sexta-feira, 20 de junho de 2014

Os Vingadores #5

Argumento: Jonathan Hickman
Arte: Dustin Weaver e Justin Ponsor
Tradução: José H. de Freitas e Filipe Faria

Opinião: A vertente de ficção científica cósmica do Universo Marvel continua a predominar nesta BD. O que não é mau de todo, aliás, é até bastante interessante... a maior parte do tempo.

Acho que o argumento não está a conseguir aproveitar completamente o potencial da premissa, perdendo-se em sequências como a que abre este número, meia dúzia de páginas de uma personagem nova, num cenário novo, com uma data de nomes novos e sem que nada pareça ter relação com a história central.

Pior ainda tendo em conta que esta versão portuguesa da revista alberga duas continuidades diferentes, a dos Vingadores e a dos Novos Vingadores, ou Illuminati. Sim, são paralelas e bastante interdependentes, mas não deixam de ser, ao fim e ao cabo, duas histórias diferentes.

No meio disso tudo, uma sequência de abertura como a deste número cai mal. A sensação que tenho é a de estar a ver uma imagem e a diminuir o zoom com cada número. No primeiro estava com o máximo de zoom possível, no segundo diminuiu, no terceiro mudou de sítio, no quarto diminui o zoom e no quinto mudou novamente para o sítio original, mas ainda diminui o zoom.

A história cresce e cresce e cresce, camada atrás de camada, sem se firmar definitivamente numa linha de acção que o leitor possa seguir com calma e atenção. Em vez disso há personagens a ser introduzidas em todos os números, novos cenários, novas situações sem que as anteriores estejam resolvidas... E a história a avançar a passo de caracol.

Agora, descontando isso, e tendo em conta que sou um leitor bastante habituado a ficção científica e enredos relativamente complexos, estou a gostar do caminho que a história está (acho eu) a seguir. As forças cósmicas em combate são definitivamente mais poderosas do que que aquelas com que os Vingadores estão habituados a lidar. Afinal, não é todos os dias que vemos o Hulk a ser atirado para a estratosfera.

Este factor, só por si, muda completamente a dinâmica do grupo. Por mais que tentem, precisam de estar à defesa e depender uns dos outros mais do que em qualquer outra situação, trazendo assim ao de cima a razão de ser deste grupo: enfrentar ameaças demasiado poderosas para qualquer um deles sozinho.

E a verdade é que acabam por ter uma dinâmica que funciona muito bem. É preciso dar valor ao argumento (e à arte, também!) neste ponto. Ver o Hulk a ser atirado da estratosfera por uma tipa que lhe lança exactamente o mesmo sorriso ligeiramente maníaco que ele tem é qualquer coisa de especial.

No fim acabou por ser um número interessante, ainda que recheada daquelas pequenas falhas que já mencionei. Tenho alguma esperança que Hickman consiga ainda pegar na história como deve ser e guiá-la por caminhos cada vez mais interessantes, explorando bem as premissas que já tem lançadas, em vez de criar e apresentar novas em cada passo. Vamos ver se é isso que acontece!

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