segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Bones [T01]



Com o aparecimento do CSI, deu-se início a uma revolução. Os inevitáveis spin-offs, cópias e outras séries com o mesmo estilo policial-mas-nos-bastidores não demoraram a surgir. Algumas tornaram-se coisas verdadeiramente interessantes e com qualidade (NCIS e Criminal Minds, que eu conheça e me lembre assim de repente), e outras nem por isso.

No entanto acho que nenhuma teve uma premissa tão arrojada como Bones: um agente do FBI junta-se a uma antropóloga forense e à sua equipa, para juntos resolverem os mais variados crimes. E mais ainda, pois se CSI sempre foi muito focada nos crimes em si, NCIS sempre quis mais ver as personagens a interagirem, e Criminal Minds usa os crimes violentos para explorar a condição humana, Bones preocupa-se muito mais com as emoções e o desenvolvimento das personagens principais do que com tudo isso.

Basta olhar para o duo de protagonistas: Booth, o agente do FBI, é o coração do programa desde logo, uma personagem emotiva com quem é fácil de simpatizar; Brennan, a antropóloga forense, por outro lado, é fria, distante e com uma personalidade muito mais racional.

O contraste não podia ser maior. É claro que para a série funcionar, ambas as personagens partilham o peso emotivo, e ambos os actores fazem um óptimo trabalho, especialmente David Boreanaz, que parece que nasceu para o papel de Booth. Brennan é, na realidade, tão emotiva como Booth, apenas lida com isso de forma diferente. Se Booth vive com o coração nas mãos, Brennan tem-o enterrado bem lá no fundo.

Infelizmente, sendo esta a primeira temporada, ainda teve vários episódios mais fracos e menos confiantes, como se os argumentistas ainda não tivessem a certeza do que fazer com estas personagens. Ainda por cima todas ganham muito claramente uma vida própria nas mãos dos actores, que são completamente irrepreensíveis e encarnam cada personagem com uma naturalidade impressionante.

Isto significa que a temporada é bem porreira: foi lentamente criando aquilo que é mais interessante na série, as histórias mais gerais e mais envolventes, quer em termos de personagens quer em termos de pura abrangência daquilo que estamos a ver. Sim, Bones é maioritariamente uma série de crime-por-episódio, mas brilha realmente quando aproveita esses pequenos mistérios para desenvolver as personagens e as histórias transversais a todas elas.

Nada melhor do que mostrar que estas personagens são reais. Têm problemas que os afectam directamente. Mistérios próprios, quer sejam a família rica de Hodgins, a família numerosa e religiosa de Zack, o mais ou menos namorado de Angela (assim como as suas inclinações lésbicas), a vida amorosa de Brennan e os seus pais misteriosos, ou aquilo que Booth passou na guerra.

O último episódio é o catalisador perfeito, com a descoberta dos ossos da mãe de Brennan e uma chamada final do seu pai, a avisá-la para não o procurarem. Bom, muito bom! É pena que para isto tenha sido preciso sofrer uma série de episódios deploráveis e aborrecidos com que a temporada de vez em quando se lembrava de nos brindar, mas pelo menos fiquei interessado em continuar, o que é muito bom sinal!


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