quarta-feira, 13 de agosto de 2014

The Fellowship of the Ring [2/2] (The Lord of the Rings #1)




Autor: J.R.R.Tolkien

Sinopse

The Fellowship of the Ring [1/2]

Opinião: Não há uma forma fácil de ler Tolkien. Esqueçam as noites passadas em claro, as duzentas páginas de uma assentada, as releituras imediatas, esqueçam isso tudo. Com todas as suas virtudes e todos os seus defeitos, Tolkien é para ler com calma.

Nem digo que seja para assimilar a complexidade do enredo - que é praticamente zero - mas sim a complexidade da universo criado. Nada é deixado ao acaso: raças, lugares, mitologia, história, nomes, línguas, política, tudo está detalhado na mente do autor. Isto leva a que mesmo não mencionando a maior parte das coisas de forma directa, o leitor as consiga apreender.

É claro que com um livro inteiro já despachado se consegue perceber a principal falha-que-não-é-bem-uma-falha. Quase tudo é simbólico de uma forma demasiado óbvia, e há bons e maus e acabou.

O simbolismo é gritante, as raças têm todas aspectos de acordo com as suas personalidades e particularidades colectivas, e se algum se destaca é diferente de alguma forma. Depois os feios são maus e os bonitos são bons. O exemplo normalmente apontado são os orcs e os elfos, mas eu acho que basta falar de Galadriel e Gandalf, a beleza única de uma e o ar de avôzinho simpático de outro completamente contrabalançados pelo ar temível que ambos tomam nos seus momentos mais negros. A ideia é fácil e metida a martelo: feio = mau, bonito = bom.

Falando de outras coisas, é nesta segunda metade que conhecemos Rivendell e se forma a Irmandade do Anel, interessante por um motivo de que nunca me tinha lembrado: é um curioso exemplo de uma sociedade utópica.

Eu sei, eu sei, quando se começam a fazer este tipo de comparações é porque já se está a ler mais do que aquilo que o autor escreveu, mas isto saltou-me à vista. Gandalf, sem dúvida o elemento mais poderoso, é único, assim como Legolas e Gimli, pertencentes a raças que os elevam de alguma forma em relação aos Humanos, Aragorn e Boromir, e aos Hobbits, Frodo, Sam, Merry e Pippin. Quanto mais "fracos", mais bem representados estão!

Mas agora é que as coisas começam a ficar interessantes. Gandalf é demasiado poderoso! Então fica para trás. A distribuição de poder/números fica mais equilibrada. Mas Frodo não é um Hobbit normal... Então separa-se do grupo, juntamente com Sam.

E é exactamente neste momento, quando a Irmandade se fragmenta desta forma, que a união das raças se verifica em pleno. Ou melhor, ligeiramente mais à frente, já dentro do segundo livro, mas pronto. Quando se formou, em Rivendell, rodeados de beleza e um sentimento de segurança, o que os movia era um sentido de dever e as suas próprias missões pessoais. Mas agora? Querem mais união do que isto? As grandes raças de Middle-Earth, mais do que unidas, ligadas. São uma família! Ligeiramente disfuncional, é certo, mas não são todas?

Todo o percurso é fascinante, as descrições dos cenários são assombrosas, e a atenção ao detalhe é enorme. O que me esta a agradar mais na escrita é que embora o enredo tenha um ritmo relativamente lento, a narrativa nunca se arrasta. As descrições tem o seu quê de exaustivo, os diálogos são longos e repletos de salamaleques, mas o ritmo da escrita é rápido.

O truque é que nunca aborrece. Cada frase revela alguma coisa, um pormenor do enredo, um pormenor de uma personagem ou um pormenor do sítio onde se encontram, mas tudo é importante.

Engraçado é ver que, tecnicamente, a Irmandade só existe em metade do livro, e que o último capítulo se chama exactamente The Breaking of the Fellowship! Para além de abrir várias possibilidades para o futuro da trilogia, dá um excelente final a este primeiro tomo, que me deixou a salivar por mais!

Só que lá está. É preciso ter calma. Tive que ler qualquer coisa no intervalo, porque preciso de assimilar bem o que acabei de ler. Mas agora já estou entretido com The Two Towers, e o fascínio não diminuiu, portanto continuem a acompanhar e, se possível, leiam também!

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