segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Matar é Fácil


Autora: Agatha Christie
Tradutor: Carlos Afonso Lobo


Opinião: Livro interessante, embora sem Poirot nem Miss Marple. Prefiro, de longe, as histórias que envolvam essas personagens, mas tenho confiança suficiente nesta autora para ler o que quer que seja que tenha o nome dela por baixo.

O investigador principal desta história é que deixa um pouco a deixar. Luke Fitzwilliam, reformado, parece-me apenas relativamente competente, mais interessado em enamorar-se da rapariga de quem está a fingir ser primo (pormenores) do que outra coisa. De resto, todas as pessoas da localidade onde os crimes acontecem são super estranhas e potenciais assassinos, o que é peculiar. Normalmente Agatha Christie consegue fazer cair suspeitas sobre praticamente todas as personagens existentes, mas não me lembro de lhe ler uma história com tantas personagens esquisitóides.

Desde um vendedor de antiguidades que se mete em rituais de magia negra, a um militar reformado que gosta mais dos seus três cães do que de outra coisa coisa/pessoa qualquer, passando por toda uma série de personagens inacreditavelmente, e citando a malta da Rádio Comercial, chalupas!

O principal suspeito, tão suspeito que até convence o investigadorzeco, é uma pessoa execrável, tão cheia de si mesma que dói. E depois, plot twist... Digamos que é óbvio, o que acontece.

Essa reviravolta topou-se um bocadinho antes do fim, é certo, mas a coisa até está bem construída. Só tenho pena que o amor entre Bridget e Luke seja tão forte e tão repentino, e que não haja um verdadeiro seguimento do resto das personagens, todas elas estranhas, mas interessante. Estão em foco enquanto são suspeitos, ou enquanto é preciso fazer-lhes perguntas, mas depois desaparecem de cena e nunca mais voltam nem se sabe nada deles.

No fim fica uma história que entretém, com uma resolução satisfatória, mas que tem pouco de história de detectives. A personagem principal, que está a investigar o caso, não descobre lá muita coisa. Limita-se a andar ao sabor das descobertas que vão sendo feitas de uma forma geral, e nem sequer faz nada de particularmente relevante, para além de roubar uma noiva e de chamar as autoridades a sério, quando o caso se complica.

Mas Agatha Christie é sempre agradável de ler, e nesse ponto o livro não fica muito atrás do que seria de esperar.

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