segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O Dragão de Sua Majestade (Téméraire #1)


Autora: Naomi Novik
Tradutor: Afonso Arouca


Opinião: Um excelente livro, do qual gostei muito mais do que aquilo que estava a contar. O meu conhecimento deste livro resumia-se basicamente à premissa: "guerras napoleónicas, mas com dragões". Digamos que não é preciso muito mais para me cativar, ou a qualquer pessoa com o mínimo de juízo.

As críticas que fui descobrindo eram boas, e tive a sorte de apanhar os livros em promoções que me permitiram comprar os três já publicados em Portugal, por uma autêntica ninharia. Ficaram arrumados na estante, como muitos outros, simplesmente à espera da melhor altura para serem lidos.

Como tal, as minhas expectativas não eram nada de especial. Não sabia mesmo o que esperar. Podia ser um enorme flop, algo espectacular, qualquer coisa ali pelo meio... Podia focar-se nos dragões e passar-se num universo demasiado alternativo, ou podia ser um romance histórico fiel, com algumas aparições de dragões aqui e ali.

Nada me preparou para a realidade. Não é uma obra-prima, mas é um bom livro. Os dragões são interessantes, a história é cativante, o enredo não é nada pesado e não se esforça demasiado para contar uma grande demanda. É simplesmente uma introdução quase perfeita ao universo em questão, mas que tem relevância como livro independente, e que simplesmente funciona bem.

Seguimos as desventuras de Will Laurence, um destemido oficial da Marinha britânica, empenhado em trucidar tudo o que lhe apareça à frente com um sotaque francês. A vida corre-lhe bem até ao momento em que captura um ovo de dragão num navio francês, prestes a eclodir, e sem tempo de chegarem a terra e de o entregarem a alguém competente. Conclusão: alguém vai ter de sacrificar o seu papel na Marinha para que o dragão em causa seja domesticado e se torne numa mais valia para a Inglaterra.

Acho que já estão a adivinhar que o desgraçado que se torna aviador é o próprio Laurence, que tem assim de abandonar a capitania do seu navio para treinar e combater ao lado de Téméraire, o nome que dá ao dragão.

Em termos de história, digamos, relevante, é isto. O cerne do enredo é isto, e a partir daqui torna-se tudo bastante linear e "simples": acompanhamos o treino, algumas batalhas, alguns problemas de um homem da Marinha se ir infiltrar na Força Aérea, algumas descobertas relativamente ao comportamento dos dragões e do Téméraire em particular, que se revela como um raro dragão chinês, etc. etc. etc...

As personagens são interessantes e a awkwardness britânica formal funciona bem. O mais espantoso é a forma como a autora consegue disparar em várias direcções, ao contar uma história de dragões, de história alternativa, com crítica aos estratos sociais (nobreza, povo, Marinha, Força Área), ao papel das mulheres e tudo aquilo em que conseguiu deitar a mão.

Felizmente as batalhas estão bem descritas, embora merecessem mais uns toques. Cada dragão tem uma personalidade própria e interessante (palmas para Téméraire, como é óbvio, mas também para Levitas, o desgraçado do dragão do desprezível Rankin), e tudo converge para um final agradável, que vira algumas expectativas do avesso e deixa muita coisa em aberto passível de ser explorado em livros futuros, mas sem nunca deixar nada demasiado pendurado.

Fico à espera de ler mais, sem dúvida, e já não devo demorar muito a pegar no segundo!

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