sábado, 12 de abril de 2014

Estantes Emprestadas [4] - Guia de sagas e calhamaços [1/2]



Bem-vindos a mais uma Estante Emprestada! A vítima, perdão, o convidado de hoje é o Rafael, mais conhecido por Rafa (ou paspalho), colaborador do Metáfora de Refúgio. Sim, já o terceiro desse blog que vem aqui parar, em quatro pessoas, mas quem fica a ganhar são vocês, que isto é pessoal porreiro e em cujo discernimento literário eu confio. A maior parte das vezes.

O tema de hoje, e como o Rafa explica e justifica, são as sagas e os calhamaços, de que ele é fã e que está sempre a tentar impingir a alguém. Seja um Malazan com 900 páginas, um China Miéville de 1300 ou uma Roda do Tempo que ocupa um metro e qualquer de prateleira, alguma coisa ele há-de ter na manga.

Por hoje ficam só com a introdução, na qual o Rafa vos tenta convencer ligeiramente a ler as coisas que ele sugere. Eu compreendo o que estão a sentir, ele é assim todos os dias.


A pedido de várias famílias (apenas uma na verdade), venho para aqui discursar sobre sagas (seja de FC ou fantasia ou o que for que tenha montes de livros com montes de páginas).

Mas antes de começar, gostava de agradecer ao Rui, por me dar esta trabalheira enquanto estou de férias (sim porque me pediu isto com para aí meio ano de antecedência) e já agora agradeço também a oportunidade de chatear mais pessoas.

O tema que me foi proposto foi sagas e é disso que vou falar.

Ora bem, parece que algumas pessoas ficam algo intimidadas quando encontram livros (que já de si podem ser bem grandinhos) e encontram na capa as palavras:"volume 1 de uma data deles". É a isso que chamo sagas, que podem ser as mais comuns trilogias, ciclos, crónicas, canções... A lista continua, mas acho que chega para exemplificar. 

Em Defesa das Sagas e calhamaços

Infelizmente, as pessoas que se deixam afugentar pelo tamanho e peso de alguns desses livros e pelo espaço que a saga eventualmente irá ocupar na prateleira (a título de exemplo temos a Roda do Tempo, de Robert Jordan, que a 6 ou 7 centímetros de espessura por livro ao longo de 14 livros acaba por ocupar um espaço considerável) não se chegam a aperceber que esses livros são em geral de leitura simples e rápida.

Por exemplo, apesar de não se qualificarem como uma saga(com a excepção claro da Dark Tower), os monstruosos livros de Stephen King, como o "It" e o "The Stand" podem parecer ameaçadores, mas a escrita de King é simples e uma pessoa acaba por ler o livro mais depressa do que se lesse um livro mais pequeno mas mais denso.

Graças à linguagem King consegue escrever livros que mesmo sendo grandes se lêem bem e como ainda consegue desencantar inúmeros cenários assustadores, tornou-se num dos mais celebrados autores de Terror actuais (aproveito para comentar que King considera que a sua magnum opus é uma saga de fantasia/terror de sete livros e por mais extraordinário que possa parecer, os primeiros livros desta colecção são pequenos, dentro do possível claro).

Também poderia dar o exemplo de Harry Potter, também com 7 livros, mas acho que a J. K. Rowling não precisa de mais publicidade.

Por outro lado temos autores que escrevem livros grande e densos, como alguns clássicos russos ou China Miéville, um autor inglês, o porta estandarte do New Weird. Isso complica as coisas, porque significa que a leitura vai ser mais demorada e provavelmente teremos de andar a carregar um livro de um quilo de um lado para o outro (graças aos conselhos de dois colegas, um deles o Rui agora tenho um E-Reader e já não tenho de andar a carregar meia estante de casa para lisboa). Creio que são estes autores que acabam por afastar os leitores dos calhamaços ou  da leitura em geral. Para mim o truque, para quem não costuma ler brutas sagas ou livros monstruosos é começar com uma coisa mais pequena, de preferência de leitura simples e ir complicando, mas já cá voltamos.

Claro que tendo em conta o trabalho que dá ler uma data de livros relacionados de alguma forma, era agradável que houvessem vantagens. Entre elas contam-se a possibilidade de desenvolver as personagens ao longo de um período de tempo mais extenso, aprofundar o universo envolvente (o que é particularmente importante na fantasia, um género em relação ao qual eu sou parcial) ou simplesmente complicar a trama.

Claro que nem tudo são rosas e muitas vezes temos muitas páginas e pouco conteúdo, com sagas que empatam na trama ou são prolongadas para fazer render a fama.

Se com esta conversa alguém já está inclinado a pegar numa saga ( As Crónicas de Gelo e Fogo estão na moda actualmente) depressa vai encontrar outra dificuldade, assim que procurar o primeiro volume numa livraria qualquer, o preço. Se um livro individualmente, em geral não é barato, o que dizer de meia prateleira de livros? Mesmo que se procure os livros em inglês na Amazon (o que já permite poupar bastante) e de preferência num pack com vários livros, continua a ser um investimento considerável (e os packs constituem um risco,o de não gostar dos livros). Felizmente que este problema se resolve facilmente, o nosso país tem uma extensa rede de bibliotecas e em particular em Lisboa temos praticamente uma biblioteca em cada esquina. Esta rede permite o acesso a imensos livros sem qualquer custo!

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