segunda-feira, 16 de junho de 2014

Avengers vs X-Men


Argumento: Brian Michael Bendis, Matt Fraction, Jason Aaron, Ed Brubaker, Jonathan Hickman
Ilustração: John Romita Jr., Olivier Coipel, Adam Kubert




Opinião: Avengers vs X-Men foi um dos eventos mais publicitados de sempre, e por bons motivos. Não é todos os dias que um dos grandes nomes da BD norte-americana confronta os seus dois maiores universos, neste caso o dos Vingadores e o dos X-Men.

A premissa mais básica é excelente: os mutantes foram devastados por uma Scarlet Witch enlouquecida, no evento House of M, e têm agora uma oportunidade de fazer renascer a sua raça, mas a forma como o querem fazer não é propriamente bem vista, de tal forma que os Vingadores se erguem e se declaram activamente contra os X-Men.

O facto de usarem a força Fénix... Bem, isso soa mais a jogada desesperada para aproveitar a (ouvi dizer) excelente saga da Dark Phoenix e atraírem novos leitores, naquele que foi um evento que antecedeu um novo mais-ou-menos-reset.

Tirando isso, no entanto, esta saga tinha tudo para funcionar. A hipótese de por uma vez assistirmos a heróis contra heróis, depois de um evento que também teve algum sucesso, a Civil War. Era interessante e prometia! Mas no entanto...

Bem, para começar, o problema aqui é a força Fénix. Ela sente-se atraída à Terra, aparentemente direccionada a uma mutante nova, a única nascida depois da matança da Scarlet Witch, convenientemente chamada Hope. Porquê? Bem, por causa de... coisas. Nunca se percebe muito bem. O papel da força Fénix acaba por ser quase acessório, embora tenha uma importância central a toda a história, e é pena, porque é uma força cósmica que a Marvel teria todo o interesse em desenvolver como deve ser.

Mas quer dizer, se ignorarmos o enredo ligeiramente aleatório e nos focamos nas cenas de pancadaria... Ok, e se ignorarmos o facto de lutarem à vez, tipo videojogo, e de não atirarem logo um Magneto para torcer o Wolverine todo, e coisas assim, óbvias, é muito porreiro de ver! E não há cá mariquices diplomáticas: "viemos fazer isto", "nós não deixamos", "Vingadores, porrada neles". Assim é que é bom!

A arte varia um pouco, entre o bom e o medíocre, mas uma coisa tenho de conceder, é que todas as cenas que envolvam a Fénix ou algum tipo de fogo estão simplesmente impecáveis, o que é uma grande mais valia. E depois há intrigas e conversas de bastidores e, como não podia deixar de ser, o Capitão América a ser um grandessíssimo atrasado mental.

Diga-se o que se disser, esta história nunca teria existido se o Capitão América e o Ciclope tivessem falado como dois adultos e tivessem tentado resolver tudo a bem para os dois lados. Mas não. Tem que ser à força, e não há hipótese de conciliação: ou fazes como eu quero, ou partimos para a violência.

Felizmente existe o Wolverine. Para além de dar sempre jeito ter um desses à mão de semear, quando se fala de violência, é uma personagem e pêras. Tem aqueles instintos animalescos mas nunca deixa de ouvir a voz da razão. Tem motivos reais, problemas reais e dúvidas humanas. É o mais animalesco dos X-Men, mas também o mais próximo de nós.

Pelo meio tudo se tornou muito mais interessante, quando a Fénix foi despedaçada e se dividiu por cinco mutantes (embora porquê aqueles cinco exactamente...). Foi surpreendente e mudou um pouco as regras do jogo. Começou-se foi a notar uma certa repetição na pancadaria, e sim, eu sei que só é possível inovar nas formas de dar porrada até um certo ponto, mas especialmente num evento tão focado nisso mesmo, e com tantos heróis por onde pegarem, podiam ter feito umas lutas bem mais interessantes.

A partir da metade as coisas avançam a um bom ritmo, há um bom desenvolvimento das personagens (go Namor!), a Fénix começa a ter intrigas contra si própria, os seus poderes só parecem aumentar e tudo parece condenado. Os Vingadores são verdadeiros ratos encurralados, e há um volume maioritariamente do ponto de vista do Homem-Aranha que é muito interessante, está uma personagem impecável, bem desenvolvida e bem trabalhada, tem um percurso bastante satisfatório, é muito engraçado e pronto, salva o dia!

Era escusado era a quantidade de, como eu carinhosamente lhes chamo, tretas místicas. Quais é que são as regras da magia neste universo? Entre o Doctor Strange, a Magik, a Scarlet Witch, o Iron Fist e companhia, a terra mística onde todos se escondem, o dragão (essa parte foi fixe) e tudo o mais, o que raio se passa aqui? Gostava de perceber, mas a verdade é que esta fase final está porreira, bem mais do que o começo.

Mesmo a chegar ao fim, a história fica muito intensa, e os argumentistas tomam umas decisões muito corajosas e que acho que funcionam muito bem, tudo a caminhar para um fim bastante satisfatório.

A opinião geral, no entanto, não é assim tão boa. Eu gostava muito de avaliar isto pela sua fase final, mas aquele começo lento e algo atabalhoado, já para não falar dos problemas de enredo e as personagens unidimensionais, impedem-me de ter gostado assim tanto. Foi uma boa leitura, é verdade, mas esperava mais, muito mais.

2 comentários:

Optimus Primal disse...

Não esquecer a Vilanização forçada de Ciclope e sua equipa x.O Cap e o seu exercito a agir como Superpolicias usa em Utopia.Eu li com tie ins e tem alguns para esquercer tipo Academia Vingadores e o retorno do Capitão Marvel do Remender que é muito bom.

Rui Bastos disse...

É verdade. Não li os tie ins, mas a actuação do Capitão América e dos Vingadores é absurda, na melhor das hipóteses. Vê-se mesmo que é uma coisa de americanos, acham-se os polícias do mundo!