sábado, 4 de abril de 2015

Colecção "Universo Marvel"


As minhas expectativas para esta colecção eram medianas. Era a primeira vez que ia fazer uma colecção de BD deste género do princípio ao fim, o que me deixou ansioso. Muitos dos títulos agradavam-me bastante, o que me deixou mais ansioso. Mas conheço bem a tendência da Marvel para, digamos, exagerar e publicar algumas coisas com um padrão de qualidade bem reduzido.

Mas achei que valia a pena. Capa dura, com a qualidade da Levoir, que nos últimos anos tem apresentado colecção atrás de colecção de forma impecável, e pelo menos algumas histórias que já sabia que não me iam desapontar.

O que aconteceu foi curioso. Se por um lado aconteceu aquilo que eu esperava - dar de caras com livros francamente abaixo de medianos - por outro também tive algumas surpresas bastante agradáveis.

Por exemplo, gostei bastante dos dois primeiros livros, com a história do Soldado do Inverno, que originou o mais recente filme do Capitão América. Não sendo fã da personagem (aquele patriotismo e virtuosismo todo faz-me comichões), fiquei honestamente surpreendido com a qualidade da história e da forma como está construída.

A Última Caçada de Kraven também se revelou um dos melhores, embora eu esse já esperasse, que só via muito boas críticas por todo o lado. O Marvels, por outro lado, tinha-me deixado ligeiramente mais duvidoso, apesar de também ter visto críticas fantásticas. A premissa interessava-me, mas não a estava a ver a funcionar. E no entanto tive que me render: é um livro fenomenal.

Dias de um Futuro Esquecido teve a sorte de ser praticamente uma história da minha infância, da qual sempre gostei, e que envelheceu muito bem. Mas nunca tinha ouvido falar de Triunfo e Tormento, e gostei. A capa deu-me logo a indicação de que aquilo era obra do Mignola, e que portanto havia de sair qualquer coisa interessante...

Depois tanto os Contos de Fadas Marvel e Mulheres da Marvel me agradaram, ainda que não como um todo. A ideia do primeiro é para lá de genial, e a execução da maior parte das histórias é perfeita, mas há outras que deixam a desejar. Com o segundo passa-se algo parecido, só que desta vez nenhuma das histórias me agradou por aí além: foi mesmo o facto de ver a arte de Milo Manara num contexto diferente (e ainda assim tão igual), bem a fantástica arte portuguesa que por lá anda, que me agradou.

O pico provavelmente chegou com Hulk: Cinzento, este sim uma verdadeira surpresa. Não sabia nada sobre o livro, a personagem de que estava à espera não me fascinava por aí além, e não vi nenhuma crítica relevante. Mas foi sem dúvida a melhor leitura desta colecção, uma autêntica obra-prima que consegue contar uma história altamente expressiva do Hulk, uma personagem normalmente representada com pouca expressividade. E o mais incrível é que a história ficou bem contada, cativante, e acompanhada de uma arte verdadeiramente impressionante.

Estes livros de que falei deixaram-me a pensar que a Marvel, quando se esforça, consegue produzir coisas muito, muito, mas muito boas. É uma pena que por cada Hulk: Cinzento existam uns dez Invasão Secreta, ou Vingadores para Sempre. Mas já não é mau.

Portanto, se tinha algum receio de me arrepender do dinheiro gasto, isso não aconteceu. Aliás, até me motivou a coleccionar os livros anteriores e próximos que possam surgir. São baratos (para BD de capa dura que até em inglês em capa mole fica bem mais cara), de boa qualidade, uma excelente forma de ficar a conhecer muitas coisas do Universo Marvel, e ainda por cima ficam bem nas estantes.

Raios vos partam Marvel. Raios vos partam Levoir. E obrigado.

Podem ver as opiniões todas aqui no blog:

Sem comentários: