quarta-feira, 18 de junho de 2014

Aranmanoth


Autora: Ana María Matute
Tradutor: Luís Filipe Sarmento


Opinião: É sempre agradável pegar num livro e ter uma pequena surpresa. Só conhecia este Aranmanoth pela opinião da Alice, no início do blog, e só o comprei porque o encontrei mesmo muito barato. Não tinha nenhumas expectativas em especial, e talvez por isso mesmo tenha ficado impressionado, mas a verdade é que fiquei, e muito.

O elemento fantástico é muito leve, mas claramente presente. Já a beleza da escrita é impossível de falhar. Ana María Matute guia o leitor através de uma história de amor, de sonhos, ilusões e da dura realidade do que é ser humano.

O protagonista começa por ser Orso, que ao regressar a casa encontra uma fada que comete o erro de se enamorar dele. Perdem-se nos braços um do outro e alguns anos depois, já Orso é um homem feito, Senhor de Lines, cai-lhe um filho no colo: Aranmanoth, de dupla natureza, humana e mágica, uma criança peculiar e intensa.

A partir daqui o protagonismo é partilhado entre pai e filho, enquanto se conhecem um ao outro e aprendem a lidar com a dupla natureza de Aranmanoth. As dúvidas que a autora põe na cabeça e na boca de cada um deles soam bem reais, e não é difícil criar empatia com o pai atarantado e com o filho confuso.

Tudo muda, no entanto, com a chegada da noiva de Orso, imposta pelo Conde, a quem o Senhor de Lines presta vassalagem. Não mais do que uma rapariguita, rapidamente é apelidada de Windumanoth. Orso encarrega o filho de ser o guardião da pequena e parte nas demandas do Conde.

O livro foca-se agora em Aranmanoth e na sua relação com Windumanoth, uma relação que cresce saudavelmente como se de irmãos se tratassem, pelo menos enquanto crianças. É impossível não notar na nuvem negra que parece estar à espera do momento certo para se abater sobre eles, no entanto. Enquanto crescem, Windumanoth começa a ter saudades do Sul e Aranmanoth promete que a ajuda na sua busca. As consequências são inimagináveis e culminam num final inesperado, cruel e com uma forte carga simbólica representativa dos ideais e da história que Matute contou ao longo do livro.

Sem dúvida um livro que aconselho, Aranmanoth foi uma agradável surpresa, com uma escrita muito boa e uma tradução que não me pareceu má, apesar do aspecto algo... amador da edição. Não se vão arrepender.

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