sábado, 14 de junho de 2014

Balanço Feira do Livro 2014


Oficialmente a Feira do Livro só acaba amanhã, mas para mim já rendeu o que tinha a render. Fiz umas visitas bastante proveitosas, comprei, dei e recebi livros, sempre a preços estapafurdiamente baratos - só um dos livros que comprei para mim ultrapassou os 5.5€, o que, convenhamos, é ridículo.

Por entre calor (especialmente na última visita), montanhas de gente, farturas, algodão doce e gelados, as hostilidades foram iniciadas com o Forças do Mercado, de Richard Morgan, uma pechincha na banda da Saída da Emergência, sobre um mundo em que as disputas se resolvem com choques frontais de carros e que me foi aconselhado por nem mais nem menos do que o autor João Barreiros, durante o último Fórum Fantástico.

Depois encontrei dois volumes da colecção azul da Caminho, O futuro à janela do Luís Filipe Silva (que já fica a saber que lhe vou cravar um autógrafo) e Universal, limitada da Isabel Cristina Pires. Tenho boas expectativas para estes dois, especialmente para o do Luís Filipe Silva, que já lhe conheço a escrita, mas por agora vão ficar arrumados numa pilha especial cheia de autores tugas, para uma temporada temática de autores portugueses a decorrer... eventualmente.

Para minha surpresa ainda encontrei um livro que já nem me lembrava que queria: Grimpow - A última das bruxas. Comprei o primeiro volume desta saga espanhola, da autoria de Rafael Ábalos, quando era puto, e lembro-me que gostei... Tinha mistérios para o leitor resolver e tudo. É juvenil, sem dúvida, mas tem uma premissa interessante e um Ouroboros nas lombadas, portanto já cá canta.

Outra surpresa foi encontrar este Mitos e lendas da terra do dragão, de Wang Suoying e Ana Cristina Alves, um livro quase quadrado, fininho mas com boas ilustrações e repleto de mitos chineses. Quem conhecer o meu apreço por mitologia não vai ter dificuldade nenhuma em perceber esta compra.

A primeira prenda que recebi foi o massivo The decline and fall of the Roman Empire, de Edward Gibbon, um volume gigantesco e que ainda assim só contém 28 capítulos seleccionados dos 71 que compõem esta obra exaustiva, escrita no século XVIII. Gosto de história, gosto do Império Romano e gosto de livros dantescos. Dá nisto.

Um pouco como o segundo volume de Grimpow, Túneis - Mais perto da verdade, de Roderick Gordon e Brian Williams, é a continuação de uma saga que iniciei quando era mais nova, mas desta vez andei especificamente à procura dele. Tenho a perfeita noção de que esta saga é realmente boa, de tal forma que ainda me lembro de bastantes detalhes, embora já tenham passado anos e anos desde que peguei nela. Fica assim marcada para uma releitura breve!

Sobre A Mitologia dos Mouros, de Alexandre Parafita, também não tenho de dizer nada, pois não?

Aquele livro super fininho e super amarelo que está a seguir foi um prémio na roda da sorte da Presença, depois de lá comprar a saga Terramar, da Ursula K. LeGuin, para oferecer. É para aprender inglês com o Gerónimo Stilton... Traz um CD e tudo! *suspiro* Tenho que arranjar alguém a quem oferecer aquilo.

O Cantar do Cid foi uma prenda para mim próprio que simplesmente tinha de acontecer. É a epopeia espanhola mais antiga que se conhece! E só me custou 5€!! E pronto, foi a minha última compra. Ainda recebi três Argonautas (can't go wrong with those): As Linguagens de Pao, de Jack Vance; Bugs, de John Sladek e Mundo Adormecido de Gordon R. Dickson. Com estes últimos cartuchos fico com a bonita soma de 42 Argonautas, o que me deixa bastante satisfeito.

Pelo meio ainda tive tempo para duas coisas importantes e que correram muito bem. Uma foi arranjar uma prenda para o meu afilhado, aquele livro grande que está ao lado da pilha e que não é bem um livro. Quando se abre desdobra-se um castelo, cheio de pormenores, muito bem feito e ideal para brincadeiras. Havia um com um esqueleto, mas não tinha tantos pormenores, e infelizmente não havia nada com dragões nem dinossauros, mas fiquei bastante satisfeito.

A outra foi ir ter com o Filipe Faria, autor das Crónicas de Allaryia e da saga Felizes Viveram Uma Vez, e tradutor de uma data de BD's da Marvel e da DC, ter o meu O Fado da Sombra autografado:


Assim como um marcador (para o ano levo o meu d'O Fado da Sombra!!!):


E ainda deu para trocar dois dedos de conversa:


O Filipe Faria foi sempre muito simpático e acessível. Chegou inclusivamente a pedir que lhe enviasse o link da minha temporada temática com a saga dele, que já leu e comentou! É sempre fantástico ter um autor a ler as minhas críticas e os meus devaneios... No fundo a reconhecer o meu trabalho, as minhas muitas horas gastas a ler e a escrever sobre o que leio. Faço-o por gosto, é certo, mas vocês compreendem. Por isso um muito obrigado ao autor, com a promessa de que para o ano estou lá de certeza!

Como podem ver foi uma Feira e tanto. Digam o que disserem, é das minhas alturas favoritas, e continua a ser o evento para quem gosta de livros. Agora é só mentalizar-me que acabaram-se as compras durante uns tempos, e tenho é que ler!

4 comentários:

Anónimo disse...

Comprei a renovada colecção do Filipe Faria "Crónicas de Allarya" porque já é altura de me debruçar sobre a fantasia portuguesa.

Comprei o "Bom Inverno" do João Tordo - que já li e não me pareceu nada de especial.

Uma data de Códigos Anotados de Direito...

"Jesusalém" de Mia Couto - autografado pelo homem com dedicatória especial - e "Uma Viagem à Índia" do GM Tavares - também autografado- livro que já comecei a ler e de que estou a gostar bastante.

Comprei também o "Evangelho do Enforcado" do David Soares - autor de quem desconfio um pouco depois dos dois primeiros capítulos lidos( O excesso de cuidado com a linguagem torna a narrativa muito lenta na minha opinião por enquanto).
No entanto, fiquei um pouco decepcionado com a loja da Saída de Emergência. O único livro que lá havia do D Soares era este - aquele que menos queria começar por ler. Mas pronto, à falta de melhor...

A Feira do Livro é mesmo um local maravilhoso.


Já agora, compraste uns livros engraçados Rui (O da mitologia chinesa deve ser óptimo...)

Abraço

Rui Bastos disse...

Se conseguires sobreviver ao primeiro volume, garanto-te que isso melhora consideravelmente. Se gostares de vilões, vai ser difícil não ficares fã do Seltor...

Esse livro do Tordo foi o primeiro que li dele e gostei, mas também já foi há uns tempos largos. Entretanto li o "Hotel Memória" e gostei bastante.

Mia Couto nunca falha! O Nobel! O Nobel!

Gonçalo M. Tavares só me tem desiludido, ainda não lhe li nada que tenha gostado. Tenho esperanças para esse, no entanto, que sou fã dos Lusíadas e já ouvi boas críticas de quem tem a mesma opinião que eu do autor.

Já David Soares é um assunto mais delicado. Li coisas de que gostei bastante e outras de que não gostei nada. Tem um pouco de tudo. Desse em particular até gostei, mas ficou bem abaixo de "A Conspiração dos Antepassados", que te aconselho vivamente. É preciso estômago para aguentar a escrita do homem (em vários sentidos), mas esse livro ainda vem de uma fase em que ele não abusava demasiado. Se pegares em coisas mais recentes é o descalabro total...

A banca da Saída de Emergência era 1/3 softporn para adolescentes e donas de casa, 1/3 livros de auto-ajuda e 1/6 de pechinchas que já não conseguem vender a preços normais (incluindo "A Conspiração dos Antepassados", quando lá passei) e 1/6 de fantasia...

Não podia estar mais de acordo contigo quanto à Feira! E obrigado, esse da mitologia chinesa é pequeno, sou capaz de o ler todo durante as férias :)

Abraço!

Anónimo disse...

Vamos lá ver, o "Bom Inverno" é um livro que não é mau. Todavia, não tem um clímax poderoso, não tem uma morte chocante, não tem uma salvação e redenção memorável do protagonista nem nada de muito memorável para dizer a verdade.

Aquilo que gosto no GM Tavares foi provavelmente aquilo que faltou ao "Bom Inverno", uma boa ideia.

Um escritor hipocondríaco que gosta de andar de bengala é, assumidamente, uma versão do Dr. House do João Tordo. Não tem muita originalidade sequer, o que é uma pena porque estava à espera de mais deste autor.

"A Viagem à Indía" é no mesmo estilo dos livros do Reino, com uma formatura semelhante ao d'Os Lusíadas mas sem sequer se aproximar da maior obra portuguesa já escrita (É de relembrar que o Camões levou uma vida inteira para escrever esta epopeia... por alguma coisa foi...)

Rui Bastos disse...

Concordo contigo, mas também já não me lembro muito bem dos pormenores desse livro (está marcado para re-leitura). E já ouvi a história sobre a génese desse livro da boca do próprio autor, e ganha toda uma nova dimensão... Embora devesse valer o suficiente por si só.

O "Viagem à ìndia" logo vejo...