros spoilers, mas quando estão na prisão e dão de caras com os prisioneiros sobreviventes, é engraçadíssimo. Mais intensa é a forma como descobrem algo que tem consequências graves e que afecta toda a gente. Esse sim, foi um momento verdadeiramente arrepiante.

O que me continua a chatear é a Lori. Eu sei que a mulher está grávida, mas não há ninguém que a cale? Deve ser das personagens mais irritantes que já encontrei na minha vida. Contraditória e opinativa, esta mulher é claramente uma grande desgraça à espera de acontecer.

Felizmente há personagens que superam as expectativas. Com muita pena minha, não falo de Hershel, que não tem aqui o brilhantismo que tem na série e que muito provavelmente se deve à fantástica prestação do actor. Mas o Tyreese é fixe. E o Rick aqui parece-me mais interessante, é um tipo duro e que começa a mostrar uma faceta implacável e sem escrúpulos que me parece bastante bem construída.

Até agora este tem que ser o meu livro favorito, se bem que ainda só li 3. Estou a gostar bastante do ritmo dos acontecimentos, do desenvolvimento das personagens e da abordagem à história, de uma forma geral. Um excelente trabalho que merece, sem qualquer sombra de dúvida, ser acompanhado.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Que as citações nos caiam em cima [41]


"The whole world? The whole universe? Overhead, obscurity unveiled a star. One tremulous arrow of light, projected how many thousands of years ago, now stung my nerves with vision, and my heart with fear. For in such a universe as this what significance could there be in our fortuitous, our frail, our evanescent community?"

Star Maker
Olaf Stapledon

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Star Maker

Título: Star Maker
Autor: Olaf Stapledon


Opinião: Diga eu o que disser até ao fim desta opinião, espero que nunca saia da vossa mente a ideia de que este é um livro profundamente fascinante.

O próprio conceito, caras pessoas que me aturam! Um homem a viajar pelo Universo, a visitar outras espécies, outras civilizações... A curiosidade e o simples prazer de descobrir e conhecer eram claramente amigos do autor.

Começa tudo muito bem, com uma boa escrita e um momento inicial, em que o homem contempla o céu estrelado e de repente "sai" do seu corpo e começa a flutuar pelo Universo, bastante interessante.

A primeira viagem interestelar do protagonista é avassaladora. As descrições de Stapledon atingem aqui uma qualidade visual que nunca mais irá ser atingida ao longo de todo o romance. Fiquei honestamente fascinado e, muito sinceramente, acho que a salivar um pouco.

O primeiro contacto do protagonista é com uma raça bastante curiosa, que funciona muito à base de sabores. A descrição é imaginativa, e as várias páginas gastas a explicar esta civilização, a sua biologia e a forma como interagem uns com os outros, não são mal gastas.

Mas é então que, depois de dar muito tempo de antena a esta primeira raça, Stapledon se limita praticamente a resumir a viagem toda, em vez de ir de planeta em planeta, calma e cuidadosamente. Acaba por falar apenas dos casos mais diferentes (mas não tão diferentes quanto isso, no fundo) de nós, e que representam várias raças parecidas.

É uma forma excelente de nos mostrar como somos pequenos e insignificantes. A escala da viagem empreendida pelo protagonista é abismal. Mas esse protagonista agora tem companhia, e isso cria a minha primeira dúvida: o primeiro tipo começou a viajar por acidente, num momento estava a olhar para o céu, noutro momento estava a ir em direcção às estrelas; mas e o segundo, um dos outros humanos, a primeira raça encontrada? Supostamente aprendeu a fazê-lo. Mas como?

Nada disso é propriamente explicado, e conforme vão aparecendo mais raças, a mesma pergunta vai aparecendo e aparecendo na minha mente, formulando-se sozinha: "porquê tão humanos?"

O autor consegue ser imaginativo e descrever espécies muito interessantes, mas acabam invariavelmente por serem todas iguais, por mais diferentes que pareçam. No fim todas evoluem para uma mente colectiva, por alguma razão comunista que me escapa.

E depois disso ainda inventou mais um bocado, levou a evolução dos seres e da galáxia a um ponto que eu gostava de não ter visto. É demasiado. Gostava muito mais de ter visto as raças a evoluírem e a crescerem de forma completamente diferenciada umas das outras.

Para ajudar à festa, o fim desiludiu-me. Acho que o livro começa mesmo muito bem, de forma excelente, até, e depois começa a declinar lentamente, apesar da colossal imaginação do autor, que parece só ser capaz de criar coisas interessantes. Há uma raça de barcos vivos! Ah!

Sei que este é um livro que podia facilmente ter-me deixado fascinado, mas que tem alguns pormenores que não me agradaram de forma nenhuma, deixando-o classificado como interessante, profundamente fascinante, de uma certa forma, mas também como "pior do que pensava". O que não faz dele necessariamente mau, como é óbvio.


"And now it was becoming clear to us that if the cosmos had any lord at all, he was not that spirit but some other, whose purpose in creating the endless fountain of worlds was not fatherly toward the beings that he had made, but alien, inhuman, dark."

sábado, 5 de outubro de 2013

A importância dos clássicos lusos

Assim que comecei a escrever o título deste texto, pensei logo: "epah, isto tem tanto potencial para causar porrada". Se pensarem bem nisso, é realmente assustador.

O que é um clássico? Que livros é que podemos considerar como clássicos portugueses? E quais desses são importantes? Todos? Alguns? Quem é que escolhe? E porque raio é que são importantes? De que é que serve agarrar em livros de autores mortos há anos e anos, quando temos aqui estes publicados o mês passado, por autores jovens? Existem por aí autores portugueses que se possam considerar como autores clássicos, ainda a escrever?

São demasiadas questões. E a maior parte delas não tem propriamente uma resposta certa, de tão subjectivas que são. Por exemplo, grande parte dos livros em que as pessoas pensam quando ouvem a palavra "clássicos" são os que estão no catálogo da Penguin Classics. Invariavelmente antigos, caem com frequência na categoria de livros de que toda a gente já ouviu falar, e dos quais dizem logo "esse é dos bons!". Mesmo que nunca tenham lido.

Mas reparem em como muito poucos desses livros são de fantasia ou de ficção científica. Ou falem com pessoas que, nas suas próprias palavras, "levem a literatura muito a sério", e perguntem-lhes se os livros de Tolkien são clássicos. Ou os contos do Lovecraft. Ou os livros do Asimov e do Clarke.

O criador da Terra Média ainda deve ser o que tem mais sorte. Com a sua relativamente recente popularidade, é quase crime dizer mal dos seus livros, e até os críticos mais "sérios" e cépticos quanto à fantasia começam a não ter outra hipótese que não seja aceitar Tolkien como o excelente escritor que foi.

Lovecraft é outro que também não se safa mal. A sua escrita tem de facto um estilo que todos identificamos como marcadamente clássico, apesar dos vaipes que tinha em que começava a escrever com sotaque e coisas desse estilo. E se se ignorar as suas obras mais psicadélicas durante alguns momentos, algumas das coisas que escreveu são bastante digeríveis por pessoas pouco habituadas a ler terror. Ou pelos chatos dos críticos profissionais que desprezam todos os géneros excepto o "pós-modernismo-filosófico-e-cheio-de-significado" e a poesia.

Agora agarrem no Asimov e no Clarke e está o caldo entornado. As minhas recentes incursões no género da ficção científica não me fazem propriamente um especialista, mas acho que são 2 autores que são considerados, pelos fãs, como clássicos. E mais uns poucos, mas prefiro não arriscar dizer barbaridades.

E no entanto, quase toda a gente irá olhar para as capas e, sei lá, ver uma nave espacial, e BAM!, "o que é isso? é para oferecer? quer embrulho juvenil?".

E por falar em juvenil, nem me atrevo a entrar na discussão dos Harry Potters. A saga acabou há meia dúzia de anos, mas a sua importância e popularidade em todo o mundo vai muito provavelmente fazer com que se tornem clássicos, daqui a uns anos. Até tem outras coisas a seu favor, como o facto de volta e meia ser banido de algum sítio, como os bons e velhos clássicos o foram muitas vezes.

Mas tentando encarreirar para o objectivo da crónica, já que esta discussão é muito interessante, mas absurdamente complexa, deixem-me dizer-vos o que é, para mim, um clássico.

Ora bem, um clássico tem que ser um livro com alguns anos em cima. Se der para contar a sua idade em décadas ou séculos, tanto melhor. Isto porque tirando algumas excepções, um livro tem que andar a ser lido durante vários anos para que a compreensão e a aceitação que temos dele seja suficiente para lhe chamarmos um clássico.

Mas não só! A idade é um posto, eu sei, mas não abusemos. Um clássico tem que ser objectivamente bem escrito e ser assumidamente um produto do tempo em que foi escrito. Os problemas que aborda têm que ser aqueles com que o escritor  a sociedade lidar. Mesmo que o livro se passe em 1700 e troca o passo, ou em 3200 e muitos, o tema tem que muito próprio da época em que vivemos agora.

Sei lá, o aquecimento global, a extrema pobreza que se vê nalguns países, o lento declinar da economia mundial e a não tão lenta decomposição da política mundial, qualquer coisa desse estilo. Convém é que o tema, além de ser actual, se mantenha actual durante muitos e muitos anos. É por isso que se considera o 1984 do Orwell um clássico, ou clássico moderno, quero lá saber. É um livro que critica o que se passava na altura em que foi escrito, mas cuja leitura leva a pensar sobre aquilo que se passa actualmente.

Há mais exemplos e há mais critérios, mas vocês percebem a ideia. Falemos finalmente do que realmente interessa: clássicos portugueses. Existem? Claro que sim! E há até exemplares bastante óbvios, como Os Lusíadas, ou melhor dizendo, tudo o que o Camões escreveu. E as obras de Almeida Garret, de Gil Vicente e companhia.

Mas eu cá incluo os livros de Saramago nesse mesmo saco. O homem recebeu um Nobel! Quer se queira quer não, é um autor incontornável na nossa história, e tem livros francamente geniais. As Intermitências da Morte, caríssimos?!

Outro autor que talvez achem que devesse incluir é Pessoa. O auto-proclamado "segundo Camões", ou coisa que o valha. Pois bem, lamento, mas não. E não tem nada a ver com o facto de eu não ser fã das suas obras. Reconheço-lhe o génio e o talento na escrita, mas falta-lhe qualquer coisa para ser um autor clássico. A minha teoria pessoal é que o homem era tão à frente do seu tempo, que ainda o continua a ser.

Mas nem só destes autores vive o panorama clássico português. Aquilino Ribeiro, Eça de Queirós, Alexandre Herculano, Padre António Vieira, Branquinho da Fonseca e tantos outros! E qual é a sua importância, afinal?

Esta é uma pergunta que não precisa de muito esforço para ser considerada ridícula, mas continuemos. A importância dos clássicos parece óbvia. Quantas vezes não justifiquei a minha vontade de ler este ou aquele livro com um simples "é um clássico!"

No entanto, eu acho que vai mais longe que isso. Não me perguntem a razão, mas tenho um fascínio acima da média por clássicos, especialmente clássicos portugueses. A minha curiosidade relativamente a autores portugueses é infindável. Se além disso ainda forem autores clássicos, bordo o juvenil. "Ahhhh, que fixe! Quero ler! É sobre o quê? Calma, vou ler a sinopse. Tantas palavras, não interessa, que BACANO!", não é uma reacção assim tão estranha, estamos entendidos?

Ler um clássico português, para mim, é sempre uma excitação fora do comum, embora possa sair desapontado. Às vezes sinto que estou a ter aulas com um mestre. É que apesar de rebuscada e cheia de salamaleques, a escrita clássica acaba por ser muitas vezes directa e os livros sempre muito emotivos.

Há uma ligação especial com os clássicos que raramente existe com os livros mais recentes. Nem sei bem. Mas além disso ainda são exemplos de escritas desde o "muito boa" ao "tão genial que até mete nojo". É por isso que ler os clássicos é importante, especialmente para escritores. Ainda mais quando muita gente, até eu, por vezes, prefere simplesmente ceder à torrente de literatura estrangeira e a modos que ignora excelentes livros que por aí andam calmamente.

Não façam isso. Eu tenho lido alguns clássicos portugueses, e só tenho pena de ainda não ter pegado em mais. Tenho vindo a descobrir autores e histórias que não achava serem possíveis no panorama português, como o Branquinho da Fonseca e as suas histórias de terror. Terror!

O que interessa é que as pessoas leiam, nem interessa bem o quê, desde que as cative e lhes mantenha o cérebro minimamente activo, mas não faz mal a ninguém, atirar-se de cabeça a Os Lusíadas, por exemplo...

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Que as citações nos caiam em cima [40]


" 'Then I said: "I will give men wisdom, that they may be glad." and those who got my wisdom found that they knew nothing, and from having been happy became glad no more."

The Gods of Pegãna
Lord Dunsany

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

The Gods of Pegãna

Título: The Gods of Pegãna
Autor: Lord Dunsany


Opinião: Quando oiço falar de um livro com contornos mitológicos, arrebito de imediato as minhas metafóricas orelhas pontiagudas.

Se o autor for Lord Dunsany, alguém que escrevia coisas conotadas com a fantasia antes de a fantasia ser propriamente reconhecida como o que quer que fosse, e que me tem andado a despertar uma curiosidade assustadora, podem imaginar o meu estado.

Ora, tendo encontrado isto disponível em e-book, ficou obviamente marcado para uma leitura próxima. As expectativas eram altas, a ansiedade também.

Infelizmente, o livro não se revelou tão bom como eu esperava. Para quem já leu o The Silmarillion, é difícil não encontrar semelhanças entre este pequeno livro e o conto de criação da Terra Média de Tolkien, o Ainulindäle. Mas notem que Dunsany precede Tolkien, tendo-lhe servido de inspiração, assim como dúzias e dúzias de outros autores.

Porque é isso mesmo que isto é. Um mito de criação do mundo inserido numa mitologia criada por Dunsany. Essa descrição, só por si, já faz com que eu tenha ficado fã. Mas confesso que ainda que a escrita seja boa, e o texto devidamente épico, grandioso e a assumir contornos mitológicos de forma perfeita, o livro nunca atinge níveis de qualidade extraordinários.

Há ideias interessantes, como o homenzinho da capa, Skarl, The Drummer, o deus que toca constantemente nos seus tambores, mas a execução sai demasiado seca e sem capacidade para reunir interesse o suficiente da minha parte para ficar completamente maravilhado.

Fiquei, mesmo assim, bastante curioso com o resto da obra de Lord Dunsany, de tal forma que já acrescentei o The Book of Wonder no meu e-reader, uma vez que foi o livro com que originalmente fiquei a conhecer o autor, e que sempre me deixou extremamente curioso, mas que ainda não tive a oportunidade de ler.

Resumindo, mesmo não sendo um livro extraordinário, nem um pedaço absolutamente brilhante de literatura, The Gods of Pegaña é um livro interessante, mais que não seja por ter sido escrito no início do século XX.

Além de que inclui momentos que dão um brilho inesperado à narrativa, como o que se segue:

"Lastly the gods said: 'We have made worlds and suns, and one to seek and another to regard, let Us now make one to wonder.'

And They made Earth to wonder, each god by the uplifting of his hand according to his sign.

And Earth was."